sábado, 2 de abril de 2011

«Prosaica» de José Blanc de Portugal



Neste país de poetas, a maior parte desconhecidos, mais um que foi grande e que deve ter caído no esquecimento. Para o relembrar, aqui estou eu.
D. José Bernardino Blanc de Portugal (grande nome!) nasceu em Lisboa em 1914 e faleceu em 2001. De formação na área das Ciências Geológicas, trabalhou nos serviços de metereologia em Lisboa, na ilha do Sal, nos Açores, em Luanda e em Moçambique. Publicou várias memórias científicas, exerceu crítica musical, foi fundador dos Cadernos de Poesia, onde publicou muitos dos seus poemas. Um homem de vastos interesses e conhecimentos, portanto, como há cada vez menos.
A sua poesia caracteriza-se por uma dignidade de tom, uma severidade austera da expressão, uma linguagem original, irónica e muito peculiar que, através de um humor quase negro ou de uma  discreta ternura, repercutem uma consciência trágica das contradições do mundo moderno.
A própria imagem da vida humana, ontem hoje e sempre, pelos vistos. «Prosaica» é um belo exemplo disso mesmo:

Prosaica
Se um dia vier a ser
-Tudo é bem possível,
Ou, melhor, o que é provável
Muito mais do que possível,
Entendamo-nos noeticamente-
Se um dia vier a ser - ia dizendo -
A besta apropriada para ter assento
Em um (ou mais )Conselhos de Administração,
Faço o propósito solene de assinar
Toda e qualquer lista de subscrição
Mesmo que caridosamente apenas
Político-literárias, de candidaturas...

O intuito óbvio podia ser;
Mas não é:
Quererei mostrar apenas que, por cá,
Ser uma besta é menos que insultuoso:
Taxonomia apenas, cientificamente,
O que ainda não é só mineral,
O calhau, do qual e aliás,
Se aproxima insensivelmente.

(Que possua real vida ou não
É objecto de outra dissertação
Mas, para a besta, que isso seja vida
É a consabida incerta sensação.)
                                                     Odes Pedestres



terça-feira, 22 de março de 2011

«Elsa» de João Tordo


Ontem, 21 de Março, foi o Dia Mundial contra o Racismo. Pouco ou nada falado, pelos órgãos de comunicação social, «por acaso».
Peço-vos um favor: leiam o conto de João Tordo, «Elsa», integrado no livro «Em busca da felicidade», da D. Quixote. É um relato pungente do sofrimento dum jovem moçambicano, negro e árabe, às mãos dos seus carrascos hooligans, em Londres, para onde tinha ido em busca de melhor vida!
Horrível e imprescindível! É preciso começar a ler-se estes textos nas escolas! Ministério da Educação (Deseducação???), acordem! Já é tempo de fazerem qualquer coisa mais além do blábláblá!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Primavera Primavera Primavera!!!!!!Poesia Poesia poesia !!!!!



Como neste blogue é quase sempre dia da Poesia, hoje ofereço-vos uma pequena frase em prosa, embora bastante poética, de Raul Brandão, sobre a primavera. 

Mesmo morto, o que eu não quero é morrer...Primeiro rebate da primavera doirada e frenética, primeiro impulso que estonteia e deslumbra...

                                        Raul Brandão, «Húmus»




domingo, 20 de março de 2011

«Rosa,Rosae» de Merícia de Lemos



 
Mais uma poeta que caiu no esquecimento, mesmo entre os moçambicanos, que não a conhecem, na sua grande maioria.

Merícia de Lemos nasceu em 1913 na Beira, Moçambique, e morreu em 1996. Viajou bastante pela Europa, Ásia e África, vivendo depois entre Lisboa e Paris, dedicada às antiguidades e ao jornalismo. Colaborou em diversas revistas e jornais, onde foram publicadas várias poesias suas de inspiração africana. A sua poesia caracteriza-se por um tom direto muito lúdico e subtil, em que uma feminilidade franca sabe encontrar uma intensidade ora graciosa ora melancólica, ora comovente. Foi das primeiras, depois de Irene Lisboa, a evitar o convencionalismo socio-sentimental da poesia «feminina».

Rosa, Rosae
Dá-me rosas, outras rosas
dá-me mais rosas amor.

Já olhaste bem as rosas?
Rosas-bocas rosas-olhos
e há rosas coração.
Há rosas que são sorrisos
e rosas que são paixão
Rosa-beijo, rosa-abraços
e rosas-mãos.

Numa noite de luar
uma grande rosa aberta
acenou-me num jardim:
corri logo para ela
- seria a rosa-aventura?

