terça-feira, 30 de abril de 2019

Os melros, esses belos pássaros negros



Não tenho um melro à minha janela, mas tenho no prédio em frente um ninho de melros num buraco da parede. Todos os anos é habitado e os pais saem e entram em grande azáfama para alimentar aqueles filhotes, que devem estar sempre com fome, pelo que vejo.


O Melro

De que fala quando canta
o melro à minha janela?
Fala do amor ausente
ou recorda simplesmente
os tempos que não viveu
porque morreu?
Vestiu de luto para sempre
e as penas pretas que veste
não consentem alegria:
apenas deixam ouvir
a sua melancolia
num cantar de dor presente.
Carlos Mendonça Lopes




domingo, 28 de abril de 2019

O flagelo das baleias mortas



Não bastavam todas as outras desgraças fatais que acontecem a estes belos cetáceos (ficarem encalhadas em navios, não conseguirem regressar para o mar alto), agora é também o maldito plástico que as mata . Somos todos nós que usamos copos, talheres, etc de plástico, e os governos que não legislaram a tempo para os proibir, e as lixeiras que não fazem o seu tratamento e os deitam para o mar, todos somos responsáveis diretos ou indiretos deste flagelo que está a atingir as baleias, os mares, os corais, enfim toda a flora e fauna marítima.
Tudo isto me assusta e me causa grande pena.
Mas os governantes deste mundo parecem continuar a pensar só na sua vidinha material e gananciosa.
Esperemos que haja mudanças em breve, para bem do nosso Planeta e de todos nós.
Por mim, vou recusar-me a tirar café ou outra bebida em copos de plástico, nem que me apresentem uma chávena de café com uma colherzinha de plástico. Etc etc.
Pouco a pouco...enche a galinha o papo.




Maré mágoa
Maré brava
Maré do nosso desespero
Maré alta
Maré baixa
Maré da nossa dor
Não nos leves para sempre
As baleias, os corais
Toda esta vida em flor

quarta-feira, 24 de abril de 2019

A poesia está na rua






A POESIA ESTÁ NA RUA, 

o poster que esteve na minha parede até se estragar.
Com cravos, poesia e uma multidão que saltou das camas a ouvir «Houve uma revolução, houve uma revolução» e foi para a rua comemorar, ou ficou em casa a ouvir e olhar espantado a Televisão.
Depois...aconteceu a Vida … até hoje.
Tivemos sorte!

terça-feira, 23 de abril de 2019

A Igreja de São Sebastião da Pedreira

Igreja de S. Sebastião da Pedreira


Esta foi a Igreja onde os meus pais casaram e onde os meus irmãos e eu fomos batizados.
É uma verdadeira relíquia ali mesmo no Centro da Cidade, mas parece-me que os turistas preferem ir para outros locais, principalmente comerciais.


A Igreja de São Sebastião da Pedreira é um templo católico situado no Largo de São Sebastião da Pedreira, em Lisboa.
Esta igreja de construção seiscentista, fundada no tempo do rei D. João IV de Portugal, no sítio da Pedreira, é uma das raras sobreviventes do terramoto de 1755, tendo sido inaugurada em 1652. Foi dedicada ao mártir cristão São Sebastião, cuja vida é retratada no teto e nos painéis de azulejos que forram as paredes.
Traduz uma linguagem severa "estilo chão", cuja fachada de duas torres sineiras, definidas por pilastras e cunhais de cantaria, é coroada por duplo frontão triangular. É servida por escadaria dupla, lateral, para vencer o desnível do adro, e surge rasgada por um portal emoldurado a cantaria, rematado por tímpano interrompido por um medalhão em baixo relevo com o emblema do santo padroeiro.
O interior, de nave única, revela uma decoração e um precioso recheio de arte barroca dos séculos XVII e XVIII, de certo modo inesperado face à secura do exterior
O resultado é uma mistura de imagens azuis e brancas e detalhes dourados que surpreendem ao entrar, pois o exterior é simples e austero.

Interior da Igreja
Os efeitos do terramoto de 1755 foram nocivos, tendo desaparecido o tecto de caixotões de brutesco (1670) que cobria a nave e impondo muitas obras de restauro no templo, mas ainda resta, da campanha anterior a 1755, a obra do coro barroco, com colunas de elegância berniniesca, em pedra acinzentada, suportando uma balaustrada, que remete para campanha barroca do início do século XVIII.
Na capela-mor, encontra-se o túmulo de D. João Bermudes, patriarca de Alexandria e Etiópia, falecido em 1570, que procede da anterior ermida.


Escola básica de São Sebastião








Esta foi a escola onde fiz a 3ª e 4ª classe, com uma professora simpatiquíssima, que era uma exceção à regra pois não dava reguadas nem batia nas crianças.

Era uma pessoa meiga, bonita, que me tirou do pesadelo em que tinha vivido no Patronato de S. Sebastião, onde uma freira me tinha dado uma bofetada por eu ter ido para os baloiços, não percebendo que era a coisa que uma criança de 7 anos mais desejava na vida, pois nunca tinha andado neles, não havia parques de baloiços como agora há por todo o lado.


