sexta-feira, 20 de setembro de 2013

«Inscrição Estival» de David Mourão-Ferreira

Estátua no Parque dos Poetas, Oeiras



David de Jesus Mourão-Ferreira (1927/ 1996) 



 Ó grande plenitude!

                                              E a tudo,

a tudo alheio,
                                     saboreio.


Absorto
                sorvo
este cacho de curvas
                                       tão maduras...


Este cacho de curvas que é o teu corpo!

                                      

                     David Mourão-Ferreira, Canto II, in 
                     Os Quatro Cantos do Tempo (1953-58) 


E com um poema cheio de curvas, de verão e de um corpo pleno de beleza, deste grande poeta nunca esquecido, esperemos, nos despedimos do verão que vai acabando. 






domingo, 15 de setembro de 2013

«Luz Universal» de Isabel del Toro Gomes


 
 
 
Luz universal

 O dia começou

A brilhar

A criança dentro de mim

Abriu a custo os olhos  

A vida sorriu-lhe

E disse:

Vai, caminha em frente

Vai por esse mundo

É preciso continuar a lutar

Mais e mais ainda

Está sol

E eu sei que ele brilha

Para ti

E para toda a gente.

                                         
                                                          Isabel del Toro Gomes

 



domingo, 8 de setembro de 2013

Cecília Meireles



Cecília Meireles (Rio de Janeiro 1901/1964)
 A arte de amar é exactamente
a de ser poeta.
                                                                  Cecília Meireles

Os sáris de seda reluzem
como curvos pavões altivos.
Nas narinas fulgem diamantes
em suaves perfis aquilinos.

Há longas tranças muito negras
e luar e lótus entre os cílios.
Há pimenta, erva-doce e cravo,
crepitando em cada sorriso.

Os dedos bordam movimentos
delicados e pensativos,
como os cisnes em cima da água
e, entre as flores, os passarinhos.
E quando alguém fala é tão doce
como o claro cantar dos rios,
numa sombra de cinamomo,
açafrão, sândalo e colírio.

(Mas quase não se fala nada,
porque falar não é preciso.) 

Tudo está coberto de aroma.
Em cada gesto existe um rito.
 (...)


                                  Cecília Meireles (poema escrito na Índia)

Poema de palavras mágicas que evocam a Índia ancestral, as cores vivas dos sáris que contrastam com as tranças negras, os sons, os gestos, os aromas, os rituais...
Quem me dera ir à Índia, e ser capaz de escrever um poema com tanta sabedoria e beleza como este.


 
 

 



sábado, 31 de agosto de 2013

Da Estrela à gelataria Nannarella, passando pelo Palácio de S.. Bento

Para comer o melhor gelado de Lisboa (é mesmo o melhor, passo a publicidade) fui do Jardim da Estrela a S. Bento.
As imagens que registei falam por si e do estado da Nação.

Basílica da Estrela
 
 
À porta do Jardim da Estrela, um engraxador  resiste à crise
Prédio na Calçada da Estrela
 
Lisboa Amor
Lisboa Amor com tabuleta e sardinhas

Eléctrico subindo a Calçada
Só resta o letreiro
Assembleia da República em obras

Bem podiam fazer umas obras também nas cabeças dos senhores deputados !




Degraus vandalizados da grande escadaria! Foi uma trabalheira!!


 

Mercado de S. Bento



Nannarella
Gelati alla romana
Rua Nova da Piedade, 68
(mesmo em frente ao Mercado de S.Bento, esquina om a Rua de S. Bento

Finalmente a geladaria tão desejada, sempre com gente à porta
Por 2 euros, come-se um copo com vários sabores e natas!! Uma delícia!
Só quem sabe é que lá vai! Aproveitem!
(Devia ter direito a um pela publicidade!)

 







quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Um jardim cheio de mares

 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
Fiz hoje mais uma visita ao Jardim da Estrela (já estava com saudades) onde os «meus» patos estão sempre a nascer e a crescer.
 
 
 

 
Depois de lhes dar uns pitéus, olho em redor e há sempre qualquer coisa nova que me surpreende e emociona.
Hoje, com o calor e a luz de mais um agosto que termina, foi a vez de olhar de forma diferente, com alma, para as estátuas daqueles grandes deuses, talvez Neptunos, que habitam estes mares. Como são belos, robustos e ousados!
 
 
 


 
 
 

terça-feira, 27 de agosto de 2013


 
 
A teia

 
Homens e  aranhas

Tecem minuciosamente

Suas teias translúcidas

Finamente entrelaçadas

Onde hão-de cair

As pobres vítimas enredadas

 



Pelos atalhos da vida

Passamos a correr
Tão distraída e velozmente

Que nem chegamos a perceber

Em que teias caímos.

 

Enganar ou ser enganado

Comer ou ser comido

Será então o destino natural

De todos os seres afinal ?

 
                                                                                         Isabel del Toro Gomes

Fotografias dos trabalhos de Luis Nobre(exposição nos jardins da Gulbenkian)

domingo, 25 de agosto de 2013

Ericeira em tempos de mudança


Da bela praia do Matadouro sobra pouca coisa, com a subida do nível do mar, o desaparecimento da areia e de toda a fauna e flora marítima que aí se encontravam e que faziam as delícias de grandes e pequenos: pequenos búzios correndo na areia durante a maré baixa nas lagoas, lapas, caranguejos, caracóis do mar, pequenos e  grandes peixes que ficavam nas poças entre as rochas, mexilhões...


Agora tudo mudou. Só os surfistas e velejadores parecem ainda aproveitar desta praia, mesmo com a maré cheia.















E uns tantos banhistas que ainda resistem, saltando de rocha em rocha.


Além das gaivotas, claro.




 









Quem são os responsáveis pelo desaparecimento de tantas espécies marítimas? 
Quem fez desaparecer este pequeno paraíso?