Pela tarde num caminho
à hora em que o sol cansado
pensa em ir-se deitar
encontrei uma roseira
com uma rosa em botão
muitas folhas e espinhos
-e estava ali porquê?
Linda rosa cor-de-rosa

Era o amor feito rosa,
sem saber...
                                          in «Rosa, Rosae)

quarta-feira, 16 de março de 2011

«Rogando à musa que torne claro o coração obscuro» de Natália Correia


Outro poema de Natália Correia, que acho lindíssimo e que tem como tema a própria poesia. Há quem acredite que existem musas e inspiração, outros que só o trabalho leva à inspiração. Eu estou no meio termo: musas não tenho, na inspiração ainda acredito, mas depois é preciso trabalhá-la, sem dúvida. 

III
Súbita a inspiração faz o convite:
Mais alto, rumo à meta indefinida!
Ofereço o sentimento ao ilimite
Dos ecos do mistério que intimida.

Rebelde ao senso a Musa não permite
À razão que chegue à chama erguida
O canto aceso, magia que transmite
Remota música noutro mundo ouvida.

A minha ânsia mede-se por versos
E na descida a meus jardins submersos
Vedadas rosas rebentam-me na boca.

Poesia: angústia de querer sempre mais,
Saudoso endereço de termos imortais,
E ao fim de tanto anseio, a vida pouca.
                                                 in «Sonetos Românticos»



terça-feira, 15 de março de 2011

«Japão, Março 2011» de Isabel del Toro Gomes


Japão, Março 2011

 
Cá vamos fazendo


O nosso caminho


Por este atribulado mundo


Que estremece arde e se revolve


Simples mortais outrora ufanos


Orgulhosos e julgando-se deuses


Cá vamos fundindo os dias e as horas


Mitigando as noites e os minutos


Esperando o milagre


Enfrentando a catástrofe


E os segundos que faltam


Será o fim ?


Será o começo?


Nada sabemos


Apenas sentimos o frio a fome e a sede


A ansiedade e a esperança


E continuamos fazendo


O nosso caminho


Conforme podemos.





domingo, 13 de março de 2011

«Mãe Ilha» de Natália Correia


Natália Correia nasceu na ilha de São Miguel, Açores, em 13 de Setembro de 1923 e morreu em Lisboa, em 1993. Destacada figura da cultura e da intervenção política portuguesas, é um dos grandes nomes da poesia portuguesa.
Em tempos tão conturbados de guerras, sismos e outros abalos, um pouco de poesia.


Mãe Ilha
Foi isto outrora na ilha das fadas
Embrumada em hortênsias. Não sonhei.
Sobre as lagoas de águas encantadas
Dormiam os fetos e não havia lei.

As vacas, nas colinas esfumadas
Ruminavam o eterno. Ali folguei
Na festa das crianças coroadas.
Reinava o Amor e não havia Rei.

Dentro da música a casa repousava.
Minha mãe docemente penteava
Os meus cabelos e caíam pérolas.

Rumores longínquos da infância oclusa,
Que num desvão da alma ainda debruça
Uma varanda sobre um mar de auréolas.

                                                     in «Poesia - Sonetos Românticos»

quarta-feira, 9 de março de 2011

«Cartas de Lisboa» de Carlos Malheiro Dias



Em 1904, Carlos Malheiro Dias, «o nosso maior romancista  depois de Eça de Queirós» segundo João Gaspar Simões, escrevia assim sobre Lisboa e as lisboetas (elas e não eles), em tempos de Quaresma:
A Lisboa, que mais pareceu divertir-se durante o Carnaval, é a que mais simula rezar na Quaresma.
Não é conveniente pôr em dúvida a devoção da lisboeta. Mas a Quaresma oferece-lhe ainda um óptimo pretexto para sair de casa. E a lisboeta não tem por costume desperdiçá-los. Dobrado o dominó, com que intrigou em S.Carlos, a mulher de Lisboa examina escrupulosamente os seus vestidos pretos.
A moda, tanto como a liturgia, acrescentou às quatro estações do ano ainda mais esta. Enquanto dura a Quaresma, a lisboeta, que é terrivelmente preconceituosa, leva para a rua, dentro do regalo ou do indispensável, o seu livro de missa. E leva-o para a modista, para as lojas, para casa das amigas, para a Avenida ou para o Campo Grande. É duvidoso que se sirva dele. mas não o abandona. E, se não tem um carretel de linha ou um papel de agulhas para comprar - e isto basta para a ocupar durante uma tarde inteira - então a lisboeta, ao passar pelos Mártires ou pelo Loreto, sobe as escadas, despe a sua luva de suécia, vai rezar uma devoção em frente à capela do Santíssimo.
Mas hoje as igrejas não são, como há cem anos, verdadeiras escolas de socialibilidade, autênticos salões mundanos...Por isso também as igrejas apenas fazem, durante a Quaresma, um simulacro de concorrência às confeitarias. Raro é que a devota, para se restabelecer da comoção religiosa, não vá comer um bolo ao Ferrari, ao Marques ou ao Rendez-vous des gourmets.
............................................................................................................
As actrizes adquirem com a prática a ciência de pisar o palco. A lisboeta possui a ciência nativa e subtil de pisar a rua.
Não há carruagens que a assustem, ajuntamentos que a embaracem. Alegre, com a cabecita no ar, os olhos vigilantes, ela vê tudo, cumprimenta todos os conhecidos, examina todas as vitrinas, lê todos os anúncios.
A rua de Lisboa, ninguém a conhece melhor do que ela. Sabe do conteúdo de todas as lojas como das gavetas da sua cómoda. Discute os preços, compara-os...
........................................................................................................
Toda a empresa que desdenhe captar o seu interesse, arrisca-se a um desastre. Qualquer director de teatro, antes de aceitar um original, procura saber se agradará à mulher. O editor nunca esquece de perguntar ao homem de letras se o seu livro pode ser lido pela mulher.
                                in «Ciclorama Crítico de um Tempo»

