Arte Urbana no Bairro Padre Cruz
A arte urbana sempre me atraiu a atenção, mesmo quando ainda não sabia quem eram os autores daqueles desenhos nem o que os levava a desenhar e pintar coisas tão bonitas em paredes degradadas de prédios à espera de demolição, ou em muros ou em qualquer local desconhecido ou escondido.
Era original, davam cor às ruas, alegravam as pessoas que passavam e paravam um pouco para as admirar. Que o tempo moderno nunca é muito, todos correm apressados para qualquer lado, mas alguém há-de parar e admirar a obra.
mercado de Carnide |
De 24 de Junho a 31 de Julho de 2016 tiveram lugar cerca de 30 intervenções no espaço público do Bairro Padre Cruz resultantes de um projeto apresentado pela associação Crescer a Cores, que foi apoiado pela Câmara de Lisboa.
Cada uma das intervenções foi sempre precedida de um forte envolvimento dos moradores, numa interação com os artistas convidados.
Natália Correia |
Bordalo II - escultura com restos de um carro |
De Amor nada Mais Resta que um Outubro
De amor nada mais resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto:
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.
E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.
Não me acordes. Estou morta na quermesse
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.
Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.
Natália Correia, in “Poesia Completa”
e quanto mais amada mais desisto:
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.
E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.
Não me acordes. Estou morta na quermesse
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.
Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.
Natália Correia, in “Poesia Completa”