sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

«De Vita»

 

De Vita

 

Bem haja

Aos que me deram a vida

Aos que me amaram

A todos por quem me senti querida

A todas as alegrias sentidas.

 

 

Bem haja

À força que sinto arder em mim

Por todo o bem

Que recebi com mãos ambas

Por todos os males, doenças, enfim

Que feriram o meu pequeno e frágil corpo 


 

Bem haja

Os campos em flor

Onde a semente  feliz germinou

E aquele mar sem fim

Que nos atraiu

E por vezes nos atraiçoou

Bem haja,

Enfim, o amor!

                                               

Maria Isabel

25/8/96

 



quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

«Poema para Manuel»

 


E cinquenta anos, um mês e 16 dias depois a vida em conjunto continua e o amor também.

E já não acredito que fosse «por acaso»

Foi antes o Destino, que estava escrito «là-haut, dans le grand rouleau»(Diderot).


Poema para Manuel

 

Encontrei-te, assim, por acaso

Na mesa dum café, simplesmente

Nos intervalos da revolução.

Lias os teus livros, solitário

Fazias análises e comentários

Com minúsculos caracteres

Nas margens da vida.

 

Olhámo-nos e amámo-nos

Para todo o sempre

Dissemos com paixão

E tudo se passou assim, simplesmente,

Nós sedentos de amor,

Nós sós no infinito

Falávamos de tudo, de filosofia

De livros , de poesia

Íamos ao cinema todo o dia...

 

A VIDA enfim para nós sorria

Tudo era um sonho

Imaginávamos um outro mundo

Só tinhamos amor para dar

Não possuíamos nada

Mas nada nos faltava

Tu eras o meu porto de abrigo

Eu, o teu barco de salvação...

 

 Hoje, o mundo já não é nosso

Tudo mudou

Mas nós continuamos a caminhar

À procura de tempo para amar

Como antigamente.


Maria Isabel

 

                                                           26/7/96

 




terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Equilíbrio

 


O equilíbrio ao fim de mais um dia, no Parque das Nações.

A lembrar-nos que é preciso encontrar o ponto exacto em tudo na vida.

E se cairmos, é preciso levantar e tornar a tentar. 🙂

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

«Noite serena num sétimo andar

 


Mais um poema da juventude


Noite Serena num 7º andar


Noite serena

Alma penada

Angústia parada

Calças de ganga

Blusa aos quadrados

Olhos a sobrevoar

A nuvem passada

Nuvem escuridão

Olhos de solidão

Mãos no vazio

Mãos de nada

Lua cansada

Lua escondida

Braços vazios

Basta de Fado

A vida castrada

A ânsia frustrada

O amor enlatado

O fogo apagado

O poço sem água

A terra sofrida

A mágoa calada

Ouvindo Chopin

Lá no alto

Dum 7º andar

Dentro de mim.




domingo, 12 de janeiro de 2025

«Cem sonetos de amor, extrato I» de Pablo Neruda

 



Nasceu Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto no Chile, em 1904, mas aos dezessete anos tornou-se Pablo Neruda, nome pelo qual é conhecido mundialmente. 

Vencedor do Nobel de Literatura em 1971 e considerado um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século XX.

 Cem Sonetos de Amor, extrato I

Matilde, nome de planta ou pedra ou vinho,
do que nasce da terra e dura,
palavra em cujo crescimento amanhece,
em cujo estio rebenta a luz dos limões.

Nesse nome correm navios de madeira
rodeados por enxames de fogo azul-marinho,
e essas letras são a água de um rio
que em meu coração calcinado desemboca.

Oh nome descoberto sob uma trepadeira
como a porta de um túnel desconhecido
que comunica com a fragrância do mundo!

Oh invade-me com tua boca abrasadora,
indaga-me, se queres, com teus olhos noturnos,
mas em teu nome deixa-me navegar e dormir.

 (........)

 Pablo Neruda


As estrofes acima são apenas o trecho inicial de um longo poema de amor, dos mais celebrados de Neruda. Aqui a premissa de louvar a amada aparece com um elogio ao seu nome, esse é o ponto de partida para elevar suas virtudes.



 Mais um poema de quando era jovem




EU, QUEM SOU?


Mas, afinal, quem sou eu?

Ouço os meus passos que me procuram

Num labirinto sem saída

Volto-me, rodopio, caminho sem parar

Olho à minha volta

Num acto de deseperança

Nada, ninguém me vê

Nem mesmo tu

E tu? Quem és?

Diz-me, fala-me sem palavras

Fala-me com os teus olhos

Com os teus braços, com as tuas mãos

Com a tua boca

Mas não com palavras.

Sinto uma vontade grande de escrever

As letras procuram o papel

Mas não  falam de mim

Afinal, quem sou eu?


Maria Isabel


 

 

 

 

 

sábado, 11 de janeiro de 2025

«Urso Polar» em verso

 


A natureza é maravilhosa, embora a vida dos seres vivos nem sempre seja fácil.

Pois a luta pela sobrevivência é sempre dura.

Como a do urso polar e das focas.


Urso Polar

 

Eu sou o urso polar

Vivo no Pólo Norte

Alguns gostam de me chamar

Urso-branco e sou de grande porte

Pois dois metros e meio

Posso até alcançar

Quando em pé me colocar

 

Por causa da minha cor

No meio da neve e do gelo

Me sei disfarçar

Para assim as focas

Poder caçar

Quando elas nos buracos

Aparecem para respirar

 

Os filhotes do urso polar

São protegidos pelos pais

Dentro de grutas na neve

Mas sempre que podem

Saem delas para brincar e pular.


Maria Isabel