Na minha tentativa de dar a conhecer poetas, uns mais outros menos conhecidos, hoje é a vez duma mulher, Irene Lisboa, que assinou várias vezes sob pseudónimos de nomes masculinos, o que é muito revelador do receio de se ser mulher num meio maioritariamente masculino. Não nos esqueçamos que a rainha D. Maria I proibiu (de novo) as mulheres de pisarem os palcos.
Irene Lisboa nasceu em 1892 e faleceu em 1958. Foi professora primária, especializou-se em questões pedagógicas, escreveu poesia, contos e muitas outras obras, colaborou em jornais e revistas, enfim é autora duma vasta obra bastante considerada.
Escolhi um pequeno poema dela, de grande ironia e muito actual. Hoje como noutros tempos, Portugal no seu melhor:
Este mundo é um curro.
E nem um curro será.
É um beco sujo,
um velho quintal.
As vizinhas malcriadas despicam-se, espreitam-se.
Lá estão elas de mãos na ilharga:
Tira, toma, é mentira, é falso...
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