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quarta-feira, 19 de junho de 2013

«Louvor e simplificação de Álvaro Campos» de Mário Cesariny


 http://www.fcm.org.pt/imgs/Museu/Encontros_VI.jpg


Mário Cesariny de Vasconcelos (1923-2006) foi pintor e poeta, o principal representante da corrente surrealista em Portugal.
Como tantos outros, inspirou-se nesse prodigioso animal que é o gato, dizendo nestes versos:

(...) 
Paro um pouco a enrolar o meu cigarro (chove)
e vejo um gato branco à janela de um prédio bastante
            alto...
Penso que a questão é esta: a gente - certa gente -
                                                                sai para a rua,
cansa-se, morre todas as manhãs sem proveito nem 
                                                                                 glória
e há gatos brancos à janela de prédios bastante altos!
Contudo e já agora penso
que os gatos são os únicos burgueses
com quem ainda é possível pactuar -
vêem com tal desprezo esta sociedade capitalista!
Servem-se dela, mas do alto, desdenhando-a...
Não, a probabilidade do dinheiro ainda não estragou 
                                                          inteiramente o gato
mas de gato para cima -nem pensar nisso é bom!


        Mário Cesariny, Louvor e simplificação de Álvaro Campos