sábado, 31 de outubro de 2020

«Tocata» de Mário Cesariny




Mário Cesariny de Vasconcelos (Lisboa9 de Agosto de 1923 — Lisboa26 de Novembro de 2006) foi poeta e pintor, considerado o principal representante do surrealismo português.



https://www.facebook.com/watch/?v=2522007271153090


"Tocata" de Mário Cesariny, por Maria João Luís

"Tocata", de Mário Cesariny, lido por Maria João Luis, na última edição de Em Voz Alta, os nossos Poetas, pelos Artistas Unidos, iniciativa conjunta entre a Fundação Dom Luís I e a companhia de teatro Artistas Unidos.




quando tu tocas Debussy
chove extraordinariamente
o sol as casas levemente doira
mas na saleta está-se bem
fazes sempre assim!

por mim
sinto um duende benigno que sorri
não bem de ti!
nada de Debussy!
mas do igual da hora
de sempre chover
de estar sempre frio lá fora
quando tu tocas Debussy

Manual de Prestidigitação (1981), Assírio & Alvim 



quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Novo vocabulário essencial da Língua Portuguesa

 

Desde Março deste ano, portanto há quase 8 meses, que os nossos ouvidos começaram a ser bombardeados com palavras que nem conhecíamos nem sabíamos o seu significado: coronavírus (era um vírus certamente), pandemia (era uma doença espalhada pelo mundo todo), começou numa província da China de que nunca tínhamos ouvido falar, uns diziam que era com álcool que devíamos lavar as mãos, outros com vinagre, enfim, a confusão estava instalada e as informações eram poucas e de pouco valor científico. Matava, era o que interessava. E temos feito tudo para escapar desse maldito vírus, mesmo andar de máscara na rua, o que se tornou obrigatório desde ontem.

Mesmo assim, os infetados estão a aumentar em ritmo assustador, os mortos também, em todos os países da Europa, onde se decretaram novas medidas e confinamento parcial. Em Portugal também.

Aqui vai uma lista das palavras mais ouvidas e lidas, que decidi fazer

por curiosidade, nestes últimos meses:


Novo vocabulário essencial da Língua Portuguesa:

pandemia
coronavírus
covid 19
números de casos
estatísticas
recolher obrigatório
surto
confinamento
desconfinamento
infeções
infectados
hospitais
ministra da saúde
direção geral de saúde
máscaras
centros de saúde
vítimas
mortos
recuperados
médicos
profissionais de saúde
exaustos
recorde (mal usado neste contexto)
medo
cuidados intensivos
camas
2ª vaga

Etc,etc

Podem continuar, pois devem faltar ainda algumas, e outras iremos passar a ouvir a partir de agora, infelizmente.


domingo, 25 de outubro de 2020

Outono, castanhas e folhas

 


As paisagens de Outono são particularmente bonitas, com as árvores a ficarem amarelas, depois vermelhas e depois sem folhas nenhumas, podendo nós pisá-las ou apanhá-las para as observar melhor.



Essas folhas secas vão proporcionar novos habitats para vários pequenos seres. Só precisamos de ter cuidado para não escorregar nelas, eu já o fiz e fiquei com os joelhos magoados.

A partir de hoje, com a mudança da hora (só nos faltava mais esta) os dias ficam mais curtos e as noites mais longas, dá-se início a uma série de processos bioquímicos nas folhas que culminam com a mudança gradual das cores.

E comem-se castanhas assadas!! Ou cozidas, mas, por mim, prefiro as assadas. Nos assadores dos vendedores na rua, já agora.



quinta-feira, 22 de outubro de 2020

«Em todos os jardins» de Sophia de Mello Breyner Andresen



Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu no Porto a 6 de novembro de 1919 e morreu em Lisboa, no dia 2 de julho de 2004.
Podem ver acima o itinerário dos lugares mais importantes na vida de Sophia, bem como informações sobra a sua vida.


EM TODOS OS JARDINS

Em todos os jardins hei-de florir,
Em todos beberei a lua cheia,
Quando enfim no meu fim eu possuir
Todas as praias onde o mar ondeia.


Um dia serei eu o mar e a areia,
A tudo quanto existe me hei-de unir,
E o meu sangue arrasta em cada veia
Esse abraço que um dia se há-de abrir.

Então receberei no meu desejo
Todo o fogo que habita na floresta
Conhecido por mim como num beijo.


Então serei o ritmo das paisagens,
A secreta abundância dessa festa
Que eu via prometida nas imagens.



Sophia de Mello Breyner Andresen



terça-feira, 13 de outubro de 2020

«Diário de um jovem naturalista» de Dara McAnulty,

Transcrição do artigo de Helena Geraldes, publicado na revista Wilder sobre este jovem irlandês, que não obstante o seu problema de autismo, escreveu um livro impressionante sobre a natureza.


