segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Outono, a estação mais bela

 




Chegou o Outono.

Para algumas pessoas, o Outono é mesmo a estação mais bela.

Para outras, é o recomeço das suas actividades de rotina, terminando-se o período de férias, de descanso e de lazer. 

É o regresso ao turbilhão do trânsito, das corridas para todo o lado, do ruído das cidades.



Os provérbios populares mostram esta estação do ano nos seus cambiantes a nível da temperatura, que começa a descer gradualmente, dos dias que se tornam mais pequenos, da natureza em que as folhas das árvores ficam vermelhas, depois amarelecem e caem como se fossem dormir misturando-se com o chão, e a nível das actividades nos campos, que se pautam pelo apanhar das uvas, das azeitonas e dos mais variados frutos do outono.



Logo que o Outono venha, procura a lenha.

No Outono o sol tem sono.

Quem planta no Outono, tem um ano de abono.

No Outono as folhas caem de sono! 

Outubro meio chuvoso, torna o lavrador venturoso!



terça-feira, 29 de outubro de 2024

 


A poesia é tudo o que existe


Um pássaro que chilreia ao amanhecer

As andorinhas fazendo os seus ninhos nos beirais

É uma forma de ser-se amigo de alguém

É uma flor a abrir nas montanhas

É o ruído do mar nos rochedos a bater

E é sentar-se na relva também.


Maria Isabel





quinta-feira, 17 de outubro de 2024

« No céo, se existe um céo para quem chora » de Antero de Quental










 No céo, se existe um céo para quem chora.

Céo, para as magoas de quem soffre tanto...
Se é lá do amor o foco, puro e santo,
Chama que brilha, mas que não devora...

No céo, se uma alma n'esse espaço mora.
Que a prece escuta e encharga o nosso pranto...
Se ha Pae, que estenda sobre nós o manto
Do amor piedoso... que eu não sinto agora...

No céo, ó virgem! findarão meus males:
Hei-de lá renascer, eu que pareço
Aqui ter só nascido para dôres.

Ali, ó lyrio dos celestes vales!
Tendo seu fim, terão o seu começo.
Para não mais findar, nossos amores.

Antero de Quental








segunda-feira, 30 de setembro de 2024

«Ano 2024 ano morte guerra escuridão




Escrevo cada

                     poema

Como o último dos

                               poemas

Desenho cada palavra

Como se fosse a única


Ponho 

          em cada verso

toda a dor

a tristeza completa


Cada linha vermelha de sangue

Negra de morte

ocupa todo o meu 

                            viver

a minha escrita

                        é um crepúsculo

                        o céu em fogo

                        as bombas que caem 

                        as armas que matam

                        as vítimas que caem 

                        nas terras em chamas

                        crianças que morrem

                        soldados que morrem 

                       soldados que matam

Ano de 2024

mergulhado em guerra, morte e escuridão.


Maria Isabel 





quinta-feira, 29 de agosto de 2024

 




Partida 

 

Mal o dia começou

E já te vejo partir

No meio do frio e do vento

Nesta manhã sem sol

Vejo-te correr apressado

E eu aqui fico sem ti

A cama ainda quente

As horas passam

Queria fazer tanta coisa

E não consigo...

Depois vejo-te regressar

Na imensidão da noite

Cansado e sorridente

Cheio de amor para me dar

Ouço a chave na porta

Eu aqui à tua espera

Temos tanta coisa para contar

E o amor à flor da pele

E o coração a bater

Vejo-te a regressar

O jantar a fumegar

E tu a dizeres

"Pensei em ti"

Eu também não me esqueci

Amanhã estaremos juntos

E se fôssemos jantar?

                                                       7 de Janeiro 1975

 


segunda-feira, 26 de agosto de 2024

«Sesimbra» de Isabel del Toro Gomes

 


Sesimbra

 

 

Recordo o mar de Sesimbra

Esse mar que nos chama

E nos cativa, lá do fundo

E que é sempre da cor do céu

 


 

Esse mar em que todas as coisas

Se confundem e se misturam

Algas, rochas, lapas

Peixes, conchas, pedras

 

 

 


 

Ali, na linha do horizonte

Azul é o céu

Azul é o mar

Azul é a esperança

 


 

 

Ouço o teu apelo amigo

De dia suave e calmo

De noite rouco e turbulento

E respondo então assim

Mar grande e profundo

Estou aqui!

Deixa-me mergulhar em ti.

 

sábado, 13 de julho de 2024

«A minha cama é o Mar» (6 de Julho 2002)





A minha cama é o mar

É o mar azul verde cor de areia
Adormeço ao sabor das ondas
E acordo no embalo dos seus braços

Passo os meus dias
A olhar o verde
O azul marinho
O azul cinza 
O azul cor de areia

Caminho na sua espuma branca
Gravo os meus passos nas grandes dunas
No seu fundo deserto
Deixo o rastro de alegrias
De tristezas e de emoções
Nas escarpas rochosas
Mergulho em sonhos, ilusões 

Abandono o meu ser
E a minha alma no areal
Abandono o meu corpo de sereia
Por fim, nós sozinhos
Nos lençóis do infinito
E então, olhando o mar
Sonho com o verbo amar.


Isabel del Toro Gomes