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terça-feira, 13 de outubro de 2020

«Diário de um jovem naturalista» de Dara McAnulty,

Transcrição do artigo de Helena Geraldes, publicado na revista Wilder sobre este jovem irlandês, que não obstante o seu problema de autismo, escreveu um livro impressionante sobre a natureza.


Dara McAnulty, 16 anos, vence prémio britânico de escrita de natureza

 

Diary of a Young Naturalist venceu o Wainwright Prize 2020, prémio de escrita de natureza. Júri pede para o livro ser integrado na lista de livros aconselhados para as escolas britânicas.

Celebrando o legado do escritor naturalista britânico Alfred Wainwright, este prémio, que vai já na sétima edição, reflecte os seus valores, nomeadamente o inspirar as pessoas para explorar a natureza e promover o respeito e admiração pelo mundo natural.

A oito de Setembro foram revelados os vencedores da edição de 2020, numa cerimónia realizada online por causa do Covid-19.

Dara McAnulty, naturalista irlandês, venceu na categoria de escritores britânicos, com o livro Diary of a Young Naturalist, e Benedict Macdonald na categoria de Conservação Mundial, com a obra Rebirding – Restoring Britain’s Wildlife.

Diary of a Young Naturalist narra o dia-a-dia de Dara McAnulty que tinha, então, 15 anos. “O livro de Dara é um retrato extraordinário da sua intensa ligação ao mundo natural, ao mesmo tempo que é a sua perspectiva enquanto adolescente autista dos exames na escola e das amizades”, segundo um comunicado oficial.

Ao longo de um ano e a partir da sua região na Irlanda do Norte, Dara passou as quatro estações a escrever.

“Fui diagnosticado com Asperger/autismo quando tinha cinco anos… Aos sete anos sabia que era muito diferente. Acostumei-me ao isolamento. A minha incapacidade de me ligar ao mundo falando de futebol ou de Minecraft não era tolerada. Depois veio o bullying. A natureza tornou-se muito mais do que um escape; tornou-se um sistema de suporte de vida”, disse Dara McAnulty, em comunicado.

The Diary of a Young Naturalist é um livro de natureza significativo, ainda mais porque é o primeiro livro de Dara McAnulty, escrito quando ele ainda tinha 15 anos”, comentou Julia Bradbury, presidente do júri e apresentadora de televisão.

Este é um “maravilhoso diário que se encaixa nas aventuras de Dara e nas suas experiências familiares mas, principalmente, é moldado pela natureza que nos rodeia a todos”, acrescentou Julia Bradbury.

“Os membros do júri ficaram estupefactos ao ler o livro e gostariam de pedir para que fosse imediatamente integrado na lista nacional de livros escolares. Tal é o poder do livro para incentivar à acção para a situação de emergência que enfrentamos.”

Mike Parker ganhou uma menção honrosa nesta categoria com o livro On the Red Hill.

Este ano, na sua sétima edição, os prémios Wainwright passaram a ter uma segunda categoria, dedicada à Conservação Mundial e às alterações climáticas.

O grande vencedor foi Rebirding, de Benedict MacDonald. “Considerado “visionário” tanto por conservacionistas como por gestores de terrenos em zonas rurais, Rebirding é um manifesto pela recuperação da vida selvagem de Inglaterra, apostando num rewilding das suas espécies e na recuperação de postos de trabalho rurais. Para benefício de todos”, segundo o comunicado oficial.

“Rebirding é um livro sobre questões complexas e contenciosas”, comentou Charlotte Smith, presidente do júri para a categoria Conservação Mundial. “Leva em conta as necessidades das aves, como seria de esperar, mas também do futuro das comunidades rurais de uma forma interessante e envolvente.”

Irreplaceable, de Julian Hoffman, foi distinguido com uma menção honrosa nesta categoria.

O vencedor do ano passado foi Underland, de Robert Macfarlane.

Os vencedores desta edição recebem um prémio de 5.000 libras (cerca de 7.000 euros).