quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Uma pequena história: Maria

 




Uma pequena história:

Maria era uma menina que tinha medo de tudo: medo do cão da vizinha Olga, dos gatos branco e preto do vizinho do 2º dto, dos carros na rua que faziam muito barulho, dos insectos que picavam, dos  miúdos que lhe deitavam a língua de fora, das meninas que só faziam brincadeiras estúpidas, dos adultos que lhe davam palmadinhas nas bochechas...Enfim, não havia nada que não fizesse medo à pobre da Maria.

Que havia ela de fazer? Queria tanto ser uma menina corajosa , ser a primeira em tudo lá na aula, ser  a mais forte e rápida no recreio.

Mas não conseguia. Estava sempre com medo de errar, de fazer asneira. Considerava-se a mais feia, a mais infeliz de todas as meninas.Pobre Maria.

Um dia, a mãe perguntou-lhe o que é que ela tinha, porque é que não brincava com os outros meninos, porque é que fugia dos gatos, dos cães e das pessoas.

-Tenho muito medo- disse Maria.

-Só isso?-perguntou-lhe a mãe.

-Sim- respondeu ela.

-Então, isso é muito fácil de resolver. Vais pensar sempre que eles são os teus filhinhos e que tu és muito forte e a sua melhor amiga, aquela em quem eles têm mais confiança.

-Está bem- disse Maria, um pouco desconfiada ainda.

E lá começou a pôr em prática aquele conselho dado pela sua mãe, em quem ela tinha confiança absoluta, sem medo de espécie alguma.

Mãe é sempre (fora alguns casos que fogem às leis naturais dos humanos) a pessoa em quem podemos confiar, porque nos une o Amor, o Amor de quem cria e de quem foi criado.

 


domingo, 10 de novembro de 2024

«Para sempre criança» de Maria Isabel

 




Para sempre criança

Polegarzinha , minúscula menina
Flautista ,com tua flauta mágica
Povoem de novo meus pensamentos
E ponham-me mais uma vez a sonhar
Com as terras da minha infância
Com os tempos do meu parque
Onde os pássaros eram pássaros
Os cisnes nadavam nos lagos
E eu era apenas uma criança.

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Outono, a estação mais bela

 




Chegou o Outono.

Para algumas pessoas, o Outono é mesmo a estação mais bela.

Para outras, é o recomeço das suas actividades de rotina, terminando-se o período de férias, de descanso e de lazer. 

É o regresso ao turbilhão do trânsito, das corridas para todo o lado, do ruído das cidades.



Os provérbios populares mostram esta estação do ano nos seus cambiantes a nível da temperatura, que começa a descer gradualmente, dos dias que se tornam mais pequenos, da natureza em que as folhas das árvores ficam vermelhas, depois amarelecem e caem como se fossem dormir misturando-se com o chão, e a nível das actividades nos campos, que se pautam pelo apanhar das uvas, das azeitonas e dos mais variados frutos do outono.



Logo que o Outono venha, procura a lenha.

No Outono o sol tem sono.

Quem planta no Outono, tem um ano de abono.

No Outono as folhas caem de sono! 

Outubro meio chuvoso, torna o lavrador venturoso!



terça-feira, 29 de outubro de 2024

 


A poesia é tudo o que existe


Um pássaro que chilreia ao amanhecer

As andorinhas fazendo os seus ninhos nos beirais

É uma forma de ser-se amigo de alguém

É uma flor a abrir nas montanhas

É o ruído do mar nos rochedos a bater

E é sentar-se na relva também.


Maria Isabel





quinta-feira, 17 de outubro de 2024

« No céo, se existe um céo para quem chora » de Antero de Quental










 No céo, se existe um céo para quem chora.

Céo, para as magoas de quem soffre tanto...
Se é lá do amor o foco, puro e santo,
Chama que brilha, mas que não devora...

No céo, se uma alma n'esse espaço mora.
Que a prece escuta e encharga o nosso pranto...
Se ha Pae, que estenda sobre nós o manto
Do amor piedoso... que eu não sinto agora...

No céo, ó virgem! findarão meus males:
Hei-de lá renascer, eu que pareço
Aqui ter só nascido para dôres.

Ali, ó lyrio dos celestes vales!
Tendo seu fim, terão o seu começo.
Para não mais findar, nossos amores.

Antero de Quental








segunda-feira, 30 de setembro de 2024

«Ano 2024 ano morte guerra escuridão




Escrevo cada

                     poema

Como o último dos

                               poemas

Desenho cada palavra

Como se fosse a única


Ponho 

          em cada verso

toda a dor

a tristeza completa


Cada linha vermelha de sangue

Negra de morte

ocupa todo o meu 

                            viver

a minha escrita

                        é um crepúsculo

                        o céu em fogo

                        as bombas que caem 

                        as armas que matam

                        as vítimas que caem 

                        nas terras em chamas

                        crianças que morrem

                        soldados que morrem 

                       soldados que matam

Ano de 2024

mergulhado em guerra, morte e escuridão.


Maria Isabel 





quinta-feira, 29 de agosto de 2024

 




Partida 

 

Mal o dia começou

E já te vejo partir

No meio do frio e do vento

Nesta manhã sem sol

Vejo-te correr apressado

E eu aqui fico sem ti

A cama ainda quente

As horas passam

Queria fazer tanta coisa

E não consigo...

Depois vejo-te regressar

Na imensidão da noite

Cansado e sorridente

Cheio de amor para me dar

Ouço a chave na porta

Eu aqui à tua espera

Temos tanta coisa para contar

E o amor à flor da pele

E o coração a bater

Vejo-te a regressar

O jantar a fumegar

E tu a dizeres

"Pensei em ti"

Eu também não me esqueci

Amanhã estaremos juntos

E se fôssemos jantar?

                                                       7 de Janeiro 1975