segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

«Poesia» de Sebastião da Gama

 



11ºConfinamento: somos uns heróis, à força, com pequenos intervalos de liberdade e muitos de Poesia.

Como os homens que foram à descoberta de terras desconhecidas. Nós, pelo contrário, temos de ficar em terra, sem poder ir para lado nenhum.

Resta-nos a leitura, a poesia, o sol ou a chuva, as flores ( a alguns).




POESIA
Ai deixa, deixa lá que a Poesia
no perfume das flores, no quebrar
das ondas pela praia,
na alegria
das crianças que se riem sem porquê
-deixa lá que se exprima, a Poesia.

Sebastião da Gama



segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021



 (Rio de Janeiro19 de outubro de 1913 — Rio de Janeiro, 9 de julho de 1980),


 SONETO DA FIDELIDADE

De tudo, ao meu amor serei atento
antes, e com tal zelo, e sempre e tanto
que mesmo face do maior encanto
dele se encanta mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
e sem louvor hei-de espalhar meu canto
e rir meu riso e derramar meu pranto
ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
quem sabe a morte, angústia de quem vive
quem sabe a solidão, fim de quem ama

eu possa me dizer do amor (que tive):
que não seja imortal, posto que é chama
mas que seja infinito enquanto dure.


Vinicius de Moraes, in "O Operário em Construção"

SONETO DA FIDELIDADE - COM TRIO GENIAL!
Venicius de Moraes/ Mário Pacheco - Rodrigo da Costa Félix.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

 

O poeta Eugénio de Andrade nasceu na freguesia de Póvoa de Atalaia, no Fundão, no dia 19 de Janeiro de 1923. Mudou-se para Lisboa aos dez anos devido à separação dos seus pais.

Frequentou o Liceu Passos Manuel e a Escola Técnica Machado de Castro, tendo escrito os seus primeiros poemas em 1936. Em 1938 enviou alguns desses poemas a António Botto que, gostando do que leu, o quis conhecer. Botto incentivou-o nessa senda, e em 1940, publicou o seu primeiro livro Narciso, sob o seu verdadeiro nome, que mais tarde viria a rejeitar.





As Palavras


São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?



Eugénio de Andrade, Antologia Breve, 1972.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Coisas simples do passado

 




Coisas tão simples como passear num jardim, admirar as flores que renasciam e a natureza que se renovava, são agora impossíveis. Os canteiros estão vazios.

Em fevereiro do ano passado, já havia imensas flores no nosso jardim da Portela: lírios, jarros... Agora, até a grande bananeira está toda dobrada pelos vendavais ou pelos destruidores que andam à solta por aí.




Um hábito que fazia parte do nosso quotidiano e da nossa cultura (o nosso café é o melhor do mundo) como tomar uma bica ou um cimbalino, conforme se está em Lisboa ou no Porto, é agora impossível. Fazer o café em casa em máquinas mais ou menos parecidas é uma solução, mas não é a mesma coisa. Muito menos se puder ser numa esplanada.

Sentar num banco jardim, ir a um restaurante ao ar livre, ir a uma exposição, enfim, a qualquer local de diversão ou de cultura é impossível.

E não se sabe ainda até quando, embora se tenha uma ideia.

Coisas tão pequenas e simples e que nos parecem agora tão importantes.

É preciso caminhar em frente, deixar-se as discussões inúteis , fazer-se um plano inteligente de vacinação e tudo poderá voltar ao que era dantes.

Se não continuarem a ser cometidos demasiados erros por parte de todos, políticos e todos os que se querem aproveitar e mandar, mesmo sem autoridade para tal.







domingo, 31 de janeiro de 2021

31 de Janeiro, Dia Mundial do Mágico



31 de Janeiro é o Dia Mundial do Mágico.


E estamos mesmo a precisar da magia dos cientistas e de todos.

Será que as vacinas prometidas e já a ser aplicadas farão mesmo esse milagre?

Entretanto, precisamos também da magia duma bela paisagem, do mar, do campo... Recorro muitas vezes às fotos do lugares por onde andei e onde fui feliz.




O que os olhos veem e os ouvidos ouvem, a mente acredita. (Harry Houdini)


Minha mente é a chave que me liberta. (Harry Houdini)


O mágico é aquele que faz as pessoas sonhar e acreditar no impossível.






sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Recordações e memórias em tempos de confinamento



A memória pode ser uma forma de sobrevivência, pois através dela aprendemos como os nossos pais, avós...viveram, sofreram e sobreviveram. Ela aumenta também a hormona do amor e da felicidade, por isso nestes tempos duros todos se recordam de factos e pessoas que foram tão importantes para nós.



Não é só nostalgia, como alguns mais jovens pensam, é mais do que isso. E quando se junta a memória da pedra (esta fonte do palácio da Vila em Sintra ali permanece há séculos) e dos lugares é melhor ainda.

Na 1ª foto vê-se a minha mãe muito jovem e o meu avô Mariano, um verdadeiro andaluz de Sevilha.






terça-feira, 26 de janeiro de 2021

 



E assim tudo começou.

Num jardim perto de casa, este pequenino ninho continua agarrado ao ramo escolhido para ser construído e para ser o lar e a continuação da espécie dos pássaros que o fizeram. E com sucesso, porque há já vários anos que lá está.

Pequeno mas firme.




O pequeno ninho cá continua

Há vários anos, é um segredo

Nenhuma tempestade o destruiu

Ninguém o viu ou derrubou

Foi obra feita com amor

O aconchego da pequenina ave

Que tremendo, enfim voou.