sábado, 4 de janeiro de 2025

Poema para Susana

 


Poema para Susana


Menina doce de algodão

Carinha de lua cheia

Tua doçura procura incansável

Abrigo em nosso coração.

 

Menina, vives em tanta alegria

Que tudo te entristece neste mundo

Menina força e teimosia

Com tanto amor bem lá no fundo!

 

Menina zangada de vez em quando

Menina o corpo todo em fúria

Ninguém pode ver tuas lágrimas

E de novo já a vida vai brotando.

 

Menina, quando longe de nós

Que saudades do riso, da fantasia...

Mas todos os dias chega a tua voz

Sempre o teu sol nos alumia.

 

                          Maria Isabel                  26/7/96

 


 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Azul e Verde

 



Azul e verde


Gostava de poder deixar

Os meus olhos aqui

Quando partisse para outro lado

Ficavam assim como estou agora

A olhar os campos, o céu e o mar

Espantados de tanto ver

Ofuscados de tanto ser

Ficariam aqui fixos no céu alto

Perdidos no mar que brilha

De tons verdes em ritmo de azul...

E para onde quer que eu fosse

Caminharia às cegas pelas ruas

E só veria as coisas belas

Em fundo azul e verde.


Maria Isabel

15/6/96                                                                     

 


quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

«Sonhos»

 


Travessia

 

Toda a gente podia

Ouvir os pássaros a cantar

Nos campos ou até nas cidades...

Mas só alguns os ouvem.

Toda a gente podia

Observar a forma das nuvens

Admirar uma flor

Seguir as borboletas a voar

Refrescar-se à sombra duma árvore

Correr na areia da praia

Sentir o sol, passear à chuva...

Todos nós podíamos versejar

Sobre as coisas simples da vida

Transformar as tristezas num poema

E as alegrias em sonetos

Ou serei eu apenas a sonhar?

                                                                     

Maria Isabel, Maio 1996

 




terça-feira, 31 de dezembro de 2024


É preciso

Relembrar a infância, sonhar com a magia dos contos

Com a simplicidade da vida ainda despreocupada



Polegarzinha , minúscula menina

Flautista, com a tua flauta mágica

Povoem de novo a minha fantasia

E ponham-me mais uma vez a sonhar

Com as terras da minha infância

Com os tempos do meu parque

Onde os pássaros eram pássaros

Os cisnes nadavam nos lagos

E  eu era apenas  uma criança





sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

«Mal o dia começou»

 






Partida

 

Mal o dia começou

E já te vejo partir

No meio do frio e do vento

Nesta manhã sem sol

Vejo-te correr apressado

E eu aqui fico sem ti

A cama ainda quente

As horas passam

Queria fazer tanta coisa

E não consigo...

Depois vejo-te regressar

Na imensidão da noite

Cansado e sorridente

Cheio de amor para me dar

Ouço a chave na porta

Eu aqui à tua espera

Temos tanta coisa para contar

E o amor à flor da pele

E o coração a bater

Vejo-te a regressar

O jantar a fumegar

E tu a dizeres

"Pensei em ti"

Eu também não me esqueci

Amanhã estaremos juntos

E se fôssemos jantar?


Maria Isabel

7 de Janeiro 1975

 


sábado, 21 de dezembro de 2024

«SER POETA» de Florbela Espanca

Florbela Espanca, grande poetisa que viveu com demasiada intensidade o sentimento do Amor.

E que morreu jovem, como uma bela borboleta que esvoaça e desaparece nos ares.

Foi assim a sua passagem pela terra.




SER POETA

Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior

Do que os homens! Morder como quem beija!

É ser mendigo e dar como quem seja

Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor

E não saber sequer que se deseja!

É ter cá dentro um astro que flameja,

É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!

Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...

É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...

É seres alma e sangue e vida em mim

E dizê-lo cantando a toda gente!

Florbela Espanca, em "Charneca em Flor"




quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

«O Chão que piso»

 


O chão que piso

É o céu da sua casa

Repartimos paredes

Alegrias e tristezas

Conhecemo-nos

Eu, sem esperança

E sem palavras

Ela, força da natureza

Tudo corpo tudo alma

 

Vencemos juntas a dor

Aquela escuridão que mata

O fogo que não se apaga

Aquelas facas na garganta

 

Por fim renasci

De novo o mar

Lisboa e o rio

A luz o calor o frio

O mundo todo

 

Estou viva

Sinto o coração

Teimosamente a bater

Sempre à espera

Dum novo amanhecer.


Maria Isabel