Dos meus antepassados de Sevilha, apenas conheci o meu avô Mariano, que eu adorava e que me chamava «joinha». Foi também meu padrinho. Ficou viúvo muito cedo, a minha avó morreu aos 33 anos. Era um pai extremado, vivendo sempre com a sua filha (minha mãe) e dando-lhe todo o amor e carinho que conseguia, para colmatar a falta que uma mãe faz, como ele próprio sabia.
Era uma doce e terna criatura, e como sevilhano de gema, gostava de touradas. Nisso não o acompanhava. Sua mãe, Dolores, morreu de parto, o pai um ano depois, dizem que por ter ficado no cemitério tempo de mais ao sol, em frente ao túmulo dela.
Meu avô Mariano foi compensado de tanta desventura com um novo amor encontrado numa mulher do povo, trabalhadora e inteligentíssima, que começou por servir lá em casa: a Tatão
(diminutivo de Conceição). Esta também ficou no meu coração, para sempre.
Da breve vida dos meus bisavós sevilhanos não me restou nada, nem uma foto. Terão passeado e namorado pelo magnífico Parque Maria Luisa, deixado lá a marca dos seus passos felizes naquele momento. É estranho olhar estas imagens paradisíacas e pensar que aqui começou uma parte da minha família. E sentir saudades do que nunca se conheceu.
E tudo tão belo, num mundo cheio de sofrimento e dor.
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