segunda-feira, 10 de junho de 2013

Edgar Allan Poe

Edgar Allan Poe (1809/1849)



André Carrilho, um dos nossos ilustradores/caricaturistas mais importantes, desenhou assim o grande escritor norte-americano Edgar Allan Poe, comendo as personagens dos seus contos mais conhecidos, representando deste modo as dificuldades financeiras deste escritor:



 

domingo, 9 de junho de 2013

Carice Lispector - Exposição
























Mais uma exposição magnificamente montada pelos nossos irmãos brasileiros, que para assuntos de cultura não olham a meios. 
Desta forma, imaginaram o maior gavetão do mundo, onde Clarice iria se perder para todo o sempre.
O símbolo da «grandeza» de uma escritora que não gostava de palavras redutoras.

sábado, 8 de junho de 2013

«Superfícies vegetais» de Isabel del Toro Gomes





Uma bola de verdura
Não dá para jogar
Mas é muito melhor
Porque dá para olhar 
E para os pássaros
Esconderem os seus ninhos.



A garra que lança poderosa
Os seus múltiplos dedos
Em direção aos céus
Como quem assusta os medos.


Requiem para uma árvore
 


Aqui jaz tristemente abandonada
A árvore maior, a mãe natureza
Que a tanta mudança assistiu
Os tempos passaram
As secas, as lutas, as ceifas
Até que a subida das águas desejadas
Do lago imenso a mataram.




Pequena, bonita e colorida
Longas câmpanulas lilases
E no entanto
Destilam um veneno mortal
Mistério deste mundo vegetal.




Alguém neste banco irá sentar-se
Não se sabe quem
Para simplesmente descansar 
Dormir ou até sonhar
Na sua sombra refrescante
Em devaneios do além.



sexta-feira, 7 de junho de 2013





Mia Couto, ou melhor António Emílio, escritor moçambicano, recebeu o Prémio Camões este ano, 2013, o maior prémio da literatura lusófona, pelo conjunto da sua obra.
Mais do que merecido! E todos nós, portugueses, nos congratulamos com isso, porque gostamos dos seus livros, escritos numa língua portuguesa reinventada e recriada não só pela sua imensa e variada  experiência de vida, como também pela sua capacidade de a transmitir a todos.
A sua frase Todo o Homem é uma raça tornou-se numa epígrafe e foi adoptada por todos que acham que a condição e o estatuto da pessoa não podem ser atribuídos em função da aparência exterior, e que se batem pelo reconhecimento da igualdade biológica e de direitos.

O genoma não tem raça.

Esta foi a frase proclamada em 13 de Fevereiro de 2001, no início deste século que se deseja diferente do catastrófico século XX, que se pretende sem preconceitos de espécie alguma.
Perante o tempo de instabilidade que se vive em todo o mundo, e o ataque das forças predadoras dos sistemas financeiros e capitalistas, em que cada um procura sobreviver o melhor que pode, ou roubar o máximo possível, segundo o caso, esperemos que estas frases não se tornem míticas, bem como os Objectivos do Milénio, já esquecidos por muitos, com toda a certeza.

Chegada

Chegas,
sóbria e sombria,
e desocupas em mim
a tua própria sombra.

Agora és a minha própria voz:
nenhum silêncio nos pode calar.

Falas e acaba o tempo.

E eu escuto-te
apenas quando te lembro.

 


Mia Couto, Poema Inédito(vidé Jornal de Letras de 12/6/2013)


quinta-feira, 6 de junho de 2013

Fernando Pessoa



Deus Quer, O Homem Sonha, a Obra Nasce

                        Fernando Pessoa




Caricatura de Fernando Pessoa por André Carrilho

domingo, 2 de junho de 2013

Sevilha




Dos meus antepassados de Sevilha, apenas conheci o meu avô Mariano, que eu adorava e que me chamava «joinha». Foi também meu padrinho. Ficou viúvo muito cedo, a minha avó morreu aos 33 anos. Era um pai extremado, vivendo sempre com a sua filha (minha mãe) e dando-lhe todo o amor e carinho que conseguia, para colmatar a falta que uma mãe faz, como ele próprio sabia.




Era uma doce e terna criatura, e como sevilhano de gema, gostava de  touradas. Nisso não o acompanhava. Sua mãe, Dolores, morreu de parto, o pai um ano depois, dizem que por ter ficado no cemitério tempo de mais ao sol, em frente ao túmulo dela. 



Meu avô Mariano foi compensado de tanta desventura com um novo amor encontrado numa mulher do povo, trabalhadora e inteligentíssima, que começou por servir lá em casa: a Tatão   
(diminutivo de Conceição). Esta também ficou no meu coração, para sempre.

Da breve vida dos meus bisavós sevilhanos não me restou nada, nem uma foto. Terão passeado e namorado pelo magnífico Parque Maria Luisa, deixado lá a marca dos seus passos felizes naquele momento. É estranho olhar estas imagens paradisíacas e pensar que aqui começou uma parte da minha família. E sentir saudades do que nunca se conheceu. 
E tudo tão belo, num mundo cheio de sofrimento e dor.


«Yo fui» de Luis Cernuda

 


Luis Cernuda nasceu em 1921 em Sevilha e morreu no México em 1963.
É mais um dos poetas da Geração 27.


 Yo fui.
Columna ardiente, luna de primavera.
Mar dorado, ojos grandes.

Busqué lo que pensaba;
Pensé, como al amanecer en sueño lánguido,
Lo que pinta el deseo en días adolescentes.


Canté, subí,
Fui luz un día
Arrastrado en la llama.

como un golpe de viento
Que deshace la sombra,
Caí en lo negro,
En en mundo insaciable.

He sido.

                           Luis Cernuda, Donde habite el olvido