40 anos dos cravos de abril
Hoje, comemoram-se os 40 anos do 25 de abril.
Este ano tudo se torna muito mais dramático e constrangedor, pois os portugueses estão mergulhados numa profunda crise financeira, ditada pelas forças mundiais do capitalismo e pela actual União Europeia, que as defendem e as promovem, baixando os salários e aumentando os impostos das classes trabalhadoras em geral e da classe média em particular.
Por isso, as preocupações dos portugueses são mais que muitas quanto ao seu futuro e dos seus filhos, e pouca a energia para festejar ou comemorar alegremente este dia da libertação do fascismo, como em muitos outros anos anteriores.
O que é bizarro, ou talvez não, é que também eu comemoro 40 anos de conhecimento mútuo e de convívio diário com o colega de curso que se tornaria o marido e companheiro de todos os dias. Foi uns dias depois deste memorável dia de abril de 1974 que nos conhecemos a sério, pois só nos conhecíamos de vista até aí.
As aulas na Faculdade de Letras foram então interrompidas, como em todos os estabelecimentos de ensino do país, seguindo-se meses de euforia, confusão, de farniente e de tardes passadas em cafés, esplanadas ou no Itau de Entrecampos, como foi o nosso caso. As minhas amigas e eu numa mesa, ele noutra ao pé.
Começámos a ver-nos e a encontrarmo-nos por ali, no mesmo sítio, até que metemos conversa e tudo se desenrolou como estava escrito là haut. Era o nosso destino! Ou alguns pós mágicos que nos caíram em cima, lançados por algum Cupido desenvergonhado!
Nessa altura éramos jovens, pois éramos, apenas 19
anos e uma enorme vontade de liberdade, de falar uns com os outros, de nos ajudarmos, de nos
apaixonarmos. Foi amor à 1º vista, nessa altura, tiro e queda. Tudo o
propiciava. Foi bonito. Casámos passados 6 meses, começámos a viver juntos até
hoje em Novembro de 1974.
Por isso, a comemoração desta data é para mim tão
especial. Foi com ela e através dela que se iniciou a minha vida de adulta.
Tantas recordações, tanta coisa nova que
experimentei, tanta coisa que aconteceu.
Éramos
jovens, a malta era jovem, pois era!!
E Isso nunca mais vai acontecer, tenho a certeza.
Mesmo tendo nascido uma flor nova em Portugal, o cravo vermelho, como diz
Geoges Moustaki no seu fado tropical.