Canção pela
Liberdade
Está sol
Parece verão
No entanto,
o frio apodera-se
Do meu corpo
E do poema
que se escreve sozinho
O vento percorre
tudo
Este vento
do Leste e do Norte.
As ruas da
cidade deserta
As notícias
nos ecrãs
Que
descrevem minuciosamente desgraças
Bombas guerras sangue morte
Protestos
dos indignados
Dos jovens
que ocupam corajosamente as praças
As praças
que já não são deles
As avenidas
que já não da Liberdade
Das pobres gentes deixadas à sua sorte.
Não é
permitido andar na rua
Não é
permitido sonhar
Não é
permitido respirar do ar
Que já não é
de todos mas
Só de alguns
privilegiados
Ar que se torna
cada vez mais raro
Mais caro e,
de repente, desaparece
Nas nuvens
no vazio no céu
No
crepúsculo ou no poente…
Ar num
qualquer esconderijo comprimido
Que alguns desses
seres de privilégio
Mandaram
escavar bem escondido
Para o
explorarem individualmente
Para o respirarem egoisticamente
Doutores seres
superiores poderosos
Detentores
de verdades que afinal são mentiras
E que lhes
saem das bocas, descaradamente
Com dentes
afiados, branqueados
Dos olhos
gulosos, gananciosos
Das vozes
mafiosas e enganosas.
Nós ós ós ós ós ós.....
O ar é nosso, nosso!!!!!
E que viva a nossa liberdade!!