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domingo, 18 de setembro de 2011

«Ser escritor» por Alves Redol



Se um dia alguém me perguntasse que aprendizagem deveria um jovem fazer para chegar a romancista, se o ofício se ensinasse, eu diria que enquanto a vida lhe não desse todas as voltas e reviravoltas, amores, sofrimentos, repúdios, sonhos, frutrações, equívocos, etc,etc, (...)seria avisado que o mandasse ensinar a sapateiro, não para saber deitar tombas e meias solas, porque nem para tanto ele usufruirá, às vezes, com a escrita, mas para que ganhasse o hábito de padecer bem, amarrado ao assunto durante largos anos, antes que provasse o paladar gostoso de algumas horas de pleno prazer.»

                                         Alves Redol, nota inédita publicada num desdobrável da Casa da Achada

Se Alves Redol o diz é porque é verdade. Ser escritor é talvez a profissão mais sofrida do mundo(só alguns privilegiados pelos deuses dirão o contrário). Então em Portugal, nem se fala! A minha vida já deu muita volta e reviravolta, lá isso é verdade! O que me deixa um pouco perplexa é aquele «etc,etc»...Com certeza que ainda me falta qualquer coisa, tempo, paz de espírito... Os homens não deixam, os deuses não podem querer!