terça-feira, 24 de novembro de 2020

A urze

 Quando questionado pela origem do nome, Torga respondeu “…eu sou quem sou. Torga é uma planta transmontana, urze campestre, cor de vinho, com as raízes muito agarradas e duras, metidas entre as rochas. Assim como eu sou duro e tenho raízes em rochas duras, rígidas.”

Quando questionado pela origem do nome, Torga respondeu “…eu sou quem sou. Torga é uma planta transmontana, urze campestre, cor de vinho, com as raízes muito agarradas e duras, metidas entre as rochas. Assim como eu sou duro e tenho raízes em rochas duras, rígidas.” 

Mas vamos conhecer melhor a Urze. Esta pequena planta que se destaca na paisagem das montanhas e serras, nas florestas e jardins de Portugal e que Torga tão bem descreveu, revelando a sua importância e a “personalidade” única de resistência e persistência.

A urze

Esta espécie, única do género Calluna, pertence à família das Ericaceae, e também é conhecida pelos nomes vulgares de Torga, Queiró, Queiroga, entre outros. 

Urze. Foto: Sannse/WikiCommons

A sua designação científica apresenta alguma curiosidade. O género Calluna surge do grego – Kallunein – que significa “varrer” e que está associado ao tradicional uso de vassouras artesanais e vulgaris, do latim, que indica que se trata de uma planta comum.

A urze é um pequeno arbusto perene, que pode chegar aos 40 anos de idade. De crescimento reduzido, pode atingir 20 a 100 cm de altura e formar pequenos tufos densos e coloridos. Bastante ramificada desde a base, os seus ramos crescem na vertical, apresentando tons amarelos e avermelhados. As raízes ramificam profundamente, garantindo um bom suporte e sustentação. Com o decorrer dos anos as raízes tornam-se grossas, lenhosas e retorcidas.

As folhas persistentes e muito pequenas, ligeiramente pubescentes, são verdes durante todo o ano. No entanto durante o inverno, as folhas envelhecidas que permanecem na planta, podem apresentar tons de bronze, prata, amarelo, laranja, púrpura e vermelho. Os frutos são pequenas cápsulas, redondas, com cerca de 2 mm de diâmetro e com numerosas sementes no seu interior.

As flores, de tons rosa, púrpura e lilás, surgem no outono numa tela colorida muito especial, atraindo inúmeros polinizadores. A diversidade de insectos que visitam esta planta é notável, incluindo as abelhas, moscas, borboletas noturnas e diurnas. Da atração das abelhas, pelas suas flores ricas em néctar, resulta um mel rico e escuro, descrito como sendo um mel perfumado, com odor a caramelo, doce e com um travo ligeiramente amargo. 

A urze em Portugal

Esta é uma espécie nativa da Europa e norte de África. Em Portugal ocorre um pouco por todo o território, incluindo nos arquipélagos da Madeira e dos Açores.

Urze. Foto: Bjorn S./WikiCommons

sábado, 14 de novembro de 2020

«Cheirinho a Madressilva» de josé Luís Gordo-Mário Raínho / Fontes Rocha





A beleza desta planta com flores amarelas e brancas dão grande beleza aos campos, além de terem um agradável cheirinho adocicado.




Tive a sorte de ter passado umas pequenas férias num hotel no Caramulo, que tinha belos recantos para descanso ou para leitura rodeados de Madressilva.
Nunca hei-de esquecer esse tempo e essa flor, que já inspirou até um fado, cantado por Maria da Fé, cujos versos se seguem.




 Cheirinho a Madressilva


José Luís Gordo-Mário Raínho / Fontes Rocha
Repertório de Maria da Fé

Ai Madressilva perfumando os montes
Ao povo não contes quem te perfumou
Foi água fresca da velha nascente
A cantar contente, que por ti passou
Ai Madressilva, pézinho silvestre
Como tu cresceste nos jardins da serra
Ai Madressilva no muro da esperança
Ai madre criança a enfeitar a terra
Ai Madressilva, menina dos muros
Dos cheiros mais puros, singelos, sadios
Ai Madressilva, ai madre que eu canto
Vestida de encanto á beira dos rios
Ai Madressilva dos meus namorados
Dos bailes mandados lá nas romarias
Ai Madressilva, quem te deu o cheiro
Tão casamenteira p’ra tantas Marias




sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Metamorfose da borboleta - zebra




Tendo encontrado no Facebook um grupo sobre Lepidópteros, Borboletas em Portugal, comecei a ler os posts para aprender o mais possível sobre estes maravilhosos seres coloridos alados.

O mais interessante é ir pelos jardins ou campos, encontrá-los a alimentar-se nas flores e, claro, fotografá-los, o que requer muita paciência e sabedoria.

A minha 1ª lagarta foi esta gorducha, há alguns dias, que se alimentava freneticamente, para passar à fase de pupa ou crisálida, nascendo desta metamorfose a bela Borboleta-Zebra (nome comum).

Fiquei muito contente por a ter encontrado, claro, pois é difícil ver as lagartas numa cidade num ramo acessível à vista. Tive sorte.

Deixo-vos um pequeno vídeo sobre o nascimento e desenvolvimento das borboletas.

Talvez vos desperte a curiosidade por saber mais.


https://www.youtube.com/watch?v=b8BrZcyT2fQ 









quarta-feira, 4 de novembro de 2020

 



As nuvens têm feito a sua aparição em poucos dias deste Outono.

Ontem, no entanto, apresentavam-se em contrastes branco/negro, com formas curiosas.

E de facto choveu mesmo, refrescando os nossos pensamentos, sonhos e  natureza.

Mais um belo poema de Fernando Pessoa.


Como nuvens pelo céu

Passam os sonhos por mim.
Nenhum dos sonhos é meu
Embora eu os sonhe assim.
São coisas no alto que são
Enquanto a vista as conhece,
Depois são sombras que vão
Pelo campo que arrefece.
Símbolos? Sonhos? Quem torna
Meu coração ao que foi?
Que dor de mim me transtorna?
Que coisa inútil me dói?

.
Fernando Pessoa
In Poesias Inéditas (1930-1935)




sábado, 31 de outubro de 2020

«Tocata» de Mário Cesariny




Mário Cesariny de Vasconcelos (Lisboa9 de Agosto de 1923 — Lisboa26 de Novembro de 2006) foi poeta e pintor, considerado o principal representante do surrealismo português.



https://www.facebook.com/watch/?v=2522007271153090


"Tocata" de Mário Cesariny, por Maria João Luís

"Tocata", de Mário Cesariny, lido por Maria João Luis, na última edição de Em Voz Alta, os nossos Poetas, pelos Artistas Unidos, iniciativa conjunta entre a Fundação Dom Luís I e a companhia de teatro Artistas Unidos.




quando tu tocas Debussy
chove extraordinariamente
o sol as casas levemente doira
mas na saleta está-se bem
fazes sempre assim!

por mim
sinto um duende benigno que sorri
não bem de ti!
nada de Debussy!
mas do igual da hora
de sempre chover
de estar sempre frio lá fora
quando tu tocas Debussy

Manual de Prestidigitação (1981), Assírio & Alvim 



quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Novo vocabulário essencial da Língua Portuguesa

 

Desde Março deste ano, portanto há quase 8 meses, que os nossos ouvidos começaram a ser bombardeados com palavras que nem conhecíamos nem sabíamos o seu significado: coronavírus (era um vírus certamente), pandemia (era uma doença espalhada pelo mundo todo), começou numa província da China de que nunca tínhamos ouvido falar, uns diziam que era com álcool que devíamos lavar as mãos, outros com vinagre, enfim, a confusão estava instalada e as informações eram poucas e de pouco valor científico. Matava, era o que interessava. E temos feito tudo para escapar desse maldito vírus, mesmo andar de máscara na rua, o que se tornou obrigatório desde ontem.

Mesmo assim, os infetados estão a aumentar em ritmo assustador, os mortos também, em todos os países da Europa, onde se decretaram novas medidas e confinamento parcial. Em Portugal também.

Aqui vai uma lista das palavras mais ouvidas e lidas, que decidi fazer

por curiosidade, nestes últimos meses:


Novo vocabulário essencial da Língua Portuguesa:

pandemia
coronavírus
covid 19
números de casos
estatísticas
recolher obrigatório
surto
confinamento
desconfinamento
infeções
infectados
hospitais
ministra da saúde
direção geral de saúde
máscaras
centros de saúde
vítimas
mortos
recuperados
médicos
profissionais de saúde
exaustos
recorde (mal usado neste contexto)
medo
cuidados intensivos
camas
2ª vaga

Etc,etc

Podem continuar, pois devem faltar ainda algumas, e outras iremos passar a ouvir a partir de agora, infelizmente.


domingo, 25 de outubro de 2020

Outono, castanhas e folhas

 


As paisagens de Outono são particularmente bonitas, com as árvores a ficarem amarelas, depois vermelhas e depois sem folhas nenhumas, podendo nós pisá-las ou apanhá-las para as observar melhor.



Essas folhas secas vão proporcionar novos habitats para vários pequenos seres. Só precisamos de ter cuidado para não escorregar nelas, eu já o fiz e fiquei com os joelhos magoados.

A partir de hoje, com a mudança da hora (só nos faltava mais esta) os dias ficam mais curtos e as noites mais longas, dá-se início a uma série de processos bioquímicos nas folhas que culminam com a mudança gradual das cores.

E comem-se castanhas assadas!! Ou cozidas, mas, por mim, prefiro as assadas. Nos assadores dos vendedores na rua, já agora.