Jorge Amado é um dos maiores escritores brasileiros, o escritor das gentes da Bahia, dos miúdos da rua (os «capitães da areia»), das pobres gentes das favelas ou sem abrigo, dos bebedores de cachaça, das prostitutas, de toda a espécie de gente que vive e morre na região onde nasceu e que ele conhece como ninguém. É um escritor que dá um enorme prazer de ler ( falo por mim claro, mas muitos concordarão comigo), que se lê sem parar, sôfregamente, que usa a linguagem simples do povo, que nos faz rir mesmo com a miséria.
Com uma vida cheia de aventuras e peripécias, de viagens, de comprometimento político, de experiências e de vivências, a sua obra literária é imensa, está traduzida em quarenta e duas línguas e calcula-se que os seus livros venderam entre vintre e trinta milhões de exemplares.
É um escritor «Amado», sem dúvida e lê-lo constitui uma experiência inolvidável.
Li «Os pastores da noite» em férias, é uma ótima sugestão de leitura para passarem momentos divertidos e de lazer.
Saliento estas linhas de descrição do ambiente da Bahia:
Era o começo da noite, o misterioso começo da noite da cidade da Bahia, quando tudo pode suceder sem causar espanto. A primeira hora de Exu, a hora das sombras do crepúsculo quando Exu sai pelos caminhos. Teriam feito naquele dia o seu despacho em todas as casa-de-santo, seu indispensável padê, ou por acaso alguém esquecera a obrigação? Quem, senão Exu, podia encher de mulatas formosas e devassas a Ladeira do Pelourinho e os olhos azuis de Pé-de-Vento?
No mar, lá em baixo, as velas dos saveiros numa urgência de chegar antes da chuva.
«Os pastores da noite» de Jorge Amado