No dia do adeus a Saramago, terminei finalmente a obra de outro prémio Nobel, «Cem anos de solidão», de Gabriel García Márquez, seis anos mais novo que Saramago. 421 páginas para mim é muito, e se consegui chegar ao fim é sinal que o livro me interessou, não obstante a sua estrutura em círculo ou em espiral que nunca mais acaba. Mas Gabriel García Márquez é na realidade um grande escritor, cujo realismo me interessa mais do que o seu Realismo Fantástico. Ao escrever a história da Família Buendía como «...uma engrenagem de repetições irreparáveis, uma roda giratória que teria seguido às voltas até à eternidade, não fosse o desgaste progressivo e irremediável do eixo.» (pág. 400), o autor acaba por fazer a história do mundo e de todos os homens. Incluindo dele próprio, pois há muito de autobiográfico nesta obra (como sempre, aliás).
A roda do mundo continua a girar, implacável, por enquanto, determinando os dias e a hora de nascer e de morrer.