Cecília Meireles (Rio de Janeiro 1901/1964)
A arte de amar é exactamente
a de ser poeta.
Cecília Meireles
Os sáris de seda reluzem
como curvos pavões altivos.
Nas narinas fulgem diamantes
em suaves perfis aquilinos.
Há longas tranças muito negras
e luar e lótus entre os cílios.
Há pimenta, erva-doce e cravo,
crepitando em cada sorriso.
Os dedos bordam movimentos
delicados e pensativos,
como os cisnes em cima da água
e, entre as flores, os passarinhos.
E quando alguém fala é tão doce
como o claro cantar dos rios,
numa sombra de cinamomo,
açafrão, sândalo e colírio.
(Mas quase não se fala nada,
porque falar não é preciso.)
Tudo está coberto de aroma.
Em cada gesto existe um rito.
(...)
Cecília Meireles (poema escrito na Índia)
Poema de palavras mágicas que evocam a Índia ancestral, as cores vivas dos sáris que contrastam com as tranças negras, os sons, os gestos, os aromas, os rituais...
Quem me dera ir à Índia, e ser capaz de escrever um poema com tanta sabedoria e beleza como este.