Opiniões à parte, tanto sobre o mérito de Carlos Malheiro Dias, que me parece na realidade ser um grande escritor, como sobre o mérito das lisboetas dos inícios do século XX, este texto é um importante estudo sociológico dos usos e costumes dos tempos em que certas senhoras tinham todo o tempo do mundo para passear pela cidade, ir às compras, passar pelas igrejas, sem olhar o relógio e sem correr dum lado para o outro (agora só muito poucas se poderão dar a este luxo). E, pelo que parece, a importância da mulher nesses gloriosos tempos dos nossos avós, era bem maior do que nos tempos actuais, em certpos aspectos. Muito curioso! 

terça-feira, 8 de março de 2011

«Mataram a Tuna» de Manuel da Fonseca


Manuel da Fonseca, um dos principais escritores neo-realistas, nasceu em Santiago do Cacém em 1911 e morreu em Lisboa em 1993. A sua faceta de poeta é a menos conhecida, pelo que escolhi este poema dele, em que retrata admiravelmente a atmosfera de festa duma qualquer vila (possivelmente do seu Alentejo natal), onde as classes populares se divertem de forma simples e espontânea, sem pompas nem circunstâncias, mas com alma e muita garra, o que desagrada aos «senhores e senhoras» importantes.
Mais um exemplo em como a palavra e a poesia podem servir uma causa, neste caso a do neo-realismo. 
E porque não seguir o conselho do autor, neste frio e chuvoso dia de Entrudo: façamos qualquer coisa de louco e de heróico! Nem que seja umas panquecas ou uns crepes...para alegrar as almas e o dia!



Mataram a Tuna
Nos domingos antigos do bibe e pião
saía a Tuna do Zé Jacinto
tangendo violas e bandolins
tocando a marcha Almadanim.

Abriam janelas meninas sorrindo
parava o comércio pelas portas
e os campaniços de vir à vila
tolhendo os passos escutando em grupo.
Moços da rua tinham pé leve
o burro da nora da Quinta Nova
espetava orelhas apreensivo
Manuel da Água punha gravata!
Tudo mexia como acordado
ao som da marcha Almadanim
cantando a marcha Almadanim.
........................................................................................................
Entanto as senhoras não gostavam
faziam troça dizendo coisas
e os senhores também não gostavam
faziam má cara para a Tuna:
-que era indecente aquela marcha
parecia até coisa de doidos:
não era música era raiva
aquela marcha Almadanim.
........................................................................................................
Meus companheiros antigos do bibe e pião
agora empregados no comércio
desenrolando fazenda medindo chita
agora sentados
dobrados nas secretárias do comércio
cabeças pendidas jovens-velhinhos
escrevendo no Deve e Haver somando somando
na vila quieta
sem vida
sem nada
mais que o sossego das falas brandas...
-onde estão os domingos amarelos verdes azuis encarnados
vibrantes tangidos bandolins fitas violas gritos
da heróica marcha Almadanim?!

Ó meus amigos desgraçados
se a vida é curta e a morte infinita
despertemos e vamos
eia!
vamos fazer qualquer coisa de louco e heróico
como era a Tuna do zé Jacinto
tocando a marcha Almadanim!
                                                      Planície

quinta-feira, 3 de março de 2011

«Da minha janela» de Isabel d.T. Gomes


Da minha janela


Sonho que vejo o mar

É um mar sempre azul

Um mar sempre a brilhar

Não é um mar sombrio

Não é um mar amargo

É a imagem da vida

A espuma branca a pairar

Nos meus olhos e no ar.

Não é um mar esquecido

Que mata a nossa memória

É o mar infindo de amor

é o espanto de tanta beleza

Que brilha nos olhos e na alma.

