Bela ilha e bela canção

Azul e verde
Gostava de poder deixar
Os meus olhos aqui
Quando partisse para outro lado
Ficavam assim como estou agora
A olhar os campos, o céu e o mar
Espantados de tanto ver
Ofuscados de tanto ser
Ficariam aqui fixos no céu alto
Perdidos no mar que brilha
De tons verdes em ritmo de azul...
E para onde quer que eu fosse
Caminharia às cegas pelas ruas
E só veria as coisas belas
Em fundo azul e verde.
Maria Isabel
Esteva
Floriu efémera a flor da esteva
já seu esplendor é quase um fenecer.
Branca e breve a brisa a leva
e dela fica um verso por escrever.
Miguel Alegre
«Alentejo e Ninguém»
Ed. Caminho
Eu
vivo com tantos sonhos
Que não vou conseguir realizar
São
tantos sonhos e tantos
Dariam
para mil anos contar
Sonho
a dormir ou ao acordar
Sonho
em silêncio, sonho a falar
Enfim, estou sempre a sonhar!
6/9/96
O Poder
Cada vez acredito menos
Nos «grandes homens» !
Cada vez acredito mais
No
poder dos homens simples
Que
constroem as casas
E
fazem as estradas
Que
lavram os campos
E
deitam a semente à terra!
Só
acredito nas mulheres simples
Que
criam os filhos,
Por
eles sofrem cheias de amor
Com
mãos calejadas limpam as casas
Que colhem os frutos e o que brota do chão
Que dia
e noite tratam de tudo.
Só
os simples, homens ou mulheres
Têm
o poder de criar
De
dar a vida
E
de encher o mundo
De
coisas belas!
Maria Isabel
Junho/96
Durante a minha infância, desde que nasci até aos 10 anos, vivi sempre perto do Parque Eduardo VII, a cerca de 10 minutos de distância.
Era o «nosso parque», meu e dos meus dois irmãos.
Éramos uns felizardos por termos um jardim tão grande e bonito para corrermos, saltarmos e brincarmos, por vezes com outras crianças que encontrávamos lá.
Havia muitas árvores, uma delas logo na entrada do caminho que tomávamos, a que eu conseguia subir, pondo os pés em troncos que me serviam de apoio.
Havia um lago lindo com cisnes brancos e comedouros com cereais para eles comerem (agora já nem água tem).
Havia uma esplanada à beira do lago, com chapéus de sol, sempre com muitos clientes. Agora foi substituído por um restaurante para gente «fina» e sem esplanada, onde não se pode apanhar nem sol nem ar puro.
Havia muitos bancos de jardim, para se poder onversar, conviver e observar a natureza (as aves, as rosas, a relva com as suas florzinhas, as árvores...).
E havia ainda as estátuas, tantas coisas belas...
Eu era minúscula, talvez como a polegarzinha, mas feliz no Parque Eduardo VII.
Polegarzinha , minúscula menina
Flautista ,com tua flauta mágica
Povoem de novo meus pensamentos
E ponham-me mais uma vez a sonhar
Com as terras da minha infância
Com os tempos do meu parque
Onde os pássaros eram pássaros
Os cisnes nadavam nos lagos
E eu era apenas uma criança.
Maria Isabel
Um mérito da poesia: diz mais e em menor número de palavras do que a prosa.
Voltaire
Um poema não deve ter significado, só SER.
Archibald Macleish