sábado, 11 de agosto de 2012

«Invenções» de Isabel del Toro Gomes






Invenções

Inventou-se a Terra 
Depois os animais
Entre eles a mulher e o homem
Que viviam felizes no paraíso…
Os homens quiseram mais e mais
E inventaram coisas tais
Que todos pensaram que
O mundo estava a evoluir.
Agora chegaram felizes a Marte
E aí colocaram um autómato
Com o pretexto que muitas coisas fenomenais
Podiam no planeta vermelho descobrir…
Mas, lá bem no fundo, os homens 
Só pensavam em destruir destruir destruir.


                                                  Isabel del Toro Gomes


sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Centenário do nascimento de Jorge Amado

Comemora-se hoje o centenário do nascimento de Jorge Amado (10 de Agosto de 1912/ 6 de Agosto de 2001).
Este acontecimento está a ser comemorado em Salvador da Bahia e em Lisboa, com vários eventos.
Hoje às 18 horas, em frente à Casa dos Bicos-Fundação José Saramago, haverá festa e alegria com capoeira (Nação Arte Pura de André Vieira), às 18 horas. Depois, seguir-se-á um espetáculo no auditório da Fundação, com Vera Barbosa a ler excertos da obra do baiano, a cantar canções do universo de Jorge Amado, acompanhada ao violão por João Maló. Está patente também uma exposição de livros, fotografias e cartas do escritor.  

Está também na Biblioteca Nacional uma outra exposição sobre Jorge Amado até Setembro.






quarta-feira, 8 de agosto de 2012

«Citações e Pensamentos de Padre António Vieira»


Porque será que escolhi estas três citações? Sinais dos tempos e dos homens, que foram sempre iguais, nas suas qualidades e defeitos.
Que falta fazem os sermões do Padre António Vieira! Ficamos à espera que surja alguém que lhe suceda, um padre, um bispo, enfim, qualquer um que eleve a sua voz perante os desaforos desta gente infame, pouco «nítida» e sem vergonha que governa o nosso mundo. 



Arte de Furtar

É coisa tão dificultosa acomodar-se a trabalhar para viver, quem está costumado a outra vida, que esta mesma dificuldade é a que inventou a arte e as artes de furtar. 

                                                                Sermões (70)

Aparência

O querer parecer muito e intentar subir mais só topará consigo mesmo.

                                               As Sete Propriedades da Alma 


Aprendizagem 
  
Para aprender não basta só ouvir por fora, é necessário entender por dentro.

                                                               Sermões (57)
                                                       


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Chavela Vargas



A grande e lendária cantora Chavela Vargas (Isabel Vargas Lizano) faleceu ontem, dia 5 de Agosto.
Para ouvir e relembrar sempre.


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

«Jubiabá» de Jorge Amado

Este é um daqueles livros de beleza rara, que resistem aos tempos e às modas. Lê-lo é uma experiência inesquecível, uma aprendizagem da vida, para os mais ou menos novos.
Com Jubiabá, Jorge Amado alcançou a notabilidade e a categoria de um dos maiores romancistas. 
E pensar que em Portugal Jorge Amado foi proibido durante tempos e tempos inglórios, e que fomos impossibilitados de o lermos enquanto eramos jovens! Estou a desforrar-me agora! 
Boa leitura para as férias e não só!
 
A vida do Morro do Capa Negro era difícil e dura. Aqueles homens todos trabalhavam muito, alguns no cais, carregando e descarregando navios,ou conduzindo malas de viajantes, outros em fábricas distantes e em ofícios pobres: sapateiro, alfaiate, barbeiro. Negras vendiam arroz doce, mungumzá, sarapatel, acarajá, nas ruas tortuosas da cidade...Muitos dos garotos trabalhavam também. Eram engraxates, levavam recados, vendiam jornais...E não se revoltavam porque desde há muitos anos vinha sendo assim: os meninos das ruas bonitas e arborizadas iam ser médicos, advogados, engenheiros, comerciantes, homens ricos. E eles iam ser criados destes homens.

                                               Jorge Amado, Jubiabá 

terça-feira, 31 de julho de 2012

«Alegria Breve» de Vergílio Ferreira




Da minha língua vê-se o mar. 


Beirão, o universo de Vergílio Ferreira, como o de Aquilino, é rude e voluntaristicamente repassado de emoção sufocada, mortos sem sepultura na alma, infância apenas desaparecida do outro lado do mesmo muro. «A ternura é o mais difícil e enternecemo-nos tanto. Que é que me comove? Como uma árvore, às vezes penso, o homem pode subir alto, mas as raízes não sobem. Estão na terra, para sempre, junto da infância e dos mortos».

                                Eduardo Lourenço, in Prefácio de Alegria Breve


Expressão tão simples e bela da verdade da vida!
O nosso corpo vai crescendo em direção ao céu, mas o coração fica para sempre junto às nossas raízes, à nossa origem, ao início do mundo que é a infância. E os mortos nunca nos largam, são sempre um começar de novo.




terça-feira, 24 de julho de 2012

Helena Cidade Moura



A mulher que foi responsável pela maior campanha de alfabetização organizada em Portugal após o 25 de Abril, Helena Cidade Moura, faleceu no dia 20 de Julho, aos 88 anos.
Deputada na Assembleia da República na I, II e III legislaturas, Helena Cidade Moura coordenou mais de 400 cursos de alfabetização.
Isso é um facto que não deve ser esquecido. Desapareceu uma mulher de grande mérito das nossas letras e da nossa cultura, a quem muito devemos. 
É graças a ela, aliás, que podemos ler as obras de Eça de Queiroz, pois a fixação do texto, as notas e os prefácios são obra sua.