Da minha janela

Sonho que vejo o mar.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

«Uma Árvore na Minha Vida» de Ruy Belo



Ruy Belo, mais um grande poeta que morreu precocemente aos 45 anos (parece que os tiranos têm vidas mais longas!), nasceu em   São João da Ribeira, Rio Maior, em 1933, e morreu em Queluz, em 1978. 
A sua obra foi organizada em três volumes, sob o título Obra Poética de Ruy Belo, em 1981, tendo sido considerada uma das obras cimeiras da poesia do século XX, apesar da brevidade da vida deste poeta e ensaísta.
Diz-se que todos os homens devem plantar uma árvore durante o seu tempo de vida, por isso escolhi este poema:


UMA ÁRVORE NA MINHA VIDA


Não sei um dia mas alguma coisa me doía
ou talvez não doesse mas havia fosse o que fosse
Era isso sentia a grande falta de uma árvore
e pensei plantar em seguida uma árvore na minha vida
uma árvore ouvida sempre que me sentisse só
e mostrasse ela só na face a compreensão que mais ninguém mostrasse
mesmo que não me queixasse fosse por pudor ou fosse pelo que fosse
Era mesmo uma árvore que me faltava
precisava de sombra mais do que vivia eu envelhecia
não dispunha da companhia de ninguém
e far-me-ia decerto bem conhecer gente nova
gente que se renova no alto de um tronco forte
que não sabe da morte que floresce ou sorri
..........................................................................................................
Tudo mas tudo me sobressalta cansaço ou mentira
a palavra demora há falta de gente
um ramo inocente que me dê a mão
que aparado aproveite para o caixão quando um dia morrer
que eu possa queimar e que me dê lume
Que a sombra serena de uma árvore mesmo sem nome
facilmente se afaça a submeter-se a face
A árvore é vária e resume compaixão ternura
é humana e dura não há nada melhor
Tragam-me a árvore seja ela qual for

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

«O sonho»



O Sonho

De tanto sonhar
O espírito levantou-se da terra
E tornou-se
Na mais bela ave do paraíso


Isabel d.T.Gomes

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Provérbios sobre a infância

Fiz uma pequena pesquisa sobre os provérbios que falam dos meninos pequenos, ou fazem referência à infância.
 É muito curioso ver como a tradição e as massas populares tratam esta faixa etária: são ensinamentos sobretudo aos pais e educadores, pois eles percebem melhor este tipo de linguagem, mas também são mensagens às crianças.
Gostaria muito que me enviassem mais provérbios sobre este tema, para irmos acrescentando a lista.


Provérbios sobre a infância



1- De menino e de louco, todos temos um pouco.


2- A brincadeira tem hora e lugar.


3- Ao menino e ao borracho, põe-lhe Deus a mão por baixo.


4- Tal pai, tal filho.


5- Como os pais falam, os filhos palram.


6- Criança amimada, criança estragada.


7- Deitar cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer.


8- De pequenino é que se torce o pepino.


9- Filho de peixe, peixinho é.


10- Filho de peixe sabe nadar.


11- Filho és, pai serás, (assim) como fizeres, assim acharás.


12- Ninguém nasce ensinado.


13- O bom filho à casa torna.


14- Os homens não se medem aos palmos.


15- O trabalho do menino é pouco, mas quem o não aproveita é louco.


16- Quem dá o pão dá o ensino.


17- Quem meu filho beija minha boca adoça.


18- Antes filho de pobre que escravo de rico.


19- A cal enriquece os pais e empobrece os filhos.


2o- Pai rico, filho nobre, neto pobre.

21- Quem tem filhos, tem cadilhos. 

22 - A bodas e batizados não vás sem ser convidado.

23 - A mancebo mau, com mão e com pau.

24 - Cada um é para o que nasce.

25 - Criança amimada, criança estragada.

26 - Entre irmãos não metas as mãos.

27 - Do pão do meu compadre, grande fatia ao meu afilhado.
















quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

«Deve e haver» de Mário Mesquita



«Deve e haver» é um livro que reúne notas, crónicas e reportagens do professor, jornalista e ex-director do Diário de Notícias, em que o autor fala dos factos e fait-divers dos tempos dos anos oitenta. É, assim, um ótimo livro para se ler agora, trinta anos depois, para relembrar o que se fez e o que se disse nessa época de atentados (Camarate), de ADs, do Solidadriedade na Polónia e tantas outras coisas que esquecemos já. 
Do autor diz Eduardo Prado Coelho: «...E há o Mário Mesquita com uma prosa ladina...».
Vasco Pulido Valente acrescenta: «...um açoriano cético e, portanto, temível, chamado Mário Mesquita.»
Pena é que tenha abandonado a política em 1978 (ele lá sabe porquê), pois o seu espírito percutante e corajoso faz falta nos tempos que correm.
Nada mais atual do que esta nota (substituam-se os nomes à vontade do freguês):

