sexta-feira, 18 de maio de 2018

Jardim «Mário Soares» no Campo Grande


Chamam-lhe agora Jardim «Mário Soares», mas sempre foi conhecido por Jardim do Campo Grande (zona sul), juntamente com a zona norte.
Todas as crianças de Lisboa aí brincaram ou nos baloiços, ou na piscina antiga, ou nos lagos, um deles até com pequenos barcos a remos. 
Todos os pais e mães aí levaram os seus filhos a passear e a brincar.


Era e ainda continua a ser um espaço verde incontornável, de grandes dimensões e de grande beleza.
Resolveram homenagear Mário Soares, que morava perto e aí costumava passear, dando o seu nome à zona sul do Jardim, onde agora uma piscina interior «super fina» Go Fit, substituiu a velhinha piscina ao ar livre, que dava para a miudagem apanhar sol e dar pulos para a água.
A grande esplanada que havia ao pé da piscina desapareceu há muito tempo, estando para abrir um quiosque com mesas e cadeiras, o que já é bom.


Quando lá passei, neste mês de Maio, o relvado ainda não estava crescido nalguns lados, e noutros já pisado porque o deixaram sem proteção. As plantas também ainda estão pequenas.
A estátua de Mário Soares já foi vandalizada e retirada (era de material pouco sólido e o vandalismo de alguns levou a melhor).


Resta um monumento com um excerto de «Portugal Amordaçado», da sua autoria.
Se a relva crescer, as plantas ficarem grandes  e o quiosque abrir, vai ficar um bom espaço verde, digno de reavivar memórias antigas.  
Por agora, as crianças divertem-se no parque dos baloiços, onde já têm uma Aranha e muitos divertimentos.







quarta-feira, 2 de maio de 2018

«Sei um ninho» de Miguel Torga


«Sei um ninho...», dizia Miguel Torga.


E agora eu posso dizer também.
No meio da floresta de betão armado, num 12º andar, em frente à minha janela que se tornou num posto de observação, existe um pequeno buraco redondo na parede, debaixo da caixa de ar condicionado, onde se instalou um casal de melros e aí fez o seu ninho. Alimentam os filhotes todo o santo dia, num vaivém incansável. Maravilhas da natureza!




Sei um ninho



Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...



segunda-feira, 23 de abril de 2018

Comemoração dos 30 anos da Fundação do Oriente e dos 10 anos do Museu do Oriente


A Fundação do Oriente está a comemorar 30 anos e o Museu do Oriente 10. Encontrámos lá ontem uma espectacular exposição de José de Guimarães. As actividades, muitas de entrada livre, continuam.



quarta-feira, 18 de abril de 2018

«Árvores do Parque» de Isabel del Toro Gomes




Árvores do Parque



Árvores do Parque

Da minha infância

Único jardim não proibido

Árvores grandes e frondosas

Minhas eternas companheiras

Por quem eu trepava ligeira

Com jeito que até eu desconhecia

Pézinho aqui joelho ali

De ramo em ramo

Me içava para o céu

Eu tão pequena e frágil

Que sonhava mais alto

E mais e mais acima

Tu de ramos grossos e fortes

Me recebias num estreito abraço

De amor e união

Tu árvore grande do meu Parque

Tu maravilhosa natureza

Transbordando de vida e seiva

Eu criança pequena e frágil

Empoleirada na tua verde beleza.





segunda-feira, 9 de abril de 2018

«O Menino da Sua Mãe» de Fernando Pessoa




Em memória de todos os bravos soldados que morreram em França, na Batalha de La LYs, que se deu no dia 9 de Abril de 1918, durante a I Guerra Mundial, aqui fica este poema de Fernando Pessoa.





O MENINO DA SUA MÃE


No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas traspassado
— Duas, de lado a lado —,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lha a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
«Que volte cedo, e bem!»
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.
O cemitério militar português de Richebourg, no norte de França, com 1.831 campas de soldados lusos da I Guerra Mundial.

sexta-feira, 30 de março de 2018

«Que é ser inteligente» de Albert Jacquard



Albert Jacquard foi um cientista e ensaísta francês, que publicou vários livros sobre genética.
Foi membro do Comité consultivo Nacional de Ética.


Que é ser inteligente de Albert Jacquard é um pequeno livro de 88 páginas, da Editora Terramar, que todos deviam ler e reler.
Os governantes de Portugal e do mundo inteiro deviam relembrar os ensinamentos deste cientista em 1989.



Transcrevo estas linhas:

Mas afinal o que é a inteligência?
É como se, quando tu nasceste, te tivessem dado uma grande folha de desenho e tintas de todas as cores. Desde então, a cada momento, tu agarras no pincel para traçar umas formas. É assim que, pouco a pouco, vais fazendo surgir no papel uma paisagem e uma casa. Depois resolves acrescentar cores. Dia após dia o teu desenho vai-se enriquecendo e ficando mais bonito, Como a tua inteligência. Sempre que pões o cérebro a trabalhar, que levantas questões e que observas o que te rodeia, tornas-te mais inteligente. Ao utilizares o teu cérebro torna-lo capaz de mais proezas. É ao contrário de uma pilha, que vai ficando gasta à medida que é utilizada.
O cérebro, pelo contrário, gasta-se quando não nos servimos dele.
É maravilhoso, não achas?







sexta-feira, 2 de março de 2018

«Gritar contra a guerra» de Isabel del Toro Gomes



Porque razão os homens se matam uns aos outros, até à destruição total dum país, só parando quando já nada resta?
Quem poderá parar a guerra na Síria, onde se matam diariamente centenas de pessoas, há pelo menos 7 anos?
Nem a ONU, nem a Unicef, nem ninguém tem conseguido que se cumpra o cessar-fogo. 
E o horror continua a ser imposto às crianças e a toda a população daquela região. 
Um flagelo, um país destruído, uma mágoa para todos nós, que gritamos e lutamos como podemos para que haja paz no mundo. 


Gritar contra a guerra

Por todo a terra

Morrem crianças

Que não poderão vir a ser

Homens nem mulheres com esperança

Que nunca poderão

Viver o dia de amanhã.



Que terão sempre tristeza 
Dentro do seu coração
A terra que lhes foi roubada
A casa que foi destruída
Os pais os avós os tios
Mortos, desaparecidos.

Pobres crianças do mundo
Belas borboletas de asas cortadas
Papoilas rubras já desbotadas
Sem futuro, sem amor
Sem memória, sem nada.


Pobres crianças do mundoPétalas que caem da flor mais bela
Dum jardim ferido e abandonado. 

                                                               Isabel del Toro Gomes