segunda-feira, 12 de novembro de 2012

«Ah, a música» de Ruy Belo



Para ti, querida Susana, um belo poema de Ruy Belo, de que  tanto gostas. E eu também.
Para os dias de chuva! 
Para todos!


Ah, a música


Quem terá deixado esquecida 
Esta música ouvida num canto da rua?
Ninguém de quem passa nela repara
No entanto - é ela - faltava no dia de chuva
No meu dia de chuva?
Meu seria decerto este dia
Pois por mais precário que eu seja
Nenhuma chuva fora podia
Cair se acaso em mim não caísse
Cai chuva e há música em meu coração 
Era mera ilusão o dia de chuva

                                               Ruy Belo (1933-1978)
                                               Todos os poemas 
 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Colóquio Alves Redol e as Ciências Sociais - a literatura e o real, os processos e os agentes

  De 7 a 10 de Novembro, vai realizar-se um Colóquio sobre a vasta obra  de Alves Redol, um dos escritores portugueses mais lidos à sua época, apesar de muitas vezes desvalorizado por se integrar na corrente neo-realista, por alguns dos seus contemporâneos. 

Terá grande interesse com certeza para todos os que admiram a sua obra e para o dar a conhecer a novos leitores.

Terá lugar no Auditório 1 da Universidade Nova de Lisboa e no Museu do Neo-Realismo. 

 http://www.fcsh.unl.pt/eventos/documentos/ColoquioAlvesRedolPrograma.pdf







domingo, 4 de novembro de 2012

«Trafaria» de Isabel del Toro Gomes


 Trafaria


Adeus Tejo
Adeus Lisboa
Adeus Cristo-Rei 
Abençoando as margens
 

Com o fim da viagem
Vem a alegria
Do regresso
A casa.  



quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Monumento aos mortos da 1ª Guerra Mundial






No dia de Todos-os-Santos (última vez feriado), véspera de dia de finados, é justo relembrar os valorosos soldados portugueses que morreram na Grande Guerra de 1914-11918.


Porque a memória dos tempos e dos homens vai-se apagando, embora o monumento situado na Avenida da Liberdade a procure avivar. Muitos serão os que passam por lá na sua luta diária, e que nem sequer nela já reparam.
Mas a História vai-se repetindo,  de formas diferentes e é bom relembrar que a Alemanha declarou guerra a Portugal e ao mundo em tempos não muito longínquos.

 
Não se trata certamente da mesma Alemanha que agora nos impõe a Troika, os seus mandos e desmandos. Muita coisa mudou entretanto, o certo é que vivemos tempos de retrocesso, de tentativas de apagar o passado e de regresso a situações de caos económico, político e social, as mesmas que deram origem às duas grandes guerras mundiais.
É bom não esquecer, voltar a olhar para o passado e para as lições que ele nos dá!
     

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

José Régio

José Régio (pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira) nasceu em Vila do Conde em 1901 e viria a falecer na sua terra natal em 1969, embora tenha vivido 34 anos em Portalegre, pois aí foi colocado como professor em 1928, no liceu Mouzinho da Silveira.



















Foi viver para uma pensão e, por necessidade de espaço, foi ocupando todos os quartos, tornando-se o único hóspede. É nesse local que se encontra hoje a Casa-Museu José Régio. Em 1965 vende a sua coleção de antiguidades e de arte sacra (de que se destacam os seus  Cristos) à Câmara Municipal de Portalegre, com a condição desta adquirir a casa e transformá-la em Museu, o que só veio a acontecer em 1971.


 José Régio foi um homem de todas as artes, versátil, revelando o seu talento  em quase todos os géneros literários e artísticos: poesia, teatro, romance, ensaio, crónica, jornalismo, desenhador, pintor, etc.
Foi talvez como poeta que ficou mais conhecido do grande público. É na poesia que vai desenvolver  o seu grande tema: o confronto consigo próprio e a procura da sua identidade, chegando mesmo a ser atacado de umbiguismo (de um verso célebre das Encruzilhadas).


 Poeta sou! cumpro o meu Fado, estranho
Como o dum santo ou um louco:
Só posso dar de mais ou muito pouco,
Que é tudo quanto tenho.


                              José Régio, in Filho da Homem


Deu-nos de mais, de certeza!
Merece continuar a ser lido e lembrado.
E revisitado no seu Museu em Portalegre.  










sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Manuel António Pina (1943-2012)

























Manuel António Pina já não está entre nós, infelizmente.
Ausentou-se deste mundo por este se ter tornado demasiado mesquinho e estreito para ele, que manteve sempre a verticalidade dos homens bons. 
Porque nunca se deixou envaidecer com os prémios que foi recebendo, com o Prémio Camões, em 2011, dizendo: «Já que não posso mudar o mundo, que o mundo não me mude a mim»
Alguém disse que ele soube conservar a ingenuidade e a pureza de criança dentro dele, embora acompanhada da sapiência do adulto.





Foi como autor de literatura para crianças que o conheci melhor e o dei a conhecer aos meninos e meninas que fui encontrando pelo caminho. Isso foi bom mas é muito pouco. Muito mais há a conhecer deste escritor/jornalista de crónicas magníficas, deste poeta que gostava dos gatos. 

Deste escritor que em criança queria ser detetive, santo ou salazar (ele pensava que era uma profissão e, se calhar, tinha razâo).
Mais um poeta que morreu e nos deixou mais sozinhos.


Num PAÍS DAS PESSOAS DE PERNAS PARA O AR.



quinta-feira, 18 de outubro de 2012

São João de Deus


 Um dia destes ouvi falar, por acaso, num programa de História na televisão, do rapaz nascido em Montemor-o-Novo, em 1495, muito pobre, chamado João Cidade. Partiu para Espanha com apenas 8 anos de idade, para ser pastor. Por lá cresceu e tornou-se num homem «com maus hábitos», que passava a vida bêbado, sem eira nem beira. Até que um dia ouviu a voz de Deus, que o levou para o caminho da virtude. Dedicou então o resto da sua vida a tratar dos pobres e dos doentes, fundando um hospital em Granada, em 1539. Aí faleceu em 1550.
 Mais tarde foi santificado, passando a ser chamado  São João de Deus.


No dia a seguir ao programa, encontrei, também por acaso, a estátua de São João de Deus, num pequeno jardim perto da estação de comboios de Areeiro-Alvalade. É ele que dá o nome à freguesia São João de Deus.
Acaso ou coincidência? Ou fui eu ter com ele ou ele ter comigo, como ele é santo é mais provável a segunda hipótese.
Aqui ficam as imagens. Como se vê, a placa aguarda restauração, talvez alguém possa fazer mais um milagre e repor as letras que faltam!