Boa noite, passarinho
-Boa noite, passarinho,Onde é que tu vais dormir?-Vou dormir num ramo verdeCom o luar a luzir.-Boa noite, passarinho,Onde é que tu vais sonhar?-Vou sonhar no bosque verdeTão verde à luz do luar.
-Boa noite, passarinho,
Estás cansado de voar?
-Escondo a cabeça na asa
E já posso descansar.
-Boa noite, passarinho,
Não dormes dentro de casa?
-Se eu poiso num ramo verde
-E o lençol é a minha asa?
-Boa noite, passarinho,
Qual é o teu candeeiro?
-São os olhos amarelos
Do mocho do candeeiro.
-Boa noite, passarinho...
Um soninho descansado...
-Quando acordar de manhã,
Vou cantar ao teu telhado!
No dia seguinte à sua morte, lembro-a como aquela escritora de olhos doces, de voz terna e cheia de uma bondade vinda do amor à natureza, aos pequenos seres e às pequenas coisas.
De coração do tamanho de uma criança.
Boa noite, Matilde, descanse no seu ramo verde e durma um sono descansado, o seu canto ficará para sempre a lembrar-nos de si.