sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

«O grupo do Leão» de Columbano Bordalo Pinheiro


Grupo do Leão, 1885

Leão, no presente contexto, não se refere ao rei dos animais, nem a nenhum clube desportivo, que disso não entendo nada. Tem a ver com uma tertúlia de artistas portugueses que se reuniam na Cervejaria Leão de Ouro em Lisboa, entre 1881 e 1889.
A Cervejaria em causa situava-se na então Rua do Príncipe, actual Rua 1º de Dezembro, sendo o quadro pintado para a decoração da mesma.
Em 1885, este grupo foi pintado por Columbano, celebrizando-o e tornando-o assim conhecido para a posterioridade.
Nele se encontram Silva Porto, José Malhoa, os irmãos Rafael Bordalo Pinheiro e Columbano Bordalo Pinheiro, entre outros.

Pode ser admirado presentemente no Museu do Chiado, em Lisboa (entrada 4 euros, excepto no 1º domingo de cada mês).

Quero acrescentar que não só considero o bilhete muito caro para os portugueses em geral, em enorme crise económica, como também me deixa triste o facto de se ter  reduzido a entrada livre para apenas o 1º domingo de cada mês. Em tempos anteriores,  todos os domingos eram dias de arte.





segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Fonte Luminosa da Alameda

                             


A Fonte Luminosa

No verão passado, fui até à Alameda Dom Afonso Henriques (em Lisboa), de propósito para  (re)visitar a Fonte Luminosa.
A Monumental Fonte da Alameda.
Ela lá estava, vertendo enormes cataratas de água, mas agora, depois da requalificação, sem luzes.
Só água branca, pura e limpa.
Mesmo assim, maravilhosa e refrescante, só de olhar.



O ambiente por ali à volta, no relvado, na esplanada do quiosque ou no parque infantil, era de fraternidade entre raças e idades. Todos passeavam e brincavam animadamente, em alegre harmonia com a paisagem.
Até as pessoas de mais idade andavam na rua ao cair da tarde, não tendo medo de ser assaltados nem mostrando qualquer constrangimento.
Enfim, um bom retrato da nossa bela cidade, de fazer inveja a qualquer habitante doutro bairro lisboeta.

Esta era a Fonte Luminosa da minha infância, uma das 7 Maravilhas do meu pequeno mundo. À falta das belas fontes de Itália, por exemplo, inacessíveis, passava por aqui alguns tempos de lazer da minha juventude.
Agora já não é luminosa, mas continua a ser monumental e bela.
Que se oferece deslumbrante, a qualquer um que passe ou a procure, rico ou pobre, desde os finais dos anos 40.
Um verdadeiro refresco para o corpo e para a alma.
Agora já não é luminosa, mas continua a ser monumental e bela.



Alguns dados históricos:

A fonte foi construída para celebrar o abastecimento regular de água à zona oriental da cidade. Apesar de concebida originalmente em 1938, foi inaugurada apenas em 30 de Maio de 1948.
O projecto é dos irmãos Carlos Rebello de Andrade e Guilherme Rebello de Andrade e enquadra-se no estilo conservador, frequentemente apelidado Português Suave, dominante na década de 1940; as esculturas são da autoria de Maximiano Alves (Cariátides) e de Diogo de Macedo (Tejo e Tágides); os baixos-relevos (painéis laterais) de Jorge Barradas.


sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

«Há mais mundos» de José Régio


José Régio (1899/1969)

José Régio (pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira) foi um poeta, novelista e dramaturgo português que nasceu em Vila do Conde, em 1899. Formou-se em Filologia Românica em Coimbra e foi colocado primeiramente no Liceu Alexandre Herculano, no Porto; depois em Portalegre, no Liceu Mouzinho de Albuquerque.
Colaborou na revista literária coimbrã Presença, na Seara Nova, no Mundo Literário e Primeiro de Janeiro.
O seu primeiro trabalho literário, reunido em volume, e assinado ainda pelo seu verdadeiro nome, foi a sua tese de licenciatura, que tinha por título «As Correntes e as Individualidades da Moderna Poesia Portuguesa» (1925). No mesmo ano saiu o seu primeiro livro de versos, Poemas de Deus e do Diabo, de que saiu uma segunda edição (1933), ambas esgotadas. Foi nesta obra que José Régio se revelou um dos grandes poetas da sua época.
Seguiram-se muitos outros livros de poesia, entre eles Biografia, As Encruzilhadas de Deus, Fado, Mas Deus É Grande.
No romance e na novela revelou-se também o seu mérito, dedicando-se ainda ao teatro : a sua peça Brunilde ou a Virgem Mãe foi representada no Teatro Nacional D. Maria II (1947). Mais tarde, publicou a peça histórica El-Rei Dom Sebastião (1948).


A multidão é volúvel. Os homens gostam de experimentar, de variar, de trair; breve se enfastiam das admirações da véspera, ou aborrecem os ídolos que ainda há pouco incensaram.
                                  
Os três vingadores Ou nova história de Roberto do Diabo, cap.VI in Há mais Mundos, ed. Círculo de Leitores