terça-feira, 20 de maio de 2025

Eleições Maio 2025

 


Um pequeno poema de Irene Lisboa, de grande ironia e sempre actual.



Hoje, como noutros tempos, Portugal no seu pior.
Muito falta de diálogo, de união por uma causa maior, neste caso a do bem do portugueses e da nação, no seu conjunto.
Preponderam os interesses individuais e as questóes materiais mesquinhas de cada um.
Mas a esperança nunca morrerá no coração dos homens e mulheres que lutam por um mundo melhor.




Este mundo é um curro.
E nem um curro será.
É um beco sujo,
um velho quintal.
As vizinhas malcriadas despicam-se, espreitam-se.
Lá estão elas de mãos na ilharga:
Tira, toma, é mentira, é falso.

Irene Lisboa

Na natureza nada se perde

 





Na natureza nada se perde, tudo se transforma.

Estas simples flores da praia são a prova disso: além de embelezarem a paisagem, têm como função proteger as dunas e prender as areias.

Um belo exemplo que dão aos seres humanos
🙂




sexta-feira, 16 de maio de 2025

«Montanha-Russa»

 




Sophia de Mello B. Andresen dizia:

«A poesia não se explica, a poesia implica»

Concordo plenamente.
Tal como a vida e tudo o que vivemos
Agora ou nalgum dia
Passado ou futuro

Montanha -Russa 

Cada dia é uma montanha
Que temos de subir e de descer
Montanha-russa na feira da vida
Subimos e descemos
Choramos e rimos
Juramos que nunca mais repetimos
Mas sempre de novo somos atraídos
Já estamos cansados, pés doridos
Mas continua a ser preciso
Escalar a montanha do riso.

Maria Isabel

terça-feira, 13 de maio de 2025

 





Depois de muito viajar por esse mundo, de ver tantas coisas belas, de contactar com tantas gentes, estou cada vez mais certa disto que escrevi:

Poder

Cada vez acredito menos
Nos homens poderosos!
Cada vez acredito mais
No poder dos homens simples
Que constroem as casas
E fazem as estradas
Que lavram os campos
E deitam a semente à terra!
Só acredito nas mulheres simples
Que criam os filhos,
Por eles sofrem cheias de amor
Com mãos calejadas limpam as casas
Dia e noite tratam de tudo.
Só os simples, homens ou mulheres
Têm o poder de criar
De dar a vida
E de encher o mundo
De coisas belas!

Maria Isabel



sexta-feira, 9 de maio de 2025

 


Quando descobri Évora, fiquei a conhecer as formas, a brancura, a beleza grande e gloriosa do Alentejo.
Um exemplo desse esplendor é a Universidade de Évora. Que maravilha que deve ser estudar e passar o tempo da juventude numa Universidade assim.


«Irei a Évora descobrir o branco
a ogiva o arco a rosácea a nave
o pátio como praça.
Nada destrói a intimidade
da sua humana geometria.
Irei a Èvora para reencontrar
a perdida harmonia.»

Manuel Alegre, in Alentejo e Ninguém



quarta-feira, 7 de maio de 2025

«Teus Olhos» de Octávio Paz

 



Um poema de Octávio Paz:


Teus Olhos

Teus olhos são a pátria do relâmpago e da lágrima,
silêncio que fala,
tempestades sem vento, mar sem ondas,
pássaros presos, douradas feras adormecidas,
topázios ímpios como a verdade,
outono numa clareira de bosque onde a luz canta no ombro
             duma árvore e são pássaros todas as folhas,
praia que a manhã encontra constelada de olhos,
cesta de frutos de fogo,
mentira que alimenta,
espelhos deste mundo, portas do além,
pulsação tranquila do mar ao meio-dia,
universo que estremece,
paisagem solitária.

Octavio Paz, in "Liberdade sob Palavra"



Octávio Paz




 Seguindo o Poeta, o meu destino é sem dúvida procurar.


A maior parte das vezes com companhia, mas às vezes mesmo no meu canto, só as palavras e eu.
Aqui estou a mirar os «Mirantes de Luna», em Castilla Y Léon, onde me senti um pouco na lua.
«Que procura o viajante ao percorrer a sua pátria?
O lugar do seu nascimento ou do seu fim?
Talvez procure o seu destino.
Talvez o seu destino seja procurar.»

Octávio Paz