O poder pessoal

A personalização é característica bem vincada da vida política portuguesa. Escolhem-se pessoas concretas, mais do que ideias abstratas. Opta-se por líderes tornados familiares pela TV, e não por fastidiosos programas impressos em brochuras que ninguém lê.
Fulanismo ibérico? Talvez, embora a tendência esteja generalizada na Europa e fora dela. Entre nós, tivemos os exemplos elucidativos de Sá Carneiro, Ramalho Eanes e, agora, de novo, o de Mário Soares, desta vez a nível interno do PS.
Será um bem ou um mal esta tendência? Todos condenam, em abstrato, as insinuações em que a personalização possa converter-se em poder pessoal, mas, em concreto, cada qual é mais sensível quando a pessoa é outra e o poder alheio...
Assim se compreende que setores da maioria desejem o reforço do poder pessoal de Soares no PS, na suposição de que desse modo será possível impedir o poder pessoal de Eanes no País. Ninguém pensa os cargos independentemente dos seus titulares; discutem-se as pessoas, por interpostas instituições...»

O texto acaba assim, em reticências. A história repete-se, não há dúvidas. Podíamos era tirar alguns ensinamentos do passado, para o presente ou futuro, se a memória não fosse curta e o tal «fulanismo ibérico» tão exacerbado!
Olhemos o caso dos belgas, que nem de governo precisam para se governarem! E têm a «batata frita» como herói nacional ( ao menos come-se e é bom)!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

«Canção do lago secando» de Políbio Gomes dos Santos



Poeta quase desconhecido da maioria de nós, Políbio Gomes dos Santos nasceu em Ansião, em 1911, onde morreu com apenas 28 anos , vítima de tuberculose, implacável doença que vitimou tanta gente nos séculos XIX e XX.
Homem de raras qualidades, membro da academia coimbrã onde exerceu vários cargos directivos, fez parte do grupo do Novo Cancioneiro. Da sua poesia só ficaram duas obras, As três Pessoas (1938) e Voz que Escuta (1944). Na realidade, embora prometedor, o autor não teve tempo de libertar-se dos moldes«presencistas», ainda em voga.
Impressiou-me nele, em última instância, o seu lirismo impregnado  da dor de quem sabe que vai morrer, de quem não pode escapar ao seu destino fatal e injusto. Como neste poema:

Cancão do Lago Secando

Pela noite da minha trágica aventura,
Meu sofrimento é o achado que afago,
Se acordado, sofrendo,
E se a dormir, sonhando
Que sou lago.

Adeus, ó canas, cá me vou secando!
À míngua de nascente eu parto evaporado
Sem me ver partir!

Ainda se os que passam pudessem beber-me
Sem tornarem a passar
Pra maldizer-me...

Ainda se a menina reclinada à minha beira,
Que tanto e tanto me seduz ainda,
Viesse banhar-se
E depois se afogasse em mim, violada e linda...

Ainda se eu,
Profundo e vasto e longo,
Pudesse ter no mapa mancha azul e portos
E ser útil à navegação...

Finando-me abriria a justa e verdadeira cova
À minha sede e à minha direcção.

                                     in «Voz que Escuta»

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

«Quando olhei o céu» de Isabel del Toro Gomes

Que bom lembrar os poemas da minha juventude, quando ainda não sabia nada do amor, só sonhava com ele. Teria os meus 16 anos, 17? Ah, a flor da idade, a juventude a brotar no meio dos sonhos e dos vastos campos  de olivais... Tão simples e tão belo, genuinamente sábio, pois já sabia que nas rosas como no amor os espinhos não deixarão de coexistir.


Quando olhei o céu







Quando um dia olhei o céu

Vi nele os teus olhos límpidos.

Voltei a olhar o céu

E vi nele a tua dor infinita

De alguém que precisa de amor.



Quando um dia olhei o céu

Vi nele as flores dum jardim

De pétalas de todas as cores

E em cada ramo de rosa

Vi os espinhos do nosso amor.






«Sonhos» de Florbela Espanca




Sonhos

Viva o sonho que comanda a vida! Como neste poema de Florbela Espanca.
O amor existirá?
Há quem diga que só existem provas de amor.



Sonhei que era a tua amante querida,
A tua amante feliz e invejada;
Sonhei que tinha uma casita branca
À beira dum regato edificada...

Tu vinhas ver-me, misteriosamente,
A horas mortas quando a terra é monge
Que reza. Eu sentia, doidamente,
Bater o coração quando de longe

Te ouvia os passos. E anelante,
Estava nos teus braços num instante,
Fitando com amor os olhos teus!

E, vê tu, meu encanto, a doce mágoa:
Acordei com os olhos rasos d' água,
Ouvindo a tua voz num longo adeus!

