Nos tempos de Santa Cruz, onde, depois do pequeno almoço íamos sempre ver o mar, tomar o café com leitura e andar.
Nos tempos de Santa Cruz, onde, depois do pequeno almoço íamos sempre ver o mar, tomar o café com leitura e andar.
Queria
para sempre ficar
Sentado
em frente ao mar
Esquecer
tudo, ficar a olhar
Não
estou farto da vida
Só
não sei como viver
Como
esquecer tanto mal
Que
me fazem a mim e ao mundo
Tudo
nesta vida é, no fundo,
Temporal,
frio e ventania.
Não,
não queria morrer
Só
não sei como viver
Falta-me
amor, calor e harmonia...
Queria
para sempre ficar
Mergulhando
o azul nos meus olhos
Escondido
atrás da vidraça
Só
a ouvir o vento soprar
Só
a ver a chuva a cair
E
tudo não passava de fantasia...
E
eu sentado, aqui, em frente ao mar....
Maria Isabel 1/4/96
Poema para Susana
Menina
doce de algodão
Carinha
de lua cheia
Tua
doçura procura incansável
Abrigo
em nosso coração.
Menina,
vives em tanta alegria
Que
tudo te entristece neste mundo
Menina
força e teimosia
Com
tanto amor bem lá no fundo!
Menina
zangada de vez em quando
Menina
o corpo todo em fúria
Ninguém
pode ver tuas lágrimas
E
de novo já a vida vai brotando.
Menina,
quando longe de nós
Que
saudades do riso, da fantasia...
Mas
todos os dias chega a tua voz
Sempre
o teu sol nos alumia.
Maria Isabel 26/7/96
Azul e verde
Gostava
de poder deixar
Os
meus olhos aqui
Quando
partisse para outro lado
Ficavam
assim como estou agora
A
olhar os campos, o céu e o mar
Espantados
de tanto ver
Ofuscados
de tanto ser
Ficariam
aqui fixos no céu alto
Perdidos
no mar que brilha
De
tons verdes em ritmo de azul...
E
para onde quer que eu fosse
Caminharia
às cegas pelas ruas
E
só veria as coisas belas
Em
fundo azul e verde.
Maria Isabel
15/6/96
Toda
a gente podia
Ouvir
os pássaros a cantar
Nos
campos ou até nas cidades...
Mas
só alguns os ouvem.
Toda
a gente podia
Observar
a forma das nuvens
Admirar
uma flor
Seguir as borboletas a voar
Refrescar-se
à sombra duma árvore
Correr
na areia da praia
Sentir
o sol, passear à chuva...
Todos
nós podíamos versejar
Sobre
as coisas simples da vida
Transformar as tristezas num poema
E as alegrias em sonetos
Ou serei eu apenas a sonhar?
Maria Isabel, Maio 1996
Relembrar a infância, sonhar com a magia dos contos
Com a simplicidade da vida ainda despreocupada
Polegarzinha , minúscula menina
Flautista, com a tua flauta mágica
Povoem de novo a minha fantasia
E ponham-me mais uma vez a sonhar
Com as terras da minha infância
Com os tempos do meu parque
Onde os pássaros eram pássaros
Os cisnes nadavam nos lagos
Partida
Mal o dia começou
E já te vejo partir
No meio do frio e do vento
Nesta manhã sem sol
Vejo-te correr apressado
E eu aqui fico sem ti
A cama ainda quente
As horas passam
Queria fazer tanta coisa
E não consigo...
Depois vejo-te regressar
Na imensidão da noite
Cansado e sorridente
Cheio de amor para me dar
Ouço a chave na porta
Eu aqui à tua espera
Temos tanta coisa para contar
E o amor à flor da pele
E o coração a bater
Vejo-te a regressar
O jantar a fumegar
E tu a dizeres
"Pensei em ti"
Eu também não me esqueci
Amanhã estaremos juntos
E se fôssemos jantar?
Maria Isabel
7 de Janeiro 1975