terça-feira, 28 de janeiro de 2025

O Parque da minha Infância

  


Durante a minha infância, desde que nasci até aos 10 anos, vivi sempre perto do Parque Eduardo VII, a cerca de 10 minutos de distância.

Era o «nosso parque», meu e dos meus dois irmãos. 

Éramos uns felizardos por termos um jardim tão grande e bonito para corrermos, saltarmos e brincarmos, por vezes com outras crianças que encontrávamos lá. 

Havia muitas árvores, uma delas logo na entrada do caminho que tomávamos, a que eu conseguia subir, pondo os pés em troncos que me serviam de apoio. 

Havia um lago lindo com cisnes brancos e comedouros com cereais para eles comerem (agora já nem água tem).

Havia uma esplanada à beira do lago, com chapéus de sol, sempre com muitos clientes. Agora foi substituído por um restaurante  para gente «fina» e sem esplanada, onde não se pode apanhar nem sol nem ar puro.

Havia muitos bancos de jardim, para se poder onversar, conviver e observar a natureza (as aves, as rosas, a relva com as suas florzinhas, as árvores...).

E havia ainda as estátuas, tantas coisas belas...

Eu era minúscula, talvez como a polegarzinha, mas feliz no Parque Eduardo VII.



Polegarzinha , minúscula menina

Flautista ,com tua flauta mágica

Povoem de novo  meus pensamentos 

E ponham-me mais uma vez a sonhar

Com as terras da minha infância

Com os tempos  do meu parque

Onde os pássaros eram pássaros

Os cisnes nadavam nos lagos

E  eu era apenas  uma criança.

Maria Isabel










 

domingo, 26 de janeiro de 2025

«Da Poesia» de Editorial Minerva






 Um mérito da poesia: diz mais e em menor número de palavras do que a prosa.


Voltaire






Um poema não deve ter significado, só SER.

                        Archibald Macleish


sábado, 25 de janeiro de 2025

«Os Velhos»

 



Os Velhos


No mundo dos velhos

Homens e mulheres sem janelas

À espreita do céu

Esquecidos parados

Em quartos fechados

Espantam-se as paredes aos gritos

Ouvem-se os ecos que deliram

Ensurdecem as vozes 

Contra os muros

Tudo é solidão

Neste mundo de braços a acenar

A pedir de mão em mão...

Deixem-nos ao menos as portas abertas

A nós, pobres velhos sem vida 

 Sem janelas sem nada.


Maria Isabel

                                                                               25/2/96

 

 


quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

«Apocalipse»

 





Apocalipse


Biliões de seres fervilham

Sob este sol magnífico demais

Este sol que nos penetra todos os poros

Que atravessa as nossas pálpebras cerradas

Neste mundo cheio de contrastes demais

Dizemos que tudo amamos

O mar a terra  o ar os céus os animais

E em paga desse amor tudo nos dão

E os humanos tudo destroiem em golpes fatais

No nosso belo planeta plantamos o vácuo

E no fim partimos para o espaço

Em busca de outras galáxias

Com a glória vã de deixar neste mundo

A terra árida sem flor nem fruto

Os mares sem água azul e transparente

Biliões de seres aqui fervilhavam

Sob um sol outrora magnífico demais.

                                                                               18/2/96

 


 

 

 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

«Qualquer sítio»

 




Qualquer Sítio

 

Em qualquer sítio

Me sinto bem

Ou me sinto mal

Em qualquer parte do mundo

Podemos ser felizes

Ou não!

 

Essa magia está dentro de nós

Todos os lugares podem ser paraísos

Ou infernos!

 

Em qualquer sítio

Podemos ser anjos

Ou demónios!

 

Em qualquer sítio

Podemos ser felizes

Se quisermos.

                                                                              

Maria Isabel

6/12/96

 

 




 

 

 

domingo, 19 de janeiro de 2025

 




Fuga sem fim

 

A vida está a passar

Estamos a caminhar

Para o fim não esperado

Cada dia é muitos dias

Cada hora muitas horas

E eu não consigo lembrar tudo

A vida está em fuga

Como se tudo tivesse

Que terminar um dia

A    vida    foge-me  e não torna 

Entre    os    dedos

A esvoaçar como areia morna

Não posso voltar

Esta viagem é só de ida

E cada passo que dou

É um acto desesperado

Tentando não chegar

Ao dia da partida já marcado.

 

Maria Isabel

                                                                               4/9/95

 

 


 

 

sábado, 18 de janeiro de 2025

 



A Gata


Naquela tarde soalheira

A gata dormia

Em cima da cama, à beira

Ao sol estirada

E fazia rom-rom.


A dona da gata

Também dormia

Ao sol espreguiçada

E fazia rrrrrrrrrrrrrrrrrr

No mesmo tom.


Os passarinhos passavam

E faziam piu-piu-piu

Para a gata e para a sua dona.

Mas elas só dormiam

E toda a tarde faziam

rom-rom-rrrrrrrrrrrr-rom-rom.


Que bela sesta fizeram

Naquela tarde cheia de sol

A gata e sua dona!

Pois bem o mereciam!


Junho/96