António Aleixo nasceu a 18 de Fevereiro de 1899, em Vila Real de Santo António. Foi guardador de cabras, cantor popular, soldado, polícia, tecelão, servente de pedreiro em França, vendedor de lotaria, intitulando-se a si próprio como «poeta cauteleiro».
Percorria as feiras improvisando à guitarra ou vendendo folhas avulsas com as suas quadras e versos.
A sua enorme facilidade em exprimir-se poeticamente de forma concisa e simples, com humor, escolhendo a palavra exacta, a sua sensibilidade sobre as condições sociais da vida humana, fazem dele um dos grandes poetas populares portugueses.
Morreu vítima de tuberculose, em 1949, em Loulé, culminando desta trágica forma a sua vida cheia de dificuldades e acontecimentos infelizes, contras os quais lutou sempre, com a ajuda da sua poesia e de alguns amigos que lhe foram valendo nos infortúnios e doenças.
Aqui ficam algumas das suas quadras, para que a sua memória não se apague.
Fui polícia, fui soldado,
Estive fora da nação;
Vendo jogo, guardei gado,
Só me falta ser ladrão.
Descreio dos que me apontem
Uma sociedade sã:
Isto é hoje o que foi ontem
E o que há-de ser amanhã.
Se fazes tudo às avessas,
Para que prometes tanto?
Não me faças mais promessas,
Bem sabes que não sou santo.
É um moço inteligente
O que passou há bocado;
Julga enganar toda a gente,
Mas ele é que é enganado.
Para não fazeres ofensas
E teres dias felizes,
Não digas tudo o que pensas,
Mas pensa tudo o que dizes.