Em tempos tão conturbados e de tanto egocentrismo como aqueles em que vivemos, vale a pena relembrar esta obra magnífica e o seu autor, Antoine de Saint-Exupéry, que, não obstante ser filho de condes, serviu o seu país durante a Segunda Guerra Mundial, acabando por morrer num desastre de aviação numa missão de reconhecimento, aos 44 anos.
Apaixonado desde a infância pela mecânica e pelos aviões, este escritor francês começa a sua carreira de piloto em 1926, que acaba por lhe ser fatal, morrendo em 31 de Julho de 1944. O seu avião só foi encontrado cerca de 50 anos depois.
Ficou mundialmente conhecido como autor do livro «O Principezinho», para mim, uma obra-prima e um dos livros mais emocionantes e verdadeiros de sempre. O mais impressionante é o facto de Saint-Exupéry o ter escrito em 1943, em plena Guerra Mundial, em tempos de enormes atrocidades, enquanto estava exilado nos EUA.
Como foi possível a este escritor, no meio duma Guerra Mundial, manter o seu espírito criativo e imaginar a personagem sensível e maravilhosa do Principezinho ? Ou talvez fosse por isso mesmo que o inventou, pelo facto do mundo e dos homens estarem tão carenciados e privados de beleza e de amor.
Todos os capítulos são maravilhosos, mas escolhi um excerto do capítulo XVI, por falar da Terra:
O sétimo planeta foi, portanto, a Terra.
A Terra não é um planeta qualquer. Tem cento e onze reis (contando, claro está, com os reis pretos), sete mil geógrafos, novecentos mil homens de negócios, sete milhões e meio de bêbedos, trezentos e onze milhões de vaidosos, ou seja, aproximadamnte, dois biliões de pessoas grandes.
E podíamos continuar por aí fora a lista de Saint-Exupéry, mas é melhor ficarmos assim.
«Se vieres, por exemplo, às quatro da tarde, a partir das três começarei a sentir-me feliz.» (Principezinho)