As crianças eram todas muito pobres, os meus pais puseram-me lá porque morávamos a 5 minutos dali, na R. Filipe Folque. Ainda tenho ma memória uma cena com uma menina de lá: estávamos na bicha para a casa de banho, ela encostou-se a uma parede e deixou-se cair tantas vezes pela parede abaixo até partir a cabeça. Fiquei muito impressionada.

Depois de levar a bofetada, a minha mãe arranjou uma preceptora particular, que foi lá a casa vários dias, de quem eu gostei muito também. As freiras depois pediram desculpa aos meus pais e lá voltei eu para o Patronato, onde fiz a 1ª e 2ª classe.







Depois fui então para a escola de São Sebastião, fazer a 3ª e 4ª, onde conheci a minha amiga Beatriz. Éramos inseparáveis, quando a professora faltava ela ia para minha casa onde brincávamos muito na enorme varanda das traseiras. No entanto...os pais dela emigraram para o Brasil, ficando eu lavada em lágrimas e muito triste. Escrevemo-nos até adultas, depois...perdemo-nos nos enredos da vida.

Esta escola viria a pertencer ao Agrupamento de Escolas Marquesa de Alorna e ficava dentro do Palacete…

Infelizmente agora já não é escola, mas sim a sede da Junta de Freguesia de São Sebastião. 

Vou tentar lá ir visitá-la um dia destes. Tenho boas recordações desse local.











sábado, 20 de abril de 2019

Alecrim alecrim aos molhos-tradicional




Alecrim alecrim aos molhos
por causa de ti
choram os meus olhos
ai meu amor


quem te disse a ti
que a flor do monte
era o alecrim

Alecrim alecrim doirado
que nasce no monte
sem ser semeado
ai meu amor
quem te disse a ti
que a flor do monte
era o alecrim


(Canção tradicional)


Esta canção foi e continua a ser cantada por muitos intérpretes, aqui ficam duas versões diferentes, a da Amália Rodrigues e a do coro infantil de S. Mamede.
https://www.youtube.com/watch?v=8VChG52uwDQ
https://www.youtube.com/watch?v=SyXIirDSTy4


terça-feira, 16 de abril de 2019

Maria Alberta Meneres





Maria Alberta Menéres nasceu em 1930, em Vila Nova de Gaia. 

Chegou ontem ao fim a sua vida (15 de abril de 2019),  uma vida longa de 88 anos, repleta de livros de contos e de poesia.


Todas as crianças a viram na televisão, leram os seus livros cheios de histórias que ela própria tinha ouvido em criança, alimentando a sua imaginação prodigiosa, em escrita acessível a todos.




Tem uma vasta obra poética, estando representada em várias antologias literárias nacionais e estrangeiras.

Foi professora dos Ensinos Básico e Secundário nas disciplinas de Língua Portuguesa e História.

Organizou a "Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa", com E.M. Melo e Castro, seu marido. 

Foi autora de inúmeros programas televisivos para crianças, tendo sido Diretora do Departamento de Programas Infantis e Juvenis da RTP de 1974 a 1986. 



Colaborou nas campanhas de solidariedade do Pirilampo Mágico, fazendo os poemas para as suas canções.

Publicou mais de 69 livros para crianças (contos, poesia, BD, teatro e novela). 

Em 1986, recebeu o Grande Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças "pelo conjunto da sua obra literária e pela manutenção de um alto nível de qualidade". 






Aqui a vemos  como a queremos recordar, feliz ao lado da sua filha Eugénia Melo e Castro (cantora) e da neta Mariana Melo (ilustradora).

https://vimeo.com/80518996









domingo, 7 de abril de 2019

Sobre os céus de Lisboa

Sobre os céus de Lisboa
Passaram as nuvens
E levaram os meus sonhos 
Com elas


Sobre a cidade onde nasci
As gotas grossas de chuva 
Lavaram a minha alma 
E levaram as tristezas 
Com elas


Nos céus de Lisboa
Um efémero e belo
Arco-íris
Trouxe novas esperanças
De Primavera colorida. 

Isabel del toro Gomes

sábado, 6 de abril de 2019

Se num dia de sol




Se num dia de sol…



Se num dia de sol

 me perguntassem

 o que queria ser

 se pudesse escolher

 diria que apenas queria

 ser uma simples lagarta

 para me poder transformar

 numa bela borboleta amarela

e pelos ares esvoaçar…








Se num dia de sol

 me perguntassem

 porque gosto tanto dos rios e do mar

 diria que é porque a água

 jamais se cansa de correr e saltitar

 de pedra em pedra

 repousando um pouco ali

 na translúcida e doce lagoa

 logo se precipitando de novo acolá

 de rocha em rocha

Para as ondas do imenso mar...





Se num dia de sol

me perguntassem

 como gostaria de morrer

 diria que como uma folha

 que de verde e luzidia

 aos poucos se transforma

 castanha amarela vermelha

 e um dia voa lá das alturas

 como um pássaro louco

 rodopiando subindo descendo

 e logo ali fica repousando
 no útero da terra - mãe

 para mais tarde renascer.



Se um dia me perguntassem…


Isabel del Toro Gomes