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quinta-feira, 6 de junho de 2019

A profissão de escritor


Estou a ler o livro O que eu ouvi na barrica das maçãs, que consiste numa selecção das Crónicas que Mário Carvalho escreveu nos anos 80 e 90, no Jornal de Letras e no Público.
Vale a pena ler estas crónicas, não só pela sua qualidade mas também pela actualidade dos seus assuntos, mostrando como a História é cíclica e alguns autores proféticos.

Os que acreditam que a História nunca se repete têm aqui um bom exemplo do contrário, a História repete-se muitas vezes e quase de idêntica maneira.


Aqui fica uma pequena passagem:

O que leva uma pessoa  escrever, a querer ser escritor? Há resmas e resmas de depoimentos a propósito. Vão do solene, com o ridículo das pompas («ai, esta divinal missão»), ao jocoso e airado, com as ligeirezas da pusilanimidade («deu-me para aí»), passando pelo espírito interventor, com a incomodidade do suor militante(«isto é preciso é que…». A melhor resposta ainda me parece a de Guerra Junqueiro, no prefácio d' A Velhice do Padre Eterno: Pela mesma razão por que o pinheiro faz resina, a pereira pêras e a macieira maçãs: é uma simples fatalidade orgânica.
(in Fatalidade Orgânica)

Nem mais, concordo plenamente.