Dara McAnulty, 16 anos, vence prémio britânico de escrita de natureza

 

Diary of a Young Naturalist venceu o Wainwright Prize 2020, prémio de escrita de natureza. Júri pede para o livro ser integrado na lista de livros aconselhados para as escolas britânicas.

Celebrando o legado do escritor naturalista britânico Alfred Wainwright, este prémio, que vai já na sétima edição, reflecte os seus valores, nomeadamente o inspirar as pessoas para explorar a natureza e promover o respeito e admiração pelo mundo natural.

A oito de Setembro foram revelados os vencedores da edição de 2020, numa cerimónia realizada online por causa do Covid-19.

Dara McAnulty, naturalista irlandês, venceu na categoria de escritores britânicos, com o livro Diary of a Young Naturalist, e Benedict Macdonald na categoria de Conservação Mundial, com a obra Rebirding – Restoring Britain’s Wildlife.

Diary of a Young Naturalist narra o dia-a-dia de Dara McAnulty que tinha, então, 15 anos. “O livro de Dara é um retrato extraordinário da sua intensa ligação ao mundo natural, ao mesmo tempo que é a sua perspectiva enquanto adolescente autista dos exames na escola e das amizades”, segundo um comunicado oficial.

Ao longo de um ano e a partir da sua região na Irlanda do Norte, Dara passou as quatro estações a escrever.

“Fui diagnosticado com Asperger/autismo quando tinha cinco anos… Aos sete anos sabia que era muito diferente. Acostumei-me ao isolamento. A minha incapacidade de me ligar ao mundo falando de futebol ou de Minecraft não era tolerada. Depois veio o bullying. A natureza tornou-se muito mais do que um escape; tornou-se um sistema de suporte de vida”, disse Dara McAnulty, em comunicado.

The Diary of a Young Naturalist é um livro de natureza significativo, ainda mais porque é o primeiro livro de Dara McAnulty, escrito quando ele ainda tinha 15 anos”, comentou Julia Bradbury, presidente do júri e apresentadora de televisão.

Este é um “maravilhoso diário que se encaixa nas aventuras de Dara e nas suas experiências familiares mas, principalmente, é moldado pela natureza que nos rodeia a todos”, acrescentou Julia Bradbury.

“Os membros do júri ficaram estupefactos ao ler o livro e gostariam de pedir para que fosse imediatamente integrado na lista nacional de livros escolares. Tal é o poder do livro para incentivar à acção para a situação de emergência que enfrentamos.”

Mike Parker ganhou uma menção honrosa nesta categoria com o livro On the Red Hill.

Este ano, na sua sétima edição, os prémios Wainwright passaram a ter uma segunda categoria, dedicada à Conservação Mundial e às alterações climáticas.

O grande vencedor foi Rebirding, de Benedict MacDonald. “Considerado “visionário” tanto por conservacionistas como por gestores de terrenos em zonas rurais, Rebirding é um manifesto pela recuperação da vida selvagem de Inglaterra, apostando num rewilding das suas espécies e na recuperação de postos de trabalho rurais. Para benefício de todos”, segundo o comunicado oficial.

“Rebirding é um livro sobre questões complexas e contenciosas”, comentou Charlotte Smith, presidente do júri para a categoria Conservação Mundial. “Leva em conta as necessidades das aves, como seria de esperar, mas também do futuro das comunidades rurais de uma forma interessante e envolvente.”

Irreplaceable, de Julian Hoffman, foi distinguido com uma menção honrosa nesta categoria.

O vencedor do ano passado foi Underland, de Robert Macfarlane.

Os vencedores desta edição recebem um prémio de 5.000 libras (cerca de 7.000 euros).

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Avenida da República

toponimialisboa.wordpress.com%2F2016%2F07%2F06%2Fa-avenida-da-republica-e-o-palacete-valmor



Hoje comemora-se a implantação da República no nosso país, há precisamente 110 anos.

A propósito desta data, encontrei um vídeo de grande interesse que mostra imagens sobre esse facto e sobre a evolução do que hoje se chama a Avenida da República.

É um site da Câmara Municipal de Lisboa, que se chama Toponímia de Lisboa, onde se pode saber informações sobre as ruas de Lisboa. 




sexta-feira, 2 de outubro de 2020

«Outubro» de Isabel del Toro Gomes

 


Outubro

Chegou outubro

De mansinho,

Pé ante pé

Como que a fingir

Que ainda é verão

Que ainda é tempo

De aproveitar o sol e a vida

Que temos à mão.