Para sempre criança
Para sempre criança
Chegou o Outono.
Para algumas pessoas, o Outono é mesmo a estação mais bela.
Para outras, é o recomeço das suas actividades de rotina, terminando-se o período de férias, de descanso e de lazer.
É o regresso ao turbilhão do trânsito, das corridas para todo o lado, do ruído das cidades.
Os provérbios populares mostram esta estação do ano nos seus cambiantes a nível da temperatura, que começa a descer gradualmente, dos dias que se tornam mais pequenos, da natureza em que as folhas das árvores ficam vermelhas, depois amarelecem e caem como se fossem dormir misturando-se com o chão, e a nível das actividades nos campos, que se pautam pelo apanhar das uvas, das azeitonas e dos mais variados frutos do outono.
Logo que o Outono venha, procura a lenha.
No Outono o sol tem sono.
Quem planta no Outono, tem um ano de abono.
No Outono as folhas caem de sono!
Outubro meio chuvoso, torna o lavrador venturoso!
No céo, se existe um céo para quem chora.
Céo, para as magoas de quem soffre tanto...poema
Como o último dos
poemas
Desenho cada palavra
Como se fosse a única
Ponho
em cada verso
toda a dor
a tristeza completa
Cada linha vermelha de sangue
Negra de morte
ocupa todo o meu
viver
a minha escrita
é um crepúsculo
o céu em fogo
as bombas que caem
as armas que matam
as vítimas que caem
nas terras em chamas
crianças que morrem
soldados que morrem
soldados que matam
Ano de 2024
mergulhado em guerra, morte e escuridão.
Maria Isabel
Partida
Mal o dia começou
E já te vejo partir
No meio do frio e do vento
Nesta manhã sem sol
Vejo-te correr apressado
E eu aqui fico sem ti
A cama ainda quente
As horas passam
Queria fazer tanta coisa
E não consigo...
Depois vejo-te regressar
Na imensidão da noite
Cansado e sorridente
Cheio de amor para me dar
Ouço a chave na porta
Eu aqui à tua espera
Temos tanta coisa para contar
E o amor à flor da pele
E o coração a bater
Vejo-te a regressar
O jantar a fumegar
E tu a dizeres
"Pensei em ti"
Eu também não me esqueci
Amanhã estaremos juntos
E se fôssemos jantar?
7
de Janeiro 1975
Sesimbra
Recordo o mar de Sesimbra
Esse mar que nos chama
E nos cativa, lá do fundo
E que é sempre da cor do céu
Esse mar em que todas as coisas
Se confundem e se misturam
Algas, rochas, lapas
Peixes, conchas, pedras
Ali, na linha do horizonte
Azul é o céu
Azul é o mar
Azul é a esperança
Ouço o teu apelo amigo
De dia suave e calmo
De noite rouco e turbulento
E respondo então assim
Mar grande e profundo
Estou aqui!
Deixa-me mergulhar em ti.