António José Souto Marques nasceu em Angeja, Albergaria-a-Velha em 1961, é Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas e pós-graduado em Teoria e Criação Literária. Entre outras funções, foi professor em França, leccionando neste momento em Lisboa. É autor de Arcanas Carícias, Na Lavra do Dizer e Caprichos, colaborou em várias publicações e publicou em Setembro deste ano O Tempo das Palavras, livro de poemas, em parceria com outro poeta, Armindo S.
A poesia de António Souto reflecte as suas vivências, as suas emoções, os seus pensamentos através de palavras vivas, que têm o poder de nos atrair e de nos contagiar. É uma poesia que nos transmite de uma forma simples e verdadeira os mistérios da vida, a magia do quotidiano, como o poema que vou transcrever aqui, dedicado às suas filhas, de que gostei especialmente:
Para a Mariana e Margarida
Nasceu o sol de madrugada só para mim
ia alta a noite e o vento cirandava
grávido de dor e cor em frenesim
que o desejo da espera revelava
pouco a pouco o contorno se acentua
aconchego de capricho que se tem
resplendor de beleza inocente e nua
com rosto e nome agora que convém
saber-vos assim florindo ao ritmo dos dias
cercadas de mimos, requebros, fantasias
cuidando que o mundo é todo vosso
e nestes versos celebrar-vos a vida
a sorte oculta que sabeis comedida
no vingar de um sonho agora nosso.
António Souto, in O Tempo das Palavras