                  Florbela Espanca

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

«As lutas de classes em Portugal nos fins da Idade Média» de Álvaro Cunhal



Toda a gente conhece Álvaro Cunhal como figura política importante, tanto nos tempos do fascismo, como depois do 25 de Abril. Mas Álvaro Cunhal «historiador» e homem da cultura, muito poucos conhecerão. Pois é, este homem fez muitas outras coisas, além de dedicar toda a sua vida a um partido e a uma ideologia, de que nunca se desviou nem um milímetro: escreveu obras literárias, pintou e desenhou, e estudou história, muita história, com certeza, como se pode comprovar neste livro publicado em 1975, pela Editorial Estampa. Mais um achado fantástico nas estantes da minha casa.
Contradizendo o que o autor chama de «historiadores burgueses», Álvaro Cunhal procura dar-nos a sua visão da história, à luz do marxismo, completamente diferente daqueles outros, claro está. É fascinante apercebermo-nos, ao longo desta obra, que a história não é um somatório de acontecimentos e de personagens, mas sim a interpretação que cada um faz desses mesmos acontecimentos e personagens. Portanto, a História que se ensina nas escolas, é apenas uma História, tendo cada um de descobrir as outras Histórias ao longo da sua vida, conforme puder e tiver curiosidade.
Eis um excerto que achei muito interessante e actual, salvas as devidas distâncias:

Os historiadores burgueses têm apresentado sempre o casamento da filha única de D.Fernando com o rei de Castela, em 1383, como «erro» de um rei inconstante e imprevidente. A verdade é ter sido tal casamento uma manobra política da nobreza, manobra maduramente reflectida e de efeitos cuidadosamente previstos e desejados.
...........................................................................................................
Sentindo o terreno a fugir-lhe debaixo dos pés, incapaz de suster com os seus recursos próprios o movimento revolucionário ascendente, a nobreza procura deliberadamente a entrada em acção contra a revolução ascendente, do aparelho militar da aristocracia territorial de além fronteiras. Nessa sua política, a nobreza de então seguiu o caminho que sempre têm seguido as classes dominantes, quando sentem em perigo a sua existência.
............................................................................................................
As classes parasitárias preferiram sempre, a uma vitória das forças nacionais progressistas, a dominação do seu país por um estado estrangeiro que abafe a revolução e lhes mantenha esses privilégios.

Interessante! Abstraindo da visão marxista do autor, substituindo o estado estrangeiro por uma «União Europeia», será que não nos está a acontecer o mesmo? Dão-nos estradas e depois tiram-nos tudo o resto, os nossos direitos mais básicos, tudo com a simpatia e a bênção da tal Potência Estrangeira. Até um dia!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Português Homem de todas as raças- Isabel d.T. Gomes

Português Homem de todas as raças


Na fronteira do infinito


Sento-me a pensar


Que sou de todas as raças


E de nenhuma.






Na fronteira do infinito


Pressinto com estranheza


Que todas as raças vivem em mim


Se fundem no meu sangue genitivo


No meu ser e no meu espírito


E aprofundam o meu abismo.






Na fronteira do infinito


Sinto que todas as raças me habitam


E me abraçam


Olho as minhas mãos ciganas


Solto os meus cabelos moçárabes


Perpasso os meus olhos de África


Por todo o meu corpo asiático


Por onde correm


Sangues de todas as raças


E de nenhuma.






domingo, 6 de fevereiro de 2011

António Pedro




António Pedro da Costa nasceu em 1909, em Cabo Verde. Veio para Lisboa estudar Direito e Letras, tendo vivido depois em vários países. Viveu os últinos anos da sua vida em Moledo do Minho, onde morreu em 1966.
Esteve ligado ao teatro, tendo sido director, encenador e professor de teatro no Porto. A sua acção encontra-se ligada a todos os movimentos artísticos de vanguarda e foi um dos principais animadores e renovadores do nosso teatro.
Foi também pintor e escritor, pertenceu ao  Movimento Surrealista de Londres e foi à sua volta que se formou o primeiro grupo deste movimento, em Portugal.
Quero dar a conhecer aqui a sua faceta de escritor, ou melhor, a de poeta. A sua poesia vai evoluindo de uma lírica simplicidade para um barroquismo cheio de gosto pelo concreto, onde os temas do Minho raiano e marítimo e o surrealismo se foram cruzando cada vez mais.
Escolhi, assim, o poema intitulado

 Maresia

Neste mar à minha frente
O sol repoisa e os nossos olhos dormem...

-Caem saudades mortas como chuva miúda,
Ou sobem, trémulas, como o vapor das algas,
Ou ficam, extáticas como um bafo de areia,
Calmas, sobre a paisagem,
Como um véu de cambraia deixado...

Não sei se é o calor das algas,
Se é o bafo de areia que baila,
Ou se é a chuva miúda que cai neste dia de sol
Como um véu de cambraia deixado,

Sei que me lembram os signos do zodíaco
Em boa caligrafia,
Uns signos como nem sequer eu tinha imaginado!...

E este calor que dimana da terra e nos confunde com ela,
Nos aquece as pernas de encontro à areia, numa vida exterior

Com mais sangue que a nossa e, sobretudo, cheia
Duma inconsciência que se não parece com nada,
Esta respiração pausada como as ondas, de trás para diante
Fazendo, lentas, e desfazendo
A mesma curva humaníssima e sensível,
Faz-me escrever, devagar, e com letra de menino pequeno
Sobre o chão acamado, esta palavra
                                                              AMOR
                                                         (in Aventura, nº3)


segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

«Livro» de José Luis Peixoto



Pode-se afirmar que José Luis Pexoto faz parte da «novíssima geração de Abril», já que nasceu em 1974, em Galveias, Ponte de Sor. Nascido e criado em tempos de gritos de liberdade, de novas realidades nunca vistas, de avanço e progresso, de prosperidade... enfim, tudo tão diferente do que foi a nossa infância e juventude, separada  apenas por vinte anos (fiz vinte anos em 1974). Pena é que tudo isto tenha acabado quando estes jovens alcançam a maioridade e têm apenas 36 ou 37 anos. Foi uma felicidade efémera...
Pode-se afirmar que este é um caso de sucesso, um bom «fruto da revolução de Abril», já que obteve imensos prémios e granjeou um sucesso invejável.
Li este livro chamado estranhamente «Livro» porque aborda o tema da emigração dos portugueses para França, nos anos da miséria salazarista, tema bastante actual, aliás, neste momento de crise.
Posso dizer que gostei da sua escrita e da forma como narra a estória, de uma forma geral, não aderindo, no entanto, à tendência do uso do palavrão e de referências aos instintos mais sórdidos dos humanos, sintomático nestes jovens autores. Penso que isso se deve a uma sua necessidade congénita de chamar a atenção para esses aspectos, de se servir de forma aleatória dos mais baixos instintos humanos, que não nos caracteriza a nós, mais velhos e fruto de outra educação.
Cá por mim, todos eles podiam muito bem passar sem este tipo de conteúdos ou de linguagem, o público ia lê-los na mesma, não têm necessidade nenhuma de usar tanto palavrão (não é muito no caso deste autor, comparado com outros), que podem agradar a algum tipo de público, mas que «perturba» um pouco muita gente dos 50 para cima, que afinal ainda é uma parte importante dos seus leitores, visto que ainda possuem algum poder de compra e alguns hábitos de leitura.
Penso que é uma má aposta, a médio e longo prazo, destes novos escritores, mas isto é a minha opinião. E quem sou eu?
Que tal fazer-se um estudo de mercado, a várias faixas etárias? Gosta de ouvir ou ler palavrões a eito em livros ou outras formas de expressão artística? Ou já lhe chegam os que tem de ouvir na vida real?

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Saul Dias




Pseudónimo de Júlio Maria dos Reis Pereira, irmão do poeta José Régio, Saúl Dias nasceu em Vila do Conde em 1902. Formou-se em Engenharia Civil, frequentou a Escola de Belas-Artes do Porto, realizando em Portugal várias exposições individuais   de pintura e desenho. Colaborou artisticamente em diversas revistas e jornais, nomeadamente a Presença,a cujo grupo pertenceu como poeta e como artista plástico.
A sua poesia caracteriza-se por uma grande delicadeza e pureza de expressão.
Achei muito curioso este poema, por me identificar com ele: também eu tive que eliminar da minha vida, progressivamente, o café, o fumo, e muitas outras coisas. Mas há sempre muito que fica ainda para viver, para além destes pequenos deleites da vida.

Álcool, Fumo e Café

Não mais o álcool,
não mais o fumo,
de azulado rumo,
nem o café.
Resta-me a fé
num áureo aprumo.
Não me consumo.
Sei como é.

Os nervos cansam
e vão partir-se.
A voz de Circe
ouço-a ainda...
E, mais mais linda,
ainda me chama
e, embora lama,
quero-lhe ainda.

Mas quero quietos
os meus sentidos,
comprometidos
em ascensões.
As sensações
hei-de chamá-las,
purificá-las
com comunhões.

Resto sedento,
desalentado...
Quem a meu lado
no funeral?
Negro portal
hei-de quebrá-lo.
Cantar de galo
sobre o coval.
..................

De qualquer forma
sigo o meu rumo,
num áureo aprumo,
cheio de fé.
Sem o café,
sem o tabaco, cortar o opaco
sei com é.

                             in «Tanto»

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

«O Principezinho» de Antoine de Saint-Exupéry



Em tempos tão conturbados e de tanto egocentrismo como aqueles em que vivemos, vale a pena relembrar esta obra magnífica e o seu autor, Antoine de Saint-Exupéry, que, não obstante ser filho de condes, serviu o seu país durante a Segunda Guerra Mundial, acabando por morrer num desastre de aviação numa missão de reconhecimento, aos 44 anos.
Apaixonado desde a infância pela mecânica e pelos aviões, este escritor francês começa a sua carreira de piloto em 1926, que acaba por lhe ser fatal, morrendo em 31 de Julho de 1944. O seu avião só foi encontrado cerca de 50 anos depois.
Ficou mundialmente conhecido como autor do livro «O Principezinho», para mim, uma obra-prima e um dos livros mais emocionantes e verdadeiros de sempre. O mais impressionante é o facto de Saint-Exupéry o ter escrito em 1943, em plena Guerra Mundial, em tempos de enormes atrocidades, enquanto estava exilado nos EUA.


Como foi possível a este escritor, no meio duma Guerra Mundial, manter o seu espírito criativo e imaginar a personagem sensível e maravilhosa do Principezinho ? Ou talvez fosse por isso mesmo que o inventou, pelo facto do mundo e dos homens estarem tão carenciados e privados de beleza e de amor.
Todos os capítulos são maravilhosos, mas escolhi um excerto do capítulo XVI, por falar da Terra:

O sétimo planeta foi, portanto, a Terra.
A Terra não é um planeta qualquer. Tem cento e onze reis (contando, claro está, com os reis pretos), sete mil geógrafos, novecentos mil homens de negócios, sete milhões e meio de bêbedos, trezentos e onze milhões de vaidosos, ou seja, aproximadamnte, dois biliões de pessoas grandes.

E podíamos continuar por aí fora a lista de Saint-Exupéry, mas é melhor ficarmos assim.

«Se vieres, por exemplo, às quatro da tarde, a partir das três começarei a sentir-me feliz.»  (Principezinho)





quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

José Saramago




José Saramago, Prémio Nobel 1998
 
 
Visitei no dia 18 de Junho o edifício da Fundação José Saramago, instalada na famosa Casa dos Bicos, no Campo das Cebolas. Precisamente no dia em que passaram 4 anos após a sua morte.


Só agora! Mas mais vale tarde do que nunca!
O dia estava cheio de sol, o autocarro ondulava e saltitava que nem um barco no mar alto pelo meio dos inúmeros obstáculos do caminho, mas lá chegámos, a minha amiga e eu.
Valeu a pena, no entanto. O edifício é muito bonito e ricamente decorado, com os seus mármores, madeiras ricas, vitrais... Também gostei das exposições e vídeos.

Aproveito para colocar aqui este power-point que me enviaram e de que gostei muito.
Palavras com sentido, cada vez com mais sentido!xa.yimg.com/kq/groups/13772410/1155245910/name/Saramago.pps


sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

«Perto do Coração Selvagem» de Clarice Lispector






Primeiro livro de Clarice Lispector, escrito aos 19 anos apenas, tornou-se uma obra decisiva nos novos caminhos da ficção brasileira  e elevou a sua autora ao primeiro plano das letras do Brasil, seu país de acolhimento.
Na realidade, sendo de origem judaica e tendo nascido na Ucrânia em 1920 , quando a sua família foi perseguida durante a Guerra Civil Russa de 1918-1921, antes da viagem de emigração para o Brasil, aí chegou com apenas 2 meses de idade. Por iniciativa de seu pai, todos mudaram de nome, à excepção da irmã Tânia, passando Haia (seu nome verdadeiro) a chamar-se Clarice..
 Clarice Lispector começou a escrever logo que aprendeu a ler, na cidade do Recife, onde passou parte da infância. Falava vários idiomas, entre eles o francês e inglês. Cresceu ouvindo em casa o idioma materno, o iídiche.
Revelando nesta obra uma penetrante capacidade de análise psicológica, grande domínio da linguagem,  força e  originalidade expressivas, Clarice Lispector afirma desde logo o seu talento para a escrita.
Faleceu com cancro no dia 9 de dezembro de 1977, um dia antes de seu 57° aniversário.
Sendo ela conhecedora e falante de várias línguas, escreveu sempre em língua portuguesa, a sua língua do coração, como ela afirmava.

«Amo esta língua. Não é uma língua fácil.É um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve querendo roubar às coisas e pessoas a sua primeira camada superficial. É uma língua que por vezes reage contra um pensamento mais complexo.»
















domingo, 2 de janeiro de 2011

Ano Velho Ano novo

Para todos que vão seguindo este blogue, que não deixem que se apaguem o fogo da vida e as luzes que viram brilhar nos céus no início do ano novo.
Muita luz, muita paz e muitas leituras para 2011!