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segunda-feira, 1 de julho de 2019

O mar as dunas as rochas, de Isabel del Toro Gomes





O Mar as dunas as rochas



A minha cama

É o mar.

Adormeço ao sabor

Das ondas

Acordo no embalo
Dos seus braços.


Passo os meus dias

A olhar o verde

O azul, o  cinza cor de areia.

Caminho na sua espuma

Gravo os meus passos nas dunas.




No seu fundo deserto

Mergulho  sonhos, ilusões

Deixo o meu rastro

De alegrias, tristezas, emoções

Nas suas escarpas rochosas.




Abandono o meu ser

E minha alma no areal

Abandono o meu corpo

Por fim

Nos lençóis do infinito.

E então sonho amar.

















quarta-feira, 19 de junho de 2019

Ponte Vasco da Gama




A Ponte Vasco da Gama é a mais bela ponte de Portugal (na minha opinião), a mais longa da Europa Ocidental e uma das mais extensas do mundo (12,3 Km de comprimento).
Lembro-me bem de quando estava em construção, em 1998, dos acidentes que houve (a morte de um dos engenheiros principais, duma criança que morreu afogada numa poça), da feijoada que fizeram aquando da sua inauguração, enfim, das críticas que gerou, como tudo neste país.



Agora ali está ela em frente às minhas janelas, sem a poder ver no entanto, por ter outro prédio-gigante em frente.
Quando se ilumina à noite então fica magnífica, o que só acontece nos dias festivos. Andamos pela rua e, de repente, aparecem aqueles veleiros brancos como navios fantasmas.
Gosto de fotografá-la e de imaginar que vou viajar atravessando-a rumo ao sul. 
O pensamento e a imaginação podem sempre viajar mais que o corpo, por vezes já cansado.




Pela grande ponte se chega
Pela grande ponte se parte
A viagem é longa
Como um belo dia de sol
Que nunca acaba.






sábado, 6 de abril de 2019

Se num dia de sol




Se num dia de sol…



Se num dia de sol

 me perguntassem

 o que queria ser

 se pudesse escolher

 diria que apenas queria

 ser uma simples lagarta

 para me poder transformar

 numa bela borboleta amarela

e pelos ares esvoaçar…








Se num dia de sol

 me perguntassem

 porque gosto tanto dos rios e do mar

 diria que é porque a água

 jamais se cansa de correr e saltitar

 de pedra em pedra

 repousando um pouco ali

 na translúcida e doce lagoa

 logo se precipitando de novo acolá

 de rocha em rocha

Para as ondas do imenso mar...





Se num dia de sol

me perguntassem

 como gostaria de morrer

 diria que como uma folha

 que de verde e luzidia

 aos poucos se transforma

 castanha amarela vermelha

 e um dia voa lá das alturas

 como um pássaro louco

 rodopiando subindo descendo

 e logo ali fica repousando
 no útero da terra - mãe

 para mais tarde renascer.



Se um dia me perguntassem…


Isabel del Toro Gomes

domingo, 10 de fevereiro de 2019




Venezuela
Terra bela
Terra rica
Não podemos deixar morrer
Os nossos irmãos.
Maduro tem as mãos
Sujas de sangue inocente
O mundo tem de ajudar
Toda essa gente
Que morre de fome
Que chora pela Venezuela.


                                Isabel del Toro Gomes

quarta-feira, 18 de abril de 2018

«Árvores do Parque» de Isabel del Toro Gomes




Árvores do Parque



Árvores do Parque

Da minha infância

Único jardim não proibido

Árvores grandes e frondosas

Minhas eternas companheiras

Por quem eu trepava ligeira

Com jeito que até eu desconhecia

Pézinho aqui joelho ali

De ramo em ramo

Me içava para o céu

Eu tão pequena e frágil

Que sonhava mais alto

E mais e mais acima

Tu de ramos grossos e fortes

Me recebias num estreito abraço

De amor e união

Tu árvore grande do meu Parque

Tu maravilhosa natureza

Transbordando de vida e seiva

Eu criança pequena e frágil

Empoleirada na tua verde beleza.





sexta-feira, 2 de março de 2018

«Gritar contra a guerra» de Isabel del Toro Gomes



Porque razão os homens se matam uns aos outros, até à destruição total dum país, só parando quando já nada resta?
Quem poderá parar a guerra na Síria, onde se matam diariamente centenas de pessoas, há pelo menos 7 anos?
Nem a ONU, nem a Unicef, nem ninguém tem conseguido que se cumpra o cessar-fogo. 
E o horror continua a ser imposto às crianças e a toda a população daquela região. 
Um flagelo, um país destruído, uma mágoa para todos nós, que gritamos e lutamos como podemos para que haja paz no mundo. 


Gritar contra a guerra

Por todo a terra

Morrem crianças

Que não poderão vir a ser

Homens nem mulheres com esperança

Que nunca poderão

Viver o dia de amanhã.



Que terão sempre tristeza 
Dentro do seu coração
A terra que lhes foi roubada
A casa que foi destruída
Os pais os avós os tios
Mortos, desaparecidos.

Pobres crianças do mundo
Belas borboletas de asas cortadas
Papoilas rubras já desbotadas
Sem futuro, sem amor
Sem memória, sem nada.


Pobres crianças do mundoPétalas que caem da flor mais bela
Dum jardim ferido e abandonado. 

                                                               Isabel del Toro Gomes







domingo, 26 de novembro de 2017



Só para desejar a todos os amigos um bom domingo, o último de Novembro 2017, fui «rebuscar» um poema meu bem antigo, escrito em 1995, imaginem! Até a minha memória está a precisar de relembrar estas palavras e versos escritos por mim há já tanto tempo (há 22 anos, Deus o tempo passa!).

No passeio de domingo


Toda a minha gente

Anda no seu passeio de domingo

Uns para baixo, outros para cima

Uns para cá, outros para lá

Uns de carro, outros a pé

Mas todos desejam e imaginam

Um belo passeio de domingo.

Uns falam e riem alto

Outros calam-se

E escondem o sorriso

Mas todos pensam

"Que belo passeio de domingo!"

Toda a semana a trabalhar

A fugir da dor e do cansaço

Sem tempo para nada

A correr, a correr

Sem tempo para pensar.

Mas no domingo

Lá iremos passear.

                                                               24 Set./95


quarta-feira, 30 de agosto de 2017

«Sesimbra» de Isabel del Toro Gomes




Sesimbra





Recordo o mar de Sesimbra

Esse mar que nos chama

E nos cativa, lá do fundo

E que é sempre da cor do céu









Esse mar em que todas as coisas

Se confundem e se misturam

Algas, rochas, lapas

Peixes, conchas, pedras








Ali, na linha do horizonte

Azul é o céu

Azul é o mar

Azul é a esperança







Ouço o teu apelo amigo

De dia suave e calmo

De noite rouco e turbulento



  

E respondo então assim

Mar grande e profundo

Estou aqui!

Deixa-me mergulhar em ti.



quarta-feira, 16 de agosto de 2017

«O Piano» de Isabel del Toro Gomes



quadro de Milly Possoz

O piano

Ao longe, num palco qualquer

Alguém o piano tocava

E eu ouvia

Aqui à espera sentada.



A concertista

Fazia exercícios rápidos

E os seus dedos mágicos

Eram como crianças endiabradas

Aos saltos.



O piano cantava

A música rodopiava

O mundo como que parava

E eu aqui sentada

Ouvia e lia poesia.

                                                         quadro de Milly Possoz


segunda-feira, 7 de agosto de 2017

«Luz ao fundo do túnel» de Isabel del Toro Gomes



Luz ao fundo do túnel



Já ninguém olha para o céu

Já ninguém admira a forma das núvens

Nem o brilho das estrelas

Nem a lua banhando-se no mar...


Nem o sol quando nasce e se põe

Nem as manhãs frescas e claras

Nem a água a correr nos rios

Nem os gritos do vento

Nem as montanhas altivas

Nem as rochas, nem as pedras...


Para quê olhar o céu?

Quem quer saber de constelações?

Já só interessam os milhões!

Quem quer saber das coisas e dos outros?

Já só interessa viver aos poucos
Sobreviver à angústia de cada dia.


Todo o dia é uma noite

Em que se percorre um imenso túnel

Sem encontrar  uma luz ao fundo.

                                                                            3 Out./95

segunda-feira, 3 de julho de 2017

«Pôr-do-sol»


Todos os dias têm um fim
Todos os dias o sol se deita
No horizonte azul-rosa-lilás-roxo-cinzento
Mas neste dia
O pôr-do-sol foi assim

E eu estive a olhar
Esse céu infinito
Como se fosse eu que adormecia

Vi um pôr-do-sol
E tudo se tornou em magia. 
                                               Isabel del Toro Gomes




domingo, 30 de abril de 2017

POrto Santo



A fuga

Deste inóspito frio
Quero apenas fugir
Para tão longe
Que nunca mais possa voltar
Fujo para todo o sempre
Deste inverno impiedoso
Que me destrói e gela até aos ossos.


Quero apenas existir
Naquela formosa ilha amena
porto santo de pequenas colinas
praias afáveis de águas límpidas
Para todo o sempre





sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

2017: O ano de todas as (des)esperanças


O ano 2016 já lá vai. Todos são unânimes em dizer que foi um ano péssimo, a desilusão é grande, as crises sucedem-se desde há onze anos pelo menos (não deviam de ser só dez anos?), o nível de vida baixou assustadoramente, ao invés do desemprego e de outras desgraças económico-sociais que aumentaram e que continuam a aumentar, estatísticas e marketing à parte!

Violência, guerra, terrorismo, actos gratuitos de crueldade contra o seu semelhante caracterizaram o mundo em 2016 e as primeiras horas de 2017.

Hoje é o sexto dia do mês de Janeiro, muita coisa aconteceu já em 2017, na vida de cada um. Coisas alegres, coisas tristes, boas e más, como sempre. Continuemos a lutar por um mundo melhor, cada um a seu modo. Este é o meu, o das palavras simples e concretas. 



2017
E o ano lá vai entrando

Ao som de foguetes

Muitos fogos

Muitas panelas a bater

Muita gente que pula e dança

Nas ruas até ao amanhecer.



Como se não houvesse amanhã

Como se as guerras deixassem de se fazer

Como se os atentados deixassem de acontecer

Como se todos os refugiados, todas as vítimas

De todas as guerras e violências

Estivessem de novo em casa

Sentados na  sala a sorrir e a brincar

Com os filhos que não morreram afinal

Naquele imenso mediterrâneo sangrento.

Fugir pelo mar quando a terra lhes é roubada…



E o ano lá vai chegando

Chuvoso triste e nevoento.

                                                   Janeiro 2017


sábado, 19 de novembro de 2016

«O Piano» de Isabel del Toro Gomes



O piano


Ao longe, num palco qualquer

Alguém o piano tocava

E eu ouvia

Aqui à espera sentada.

A concertista

Fazia exercícios rápidos

E os seus dedos mágicos

Eram como crianças endiabradas

Aos saltos.

O piano cantava

A música rodopiava

O mundo como que parava

E eu aqui sentada

Ouvia e lia poesia.