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quarta-feira, 7 de julho de 2010
Matilde Rosa Araújo
Boa noite, passarinho
-Boa noite, passarinho,
Onde é que tu vais dormir?
-Vou dormir num ramo verde
Com o luar a luzir.
-Boa noite, passarinho,
Onde é que tu vais sonhar?
-Vou sonhar no bosque verde
Tão verde à luz do luar.
-Boa noite, passarinho,
Estás cansado de voar?
-Escondo a cabeça na asa
E já posso descansar.
-Boa noite, passarinho,
Não dormes dentro de casa?
-Se eu poiso num ramo verde
-E o lençol é a minha asa?
-Boa noite, passarinho,
Qual é o teu candeeiro?
-São os olhos amarelos
Do mocho do candeeiro.
-Boa noite, passarinho...
Um soninho descansado...
-Quando acordar de manhã,
Vou cantar ao teu telhado!
Matilde Rosa Araújo (Mistérios)
No dia seguinte à tua morte, lembro-te como aquela escritora de olhos doces, de voz terna e cheia de uma bondade vinda do amor à natureza, aos pequenos seres e às pequenas coisas. De coração do tamanho de uma criança.
Boa noite, Matilde, descansa no teu ramo verde e dorme um soninho descansado, o teu canto ficará para sempre a lembrar-nos de ti.
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