Como os outros
Como os outros discípulo da noite
frente ao seu quadro negro
que é exterior à música
dispo o reflexo Sou um
e baço
dou-me as mãos na estreita
passagem dos dias
pelo café da cidade adotiva
os passos discordando
mesmo entre si
As coisas são a sua morada
e há entre mim e mim um escuro limbo
mas é nessa disjunção o istmo da poesia
com suas grutas sinfónicas
no mar.
A vida deste homem-poeta poderia dar muitos filmes ou ser tema de muitos livros. Mas nada ou quase nada acontece.
Apenas que a poesia era para ele uma forma de respirar, a própria arte, a própria vida.
Sebastião Alba (pseudónimo,) nasceu em Braga, Portugal em
1940. Após viajar para Moçambique, passou a conviver com um importante grupo de
escritores e intelectuais. Foi jornalista, guerrilheiro político, e teve uma
vida bastante agitada e cheia de desilusões, com passagens por prisões e
hospitais psiquiátricos. Alba passa com o tempo a viver como andarilho,
acabando por morar na rua e morrendo atropelado por um motorista em Braga sua
terra natal.
Em 1996, a Editora Assírio&Alvim publica, por iniciativa de Herberto Hélder, A Noite Dividida, que tenta recuperar o conjunto da sua obra poética, embora incompleta. A arte poética evidenciada nesta antologia coloca Sebastião Alba numa posição cimeira da poesia portuguesa. No entanto, ele continua, até hoje, a ser um poeta marginal, ou, como muitos gostam de dizer, um poeta menor.
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