Rua dos sapateiros - Lisboa
Um dos meus passatempos preferidos é ir à descoberta de Lisboa, vadiar pelas ruas da minha cidade natal, que me traz sempre motivos de admiração e de fascínio: como é que eu ainda não conhecia isto (ou já me tinha esquecido)?
A rua dos Sapateiros, onde já tinha passado várias vezes, é uma rua cheia de História e de estórias para contar. Situada na Baixa lisboeta, hoje é uma rua quase escondida, à sombra das iluminadas e turísticas ruas do Ouro, da Prata, etc.
Começando pelo lado do Rossio, ou Praça D. Pedro IV, entra-se por um pequeno Arco, intitulado Arco do Bandeira, em que possivelmente pouca gente repara, distraído com a beleza e grandiosidade do Rossio, ou com a Tendinha, ali mesmo ao lado do Arco, onde se pode degustar uma saborosa ginginha.
Construído no final do séc. XVIII, segundo um projeto de Manuel Reinaldo dos Santos, foi erguido a expensas de Pires Bandeira, de que recebeu o nome. O arco pretendia copiar um outro existente no lado oposto da Praça, onde se encontra hoje o Teatro Nacional. É considerado uma das mais belas peças da arquitetura pombalina.
Entrando pelo Arco para a Rua dos Sapateiros, deparamos com uma obra magnífica, O Animatógrafo do Rossio, hoje com fins bem diferentes dos originais. Pena não se poder visitar por dentro e que uma entidade qualquer não o possa adquirir para o colocar ao serviço da população em geral e cinéfila, em particular.
Continuando pela rua abaixo, do lado direito encontramos um restaurante com história, hoje desconhecida pela maioria das pessoas. Aí se sentou muitas vezes, Fernando Pessoa, para almoçar ou jantar. Trata-se da Adega da Mó.
Um pouco mais à frente, também do lado direito de quem desce, encontramos A Camponeza, outro estabelecimento cheio de cultura e de história. É um dos exemplares de Arte Nova mais magníficos em Lisboa, foi bem restaurado e aberto há cerca de uma ano, muito agradável para se tomar um chá e um croissant ou um bolo. Merecia ser mais publicitado.