Mostrar mensagens com a etiqueta Manuel António Pina. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Manuel António Pina. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Manuel António Pina (1943-2012)

























Manuel António Pina já não está entre nós, infelizmente.
Ausentou-se deste mundo por este se ter tornado demasiado mesquinho e estreito para ele, que manteve sempre a verticalidade dos homens bons. 
Porque nunca se deixou envaidecer com os prémios que foi recebendo, com o Prémio Camões, em 2011, dizendo: «Já que não posso mudar o mundo, que o mundo não me mude a mim»
Alguém disse que ele soube conservar a ingenuidade e a pureza de criança dentro dele, embora acompanhada da sapiência do adulto.





Foi como autor de literatura para crianças que o conheci melhor e o dei a conhecer aos meninos e meninas que fui encontrando pelo caminho. Isso foi bom mas é muito pouco. Muito mais há a conhecer deste escritor/jornalista de crónicas magníficas, deste poeta que gostava dos gatos. 

Deste escritor que em criança queria ser detetive, santo ou salazar (ele pensava que era uma profissão e, se calhar, tinha razâo).
Mais um poeta que morreu e nos deixou mais sozinhos.


Num PAÍS DAS PESSOAS DE PERNAS PARA O AR.



segunda-feira, 14 de novembro de 2011

«A um jovem poeta» de Manuel António Pina



Manuel António Pina é um dos nossos mais importantes poetas e autores de livros para crianças e jovens. Com 66 anos, foi galardoado com o prémio Camões 2011. É também jornalista e  cronista do Jornal de Notícias e da Notícias Magazine. É ainda autor de peças de teatro e de livros de ficção.
Aqui fica um dos seus poemas, a todos os jovens poetas:

A um Jovem Poeta

Procura a rosa.
Onde ela estiver
estás tu fora
de ti. Procura-a em prosa, pode ser

que em prosa ela floresça
ainda, sob tanta
metáfora; pode ser, e que quando
nela te vires te reconheças

como diante de uma infância
inicial não embaciada
de nenhuma palavra
e nenhuma lembrança.

Talvez possas então
escrever sem porquê,
evidência de novo da Razão
e passagem para o que não se vê.

                           
Manuel António Pina, in "Nenhuma Palavra e Nenhuma Lembrança"