Gostei da cumplicidade entre o poeta e a escrita (é dificílimo).
Gostei.
A cozinha do gian
é preciso cortar o basilico
tão miudinho quanto possível
com o cutelo afiado
o perfume verde espalha-se pelo pão
os copos de chianti tomam a cor do sangue
e a pasta asciutta espera o tempero pressuroso
de amizade com alegria
a marta faz desenhos pelo chão
com tinta preta e água de sabão
os varais da janela
aberta para os telhados
deixam passar as vespas
da madona delle grazie
trindades nos sinos
a manuela
chama para a mesa
ri
do lado de salò
pelas encostas do lago
surgem núvens
carregadas de vento
portadas batem
a marta levanta os olhos de coral verde - luz
interroga surpresa
sentamo-nos em volta
uma vela acesa
tremula na penumbra
resiste
comemos
bebemos
sorrimos
brescia, setembro de 1985