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terça-feira, 13 de março de 2012

«Balada do Outono» de José Afonso



Nesta casa morou José Afonso em Coimbra e nela poderá ter sido composta a Balada do Outono, quem sabe! Esta é a primeira composição verdadeiramente da autoria de José Afonso, nos seus tempos de Coimbra, que talvez se  devesse antes chamar Balada do Rio, pois fala-nos das águas do rio Mondego, a que a gíria estudantil coimbrã chama «Basófias», devido ao carácter caprichoso da subida e descida das suas águas.
José Afonso intitulou as suas primeiras canções de baladas, para as distinguir do chamado »Fado de Coimbra», que começara a cantar desde os tempos de estudante do liceu D. João III, nos anos 40.
José Afonso fez a composição, mas faltava-lhe o título. Parece que terá pensado em designá-la inicialmente por BALADA DO RIO (MONDEGO). Em troca de ideias com o Dr. António Menano, José Afonso seguiu a sugestão de Balada do Outono. A sua própria ideia teria sido melhor, a meu ver, já que o próprio poeta se apresenta como alguém que convoca a presença ou exige o silêncio das águas das fontes, das ribeiras e dos rios na sua eterna viagem para o mar. Foi gravada pela 1ª vez nos inícios dos anos 60.
Quanto à casa onde viveu José Afonso em Coimbra, que se encontra bem cuidada na parte da frente, é de estranhar que esteja a parede lateral em mau estado, precisamente onde está o painel comemorativo. Alguém deveria cuidar melhor das nossas memórias!


 

segunda-feira, 12 de março de 2012

«Canto Jovem» de José Afonso

Para todos os estudantes das escolas portuguesas que estão a passar por todo o tipo de dificuldades, aqui fica o Canto Jovem (ou Moço) de estudantes de outros tempos, que muito sofreram também.
Foi escrito por José Afonso para ser cantado pelos estudantes universitários que o autor conheceu numa digressão para que foi convidado. Destina-se a ser interpretado como música coral por duzentos figurantes de ambos os sexos e de todas as proveniências e condições.



Canto Jovem (Moço)
Somos filhos da madrugada
Pelas praias do mar nos vamos
À procura de quem nos traga
Verde oliva de flor no ramo
Navegámos de vaga em vaga
Não soubemos de dor nem mágoa
Pelas praias do mar nos vamos
À procura da manhã clara

Lá do cimo duma montanha
Acendemos uma fogueira
Para não se apagar a chama
Que dá vida na noite inteira
Mensageira pomba chamada
Companheira da madrugada
Quando a noite vier que venha
Lá do cimo duma montanha

Onde o vento cortou amarras
Largaremos pela noite fora
Onde há sempre uma boa estrela
Noite e dia ao romper da aurora
Vira a proa minha galera
Que a vitória já não espera
Fresca brisa moira encantada
Vira a proa da minha barca.