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sábado, 12 de setembro de 2020

«Os pequenos seres» de Isabel del Toro Gomes

 




Quem não repara nos pequenos seres

Nunca se conhecerá a si próprio

Nem aos outros



Todos têm a sua beleza

Um segredo qualquer

Que nos ajuda a perceber o universo



Levei tempo a aprender

Agora olho com olhos de ver

E ao fim de tantos anos fico a saber

Que somos uma entre 200 mil galáxias

Quem se pode julgar mais importante

Mais forte, mais poderoso ?






domingo, 7 de abril de 2019

Sobre os céus de Lisboa

Sobre os céus de Lisboa
Passaram as nuvens
E levaram os meus sonhos 
Com elas


Sobre a cidade onde nasci
As gotas grossas de chuva 
Lavaram a minha alma 
E levaram as tristezas 
Com elas


Nos céus de Lisboa
Um efémero e belo
Arco-íris
Trouxe novas esperanças
De Primavera colorida. 

Isabel del toro Gomes

segunda-feira, 25 de março de 2019

Papoilas bravas


Papoilas bravas


A primavera renasce
Em todos os seres
Em todas as vidas
Todos os dias
Até nas papoilas gotas de sangue
Que nascem da pedra



Isabel d.T.Gomes

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Sonho




Nos telejornais de hoje falou-se das crianças-soldado, que existem ao milhares por esse mundo. O processo é simples: vão-nas buscar à escola e  põem-lhes uma arma nas mãos. E elas lá vão, sem sequer saber para onde.
Aparece um desses meninos-soldado a explicar como foi recrutado.
O que lhes acontece, algum deles sobrevive a tão terrível e desnaturado destino?
Isso ninguém pode saber. É a crueldade do mundo em que vivemos, em que até para se nascer tem de se ter sorte.






Sonho

                  



Sonho…
uma criança que brinca
uma bola no ar
um papagaio a voar
um barco à vela no horizonte
uma concha na areia


Sonho…
um oceano profundo
onde nada uma sereia
até um palácio encantado
no fundo do mar.


Sonho sonho sonho…
e de tanto sonhar
o espírito ergue - se da terra
e transforma-se 
na mais bela ave - do - paraíso.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019


Lisboa à noite


Gostava de ser capaz

De contar a minha vida.

Mas ao ver naquela rua

Uma pobre velha sentada

No banco frio, à noite, curvada,

Com a sua vida guardada

Dentro de uns tantos sacos

Resolvi encerrar a minha também

Nas linhas deste poema.

Digo apenas que tanto não sofri

Mas como aquela velha detestei

O mundo em que vivi

Ao percorrer as ruas, à noite,

Desta  Lisboa antiga e abandonada.

                                               18 Dez/95








sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Natal 2018






Todos os anos há um dia especial a que chamamos dia de Natal, o dia 25 de Dezembro, perto do solstício de inverno (22 de dezembro).
Os pais contam às crianças que há muito muito tempo, num país longínquo, numa noite muito escura, apareceu um anjo a uns pastores que lhes disse que seguissem uma estrela muito brilhante.
Essa estrela indicava que tinha nascido um menino chamado Jesus, em Belém, que estava deitado numa manjedoira. E que esse menino tinha vindo ao mundo para nos salvar.

O resto da história não a vou contar, pois é longa e complicada.

O facto é que todos os anos, que já são muitos, me interrogo nesta época natalícia, para que nasceu esse menino Jesus na realidade, já que os problemas neste mundo não melhoram nada, a pobreza aumenta, as guerras continuam devastando o nosso planeta, há cada vez mais violência.

O Natal de 2018 infelizmente não vai ser melhor do que os anteriores, os falsos brilhos e o desperdício continuam.
Para que nasceu um dia esse menino chamado Jesus, afinal?
Para convencer as crianças que têm de se portar bem para receberem muitos brinquedos? 
Não seria melhor dizer-lhes que foi para tornar o nosso mundo melhor, mais justo, mais digno para todos, com menos desperdício, menos poluição?




Natal 2018

As árvores já brilham
Cheias de estrelas de Natal
Bolas douradas, verdes e vermelhas
Grinaldas de todas as cores
Cobrem as fachadas e as montras
E as pessoas fazem compras
De objectos estranhos
Tablets, computadores cheios de teclas
Qualquer coisa que tenha um écran
Onde aparecem coisas estranhas
E onde se podem receber ou enviar palavras
Que deixaram de ter sentido
Que são códigos estranhos
Para muitos enigmas indecifráveis.



Nos dias seguintes tudo se desvanece
As guerras continuam
Há protestos e violência
E nas ruas dantes iluminadas
Erguem-se agora  novos muros.