segunda-feira, 9 de abril de 2018

«O Menino da Sua Mãe» de Fernando Pessoa




Em memória de todos os bravos soldados que morreram em França, na Batalha de La LYs, que se deu no dia 9 de Abril de 1918, durante a I Guerra Mundial, aqui fica este poema de Fernando Pessoa.





O MENINO DA SUA MÃE


No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas traspassado
— Duas, de lado a lado —,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lha a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
«Que volte cedo, e bem!»
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.
O cemitério militar português de Richebourg, no norte de França, com 1.831 campas de soldados lusos da I Guerra Mundial.

sexta-feira, 30 de março de 2018

«Que é ser inteligente» de Albert Jacquard



Albert Jacquard foi um cientista e ensaísta francês, que publicou vários livros sobre genética.
Foi membro do Comité consultivo Nacional de Ética.


Que é ser inteligente de Albert Jacquard é um pequeno livro de 88 páginas, da Editora Terramar, que todos deviam ler e reler.
Os governantes de Portugal e do mundo inteiro deviam relembrar os ensinamentos deste cientista em 1989.



Transcrevo estas linhas:

Mas afinal o que é a inteligência?
É como se, quando tu nasceste, te tivessem dado uma grande folha de desenho e tintas de todas as cores. Desde então, a cada momento, tu agarras no pincel para traçar umas formas. É assim que, pouco a pouco, vais fazendo surgir no papel uma paisagem e uma casa. Depois resolves acrescentar cores. Dia após dia o teu desenho vai-se enriquecendo e ficando mais bonito, Como a tua inteligência. Sempre que pões o cérebro a trabalhar, que levantas questões e que observas o que te rodeia, tornas-te mais inteligente. Ao utilizares o teu cérebro torna-lo capaz de mais proezas. É ao contrário de uma pilha, que vai ficando gasta à medida que é utilizada.
O cérebro, pelo contrário, gasta-se quando não nos servimos dele.
É maravilhoso, não achas?







sexta-feira, 2 de março de 2018

«Gritar contra a guerra» de Isabel del Toro Gomes



Porque razão os homens se matam uns aos outros, até à destruição total dum país, só parando quando já nada resta?
Quem poderá parar a guerra na Síria, onde se matam diariamente centenas de pessoas, há pelo menos 7 anos?
Nem a ONU, nem a Unicef, nem ninguém tem conseguido que se cumpra o cessar-fogo. 
E o horror continua a ser imposto às crianças e a toda a população daquela região. 
Um flagelo, um país destruído, uma mágoa para todos nós, que gritamos e lutamos como podemos para que haja paz no mundo. 


Gritar contra a guerra

Por todo a terra

Morrem crianças

Que não poderão vir a ser

Homens nem mulheres com esperança

Que nunca poderão

Viver o dia de amanhã.



Que terão sempre tristeza 
Dentro do seu coração
A terra que lhes foi roubada
A casa que foi destruída
Os pais os avós os tios
Mortos, desaparecidos.

Pobres crianças do mundo
Belas borboletas de asas cortadas
Papoilas rubras já desbotadas
Sem futuro, sem amor
Sem memória, sem nada.


Pobres crianças do mundoPétalas que caem da flor mais bela
Dum jardim ferido e abandonado. 

                                                               Isabel del Toro Gomes







quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Museu da Vida Romântica em Paris



Este museu, que só alguns privilegiados devem conhecer, está situado na casa do pintor Ary Sheffer, construída em 1830. É uma bonita casa branca com janelas verdes.

Situada em Pigalle, no Bairro de La Nouvelle Athènes, o museu reconstitui um harmonioso ambiente histórico que evoca o período romântico. 


O andar de baixo é dedicado à escritora George Sand: retratos, móveis e jóias dos séculos XVIII e XIX.
No primeiro piso, encontram-se os quadros do pintor Ary Scheffer e de outros seus contemporâneos.

O Museu apresenta duas exposições temporais por ano, assim como concertos, leituras e animações para crianças.


Existe no jardim um agradável salão de chá aberto de março a outubro, onde se pode conversar com os amigos, saborear um chá e desfrutar dum recanto natural maravilhoso.


São, pois, muitas as razões para ir/voltar a Paris, a cidade das luzes e dos enamorados.
Assim o regresso à Paz no Mundo nos permita.





terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

«Se num dia de sol» de Isabel del Toro Gomes


Se num dia de sol…

Se num dia de sol
Me perguntassem
O que desejaria ser
E eu pudesse escolher
Então eu diria que apenas queria
Ser uma simples lagarta
Para me transformar
Numa bela borboleta amarela
E pelos ares esvoaçar.



Se num dia de sol
Me perguntassem
Porque gosto tanto dos rios e do mar
Diria que é porque a água
Jamais se cansa de correr e de saltitar
De pedra em pedra
Repousando um pouco ali
Numa translúcida e doce lagoa
Logo se precipitando de novo acolá
De rocha em rocha
Nas ondas do imenso oceano.



Se num dia de sol
Me perguntassem
Como gostaria de morrer
Diria que como uma folha
Que de verde e luzidia
Aos poucos se transforma
Em amarela vermelha e por fim castanha
E um dia voa lá das alturas
Rodopiando como um pássaro louco
Subindo descendo ao sabor do vento
E logo ali ficar repousando
No útero da terra-mãe.

Se um dia me perguntassem...


















 


sábado, 13 de janeiro de 2018



Sob os céus de Lisboa

Sob os céus de Lisboa
Vislumbra-se 
O imenso casario
Dos bairros antigos
Com os seus telhados vermelhos
E janelas que noutros tempos
Resplandeciam ao sol
Espreguiçando-se ao longo do rio 
Aos pés do castelo.



Sob os céus de Lisboa
Espraia-se o Tejo
Correndo lento ou apressado 
Por debaixo das pontes
Até ao mar sem fim
Com os seus cais
Que trazem e levam
Gentes sonhos e canseiras 
para a outra margem.



Sob os céus de Lisboa
Sobem e descem as escadarias
As ruas inclinadas das sete colinas
Nas paredes velhas fazem-se murais
Nas igrejas brilham os vitrais
E nos becos travessas e ruas
O sol brilha de outra maneira.









segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

«POema do Menino Jesus» de Alberto Caeiro






presépio em frente da Igreja de Moscavide, Dezembro de 2017

Poema do Menino Jesus


Num meio-dia de fim de primavera
Eu tive um sonho, como uma fotografia.
Eu vi Jesus Cristo descer à terra.
Ele veio pela encosta de um monte,
tornado outra vez menino,
a correr e a rolar-se pela erva
e a arrancar flores para as deitar fora
e rir de modo a ouvir-se de longe.

Ele tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
de segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
com flores e árvores e pedras.
No céu, Ele tinha que estar sempre sério
e de vez em quando de se tornar outra vez homem
e subir para a cruz.
Estar sempre a morrer
com uma coroa toda à roda de espinhos
e os pés espetados por um prego com cabeça,
e até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe como as outras crianças.

O seu pai era duas pessoas,
um velho chamado José, que era carpinteiro.
Não era pai dele;
o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo.
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala em que
ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
e nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!





Um dia que Deus estava a dormir
e o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
e deixou-o pregado na cruz que há no céu
e serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.

Hoje Ele vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso natural. 
Ele limpa o nariz no braço direito,
Ele chapinha as poças de água,
Ele colhe as flores e gosta delas e esquece-as. 
Atira pedras aos burros,
rouba fruta dos pomares
e foge a chorar e a gritar dos cães.
E porque sabe que elas não gostam
e que toda a gente acha graça,
Ele corre atrás das raparigas
que vão em ranchos pelas estradas
com aquelas bilhas nàs cabeças
e levanta-lhes as saias.

A mim [...] ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
quando a gente as tem na mão
e olha devagar para elas.




Depois cansado, o menino Jesus adormece nos meus braços.
Levo-o ao colo para dentro de casa
Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

Damo-nos tão bem um com o outro
na companhia de tudo,
que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos, os dois com um acordo íntimo
como a mão direita e a esquerda.
Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens.
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ele ri dos reis e dos que não são reis,
e tem pena de ouvir falar das guerras,
dos comércios, da violência e dos navios
que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que a tudo isso falta àquela verdade
que uma flor tem ao florescer
e que anda com a luz do sol
a variar os montes, vales,
fazem doer aos olhos os muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
e como seguindo um ritual muito limpo
e todo materno até ele estar nu.




Ele adormece dentro da minha alma
e às vezes acorda de noite
e brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
põe uns em cima dos outros
e bate as palmas sozinho
sorrindo para o meu sono.
     
Quando eu morrer, filhinho,
seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
e leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
e deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
que tu sabes qual é.

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba,
não há de ser ela mais verdadeira
que tudo quanto que os filósofos pensam
e tudo quanto as religiões ensinam!


                                                      Alberto Caeiro (heterónimo de Fernando Pessoa)
                                                      VOZ: António Abujamra




sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Os murais de Odeith

Murais de Odeith à saída do metro da Amadora (ou Falagueira?)

Arte urbana.
Quatro murais que vale a pena ver com atenção, in loco.
Basta ir de metro até à Amadora (ou Falagueira?).
Vai ser a minha próxima viagem de metro, de certeza!




Zeca Afonso


Amália Rodrigues


Fernando Pessoa 


Carlos Paredes

terça-feira, 28 de novembro de 2017

«Lampo, chien voyageur» de Elvio Barlettani


Lampo, chien voyageur

Tinha este livro em casa desde 1963, mas nunca o tinha lido. Coisas do acaso.
Acho que nem o conhecia, o que era uma pena. Até chorei quando  o li. 
Vale a pena ir até uma biblioteca qualquer, para o requisitar e ler em casa. Principalmente para os que gostam de animais.

Lampo é a história verdadeira de um cão-viajante que se torna no cão mais célebre de Itália.


Um livro fantástico, uma história maravilhosa sobre amizade entre pessoas e animais, em que Lampo ( o cãozinho que gosta de viajar de comboio) vai ter por acaso a uma estação de comboio e se transforma no maior amigo do chefe da estação, funcionários, passageiros, etc. A vida dele foi atribulada, mas no final até teve direito a uma estátua.



domingo, 26 de novembro de 2017



Só para desejar a todos os amigos um bom domingo, o último de Novembro 2017, fui «rebuscar» um poema meu bem antigo, escrito em 1995, imaginem! Até a minha memória está a precisar de relembrar estas palavras e versos escritos por mim há já tanto tempo (há 22 anos, Deus o tempo passa!).

No passeio de domingo


Toda a minha gente

Anda no seu passeio de domingo

Uns para baixo, outros para cima

Uns para cá, outros para lá

Uns de carro, outros a pé

Mas todos desejam e imaginam

Um belo passeio de domingo.

Uns falam e riem alto

Outros calam-se

E escondem o sorriso

Mas todos pensam

"Que belo passeio de domingo!"

Toda a semana a trabalhar

A fugir da dor e do cansaço

Sem tempo para nada

A correr, a correr

Sem tempo para pensar.

Mas no domingo

Lá iremos passear.

                                                               24 Set./95


quarta-feira, 27 de setembro de 2017

«O Vendedor de Passados» de José Eduardo Agualusa



O Vendedor de Passados


O Vendedor de Passados é um romance de José Eduardo Agualusa.
Este livro conta a história de um vendedor de ilusões. O personagem principal é Felix Ventura, um albino que tem a curiosa profissão de preparar e vender árvores genealógicas.

Apresenta-se-nos deste modo um enredo cheio de curiosidades mirabolantes, que têm o condão mágico de prender constantemente o leitor. 
Os clientes de Félix Ventura são prósperos empresários, políticos, generais, isto é, a burguesia angolana, têm o seu futuro assegurado mas, porém, falta-lhes um bom e representativo passado.





Até que um dia lhe aparece em casa um estrangeiro que precisa de uma nova identidade, uma identidade angolana.

Este é o «sonho» de muito boa (ou má) gente, certamente, e só um escritor com muita criatividade e sabedoria consegue urdir uma história como esta, tanto pela sua originalidade (apresentando uma osga - esse pobre bicho de que tanta gente tem nojo - como narrador), como pela sua perícia em fazer reflectir sobre a realidade humana angolana (e universal). 

O Vendedor de Passados
de José Eduardo Agualusa é a partir de agora  recomendado para o Ensino Secundário como sugestão de leitura pelo Plano Nacional de Leitura.

Um ótimo livro que os alunos do Ensino Secundário irão ler com agrado certamente, devido à sua escrita satírica e divertida.



Lembro-me de um quintal estreito, de um poço, de uma tartaruga dormindo na lama.
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A minha mãe estava sempre ao meu lado, uma mulher frágil e feroz, ensinando-me a recear o mundo e os seus perigos inumeráveis.
«A realidade é dolorosa e imperfeita», dizia-me, «é essa a sua natureza e por isso a distinguimos dos sonhos. Quando algo nos parece muito belo pensamos que só pode ser um sonho e então beliscamo-nos para termos a certeza de que não estamos a sonhar - se doer é porque não estamos a sonhar. A realidade fere, mesmo quando, por instantes, nos parece um sonho. Nos livros está tudo o que existe, muitas vezes em cores mais autênticas, e sem a dor verídica de tudo o que realmente existe. Entre a vida e os livros, meu filho, escolhe os livros.»


 Entre a vida e os livros in O Vendedor de passados de José Eduardo Agualusa


domingo, 3 de setembro de 2017

Um mundo plastificado


quadro de Mily Possoz, s/título
Um mundo plastificado

Talvez um dos maiores males da nossa civilização se deva ao uso excessivo do plástico, que não só entope os oceanos e os estômagos dos peixes, como também é tido por muitos como um  material desadequado para fabricar os brinquedos das crianças. 





Roland Barthes já o afirmava nos anos 50 no seu livro  Mythologies, capítulo Jouets. Os brinquedos construtivos e de madeira são muito mais criativos do que os de plástico. E é constrangedor o seu progressivo desaparecimento.


A matéria plástica apaga o prazer, a doçura, a humanidade do toque que possui a madeira. Fazem brinquedos que morrem depressa e deixam de ter qualquer préstimo para a criança.

A madeira, por seu turno, é uma substância familiar e poética, que põe a criança em contacto continuado com a árvore, a mesa, o chão...
Com a madeira fazem-se objectos essenciais, que duram uma vida inteira, que vivem com a criança ao longo da vida, modificando pouco a pouco a  relação do objecto e da mão.
De facto: o tradicional cavalinho de madeira de baloiçar pode durar uma vida, passar de pais para filhos, ou de uma criança para outra. 

Neste momento, sinto pena de ter dado o dos meus filhos, mas com a falta de espaço um dia lá foi para outro menino, que não tinha possibilidades de fazer cavalgadas.

Felizmente, muitos dos nossos artesãos ainda se dedicam a fazer brinquedos de madeira, que são lindíssimos e muito úteis. Vendem-se em muitas feiras e nalgumas lojas.
Assim os pais os comprem e os ofereçam aos seus filhos, para bem de todos e para que o nosso mundo não se transforme num monte de lixo de plástico.


quarta-feira, 30 de agosto de 2017

«Sesimbra» de Isabel del Toro Gomes




Sesimbra





Recordo o mar de Sesimbra

Esse mar que nos chama

E nos cativa, lá do fundo

E que é sempre da cor do céu









Esse mar em que todas as coisas

Se confundem e se misturam

Algas, rochas, lapas

Peixes, conchas, pedras








Ali, na linha do horizonte

Azul é o céu

Azul é o mar

Azul é a esperança







Ouço o teu apelo amigo

De dia suave e calmo

De noite rouco e turbulento



  

E respondo então assim

Mar grande e profundo

Estou aqui!

Deixa-me mergulhar em ti.