Um mundo plastificado
Talvez um dos maiores males da nossa civilização se deva ao
uso excessivo do plástico, que não só entope os oceanos e os estômagos dos
peixes, como também é tido por muitos como um material desadequado para fabricar os brinquedos das crianças.
Roland Barthes já o afirmava nos anos 50 no seu livro Mythologies, capítulo Jouets.
Os brinquedos construtivos e de madeira são muito mais criativos do que os
de plástico. E é constrangedor o seu progressivo desaparecimento.
A matéria plástica apaga o prazer, a
doçura, a humanidade do toque que possui a madeira. Fazem brinquedos que morrem
depressa e deixam de ter qualquer préstimo para a criança.
A madeira, por seu turno, é uma
substância familiar e poética, que põe a criança em contacto continuado com
a árvore, a mesa, o chão...
Com a madeira fazem-se objectos
essenciais, que duram uma vida inteira, que vivem com a criança ao longo da
vida, modificando pouco a pouco a relação do objecto e da mão.
De facto: o tradicional cavalinho de
madeira de baloiçar pode durar uma vida, passar de pais para filhos, ou de uma criança para
outra.
Neste momento, sinto pena de ter dado o
dos meus filhos, mas com a falta de espaço um dia lá foi para outro menino, que não tinha possibilidades de fazer cavalgadas.
Felizmente, muitos dos nossos
artesãos ainda se dedicam a fazer brinquedos de madeira, que são lindíssimos e muito
úteis. Vendem-se em muitas feiras e nalgumas lojas.
Assim os pais os comprem e os ofereçam aos seus filhos, para bem de
todos e para que o nosso mundo não se transforme num monte de lixo de plástico.