quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

«Poema para Manuel»

 


E cinquenta anos, um mês e 16 dias depois a vida em conjunto continua e o amor também.

E já não acredito que fosse «por acaso»

Foi antes o Destino, que estava escrito «là-haut, dans le grand rouleau»(Diderot).


Poema para Manuel

 

Encontrei-te, assim, por acaso

Na mesa dum café, simplesmente

Nos intervalos da revolução.

Lias os teus livros, solitário

Fazias análises e comentários

Com minúsculos caracteres

Nas margens da vida.

 

Olhámo-nos e amámo-nos

Para todo o sempre

Dissemos com paixão

E tudo se passou assim, simplesmente,

Nós sedentos de amor,

Nós sós no infinito

Falávamos de tudo, de filosofia

De livros , de poesia

Íamos ao cinema todo o dia...

 

A VIDA enfim para nós sorria

Tudo era um sonho

Imaginávamos um outro mundo

Só tinhamos amor para dar

Não possuíamos nada

Mas nada nos faltava

Tu eras o meu porto de abrigo

Eu, o teu barco de salvação...

 

 Hoje, o mundo já não é nosso

Tudo mudou

Mas nós continuamos a caminhar

À procura de tempo para amar

Como antigamente.


Maria Isabel

 

                                                           26/7/96

 




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