sábado, 29 de fevereiro de 2020

Boninas, margaridas, mal-me-queres...



Júlio Dinis chamava-lhes boninas. É um bonito nome. 
Estão a começar a encher os campos de branco.
E nos anos 60/70, quem não teve um vestido, blusa ou calças com margaridas, mal-me-queres/bem-me-queres?




A flor margarida significa inocência, juventude, sensibilidade, pureza, paz, bondade e afecto.







A mais pequena flor branca e amarela dará a paz ao mundo, se os homens quiserem!

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020






Crepúsculo no Douro

Cada dia tem um fim
Um pôr-do-sol no horizonte
Depois...o recomeço.

Dizemos «Até amanhã»
Sem saber se haverá um amanhã
Ou se será o esquecimento.

Despede-se o dia, esvai-se a luz
Num céu rubro, em chamas
Até o violeta se esfumar lentamente.

Isabel del Toro Gomes


domingo, 16 de fevereiro de 2020

Cecília Meireles



Quem me compra um jardim com flores?
borboletas de muitas cores,
lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis nos ninhos?
Cecília Meireles



O poema é de Cecília Meireles, as fotos foram tiradas por mim na bela ilha de Porto Santo.





quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Uma praia só para mim



Quem não deseja uma praia só para si? 
Sonhar é isso mesmo. 
Quando era um «pouco» mais nova, ia a correr para a praia de manhã e à tarde, nunca me cansava, havia praias com areal sem fim, conchas de todas cores e tamanhos, caracóis do mar, búzios pequeninos que caminhavam no fundo da maré quase vazia (na praia de Santa Cruz e Ericeira), um nunca mais acabar de bicharada.

Tempos que já lá vão, infelizmente.
A certa altura, comecei a trazer uma concha ou uma pedra de cada praia onde ia, e aí começou mais uma coleção.
Aqui ficam algumas delas e um poema que escrevi sobre o mar.





Eu queria tanto

Ter só para mim

Uma praia de areias finas e brancas

De águas límpidas e azuis

Com rochedos altos e escarpados...

A maré baixa

Deixaria nas suas grutas

Búzios, caracóis do mar

Caranguejos e peixes de mil cores

Que não fugiriam de mim

E ficaríamos para sempre

Todos juntos a brincar.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

«Paz de amor» de Odylo Costa, filho





Odylo Costa, filho (1914-1979) foi um jornalista, cronista, novelista e poeta brasileiro, membro da Academia Brasileira de Letras.


 O mundo e o nosso planeta terra precisam de muitas coisas, mas de duas mais do que as outras: Paz e amor.
Escolhi este soneto de Odylo Costa, filho, que nos deixa a esperança que, mesmo nos piores cenários, «sempre em nós renascerão searas, dos rochedos brotará nova chuva e que um novo amor vencerá  a morte e o medo»


Paz de amor


Calemos esta paz como um segredo
de amor feliz. Não seja este silêncio
ponto final em nosso terno enredo:
não nos encerre o amor, antes condense-o.

Olhemo-nos nos olhos face a face.
sem recuar surpresos como o amigo
que de repente no outro deparasse
apenas o lembrar do tempo antigo.

Não. Sempre em nós renascerão searas.
novas chuvas trarão nova colheita.
folhas novas, translúcidas e raras.

E brotará da tua mão direita
água súbita e casta do rochedo
um novo amor, que vença a morte e o medo.

Odylo Costa, filho




domingo, 26 de janeiro de 2020

Os gatos de Bordalo Pinheiro




Rafael Bordalo Pinheiro gostava muito de gatos, tendo em consideração a variedade com que os representou.
Podemos encontrá-los no Museu Rafael Bordalo Pinheiro, no Campo Grande ou nas Caldas da Rainha, onde se situa a Fábrica.

Aqui ficam alguns deles:


Como são animais que gostam de vadiar pelos bairros de Lisboa, cito também o poema que escrevi sobre a Mouraria:



Mouraria


Por aquele misterioso Beco das Flores

Bem escondido dos deuses e dos homens

Tudo é segredo, nada acontece

Para além do sol que pinta os muros brancos

Um gato preto que se espreguiça

Um pardal que esvoaça no céu sem cor

Alguém que espreita à janela sorrateiramente

Ou um velho trôpego que se dirige

À tasca da esquina, lentamente

Para expulsar os seus fantasmas, as suas dores…

É por aquele misterioso Beco

Que passo um dia e fico cativa.



Naquele secreto e minúsculo Beco das Flores

Onde no Inverno os dias são noites

E as noites dias, com fados e guitarradas

Apenas o silêncio escorre pelas paredes

Nada acontece de visível

Para além do frio e da chuva

E da passagem da moura cativa.



O sol deixa de brilhar

O gato de se espreguiçar

O pardal de