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segunda-feira, 19 de julho de 2010

António José da Silva ( O Judeu)


Quando lia a «História de Portugal» de Oliveira Martins, no capítulo dedicado a D. João V, que o autor descreve como balofo e carola, mestre em liturgia, o rei-sol cá do burgo, com a mania das grandezas (veja-se o Convento de Mafra com o seu sino de 800 arrobas,por exemplo), um perdulário, entre muitos outros epítetos bem ao género deste historiador, deparei com a seguinte frase:
«O inchado Salomão de Mafra, o lúbrico devoto de Odivelas, o vencedor da batalha das freiras foi o que mandou queimar António José, por este se atrever a chamar-lhe Grande Governador da Ilha dos Lagartos.»
Claro que o autor se refere a D. João V e este António José é o autor dos autos que nessa época eram representados com grande êxito na Ópera do Bairro Alto. Por nostalgia e curiosidade, peguei nas Obras Completas  de António José da Silva, que estudei na Faculdade de Letras nos gloriosos anos setenta, e reli «Anfitrião ou Júpiter e Alcmena», de que já não me lembrava nada, claro! Foi uma leitura divertida e amarga, ao mesmo tempo, por motivos vários. Ao mesmo tempo que o texto me fazia rir com as permanentes trapalhadas ao gosto da época, ressaltava dele  o facto dramático de um autor tão promissor para a História do Teatro e da Literatura em Portugal poder ser queimado numa fogueira, por motivos políticos, religiosos ou simplesmente por não agradar a um rei. Não devia ter acontecido, não só por ser um atentado à vida humana, um acto infame, mas por ter ficado o nosso teatro sem um autor aos trinta e tal anos. 
Se quisermos, nos seus autos podemos encontrar imensas referências ao estado da nação e das «leis» que regiam os tempos em que o Judeu teve a infelicidade de viver. Saliento apenas esta:
Tirésias: «Dos ânimos e afectos interiores, só os deuses supremos são os juízes; que nós, os ministros da terra, sentenciamos pelo que vemos exteriormente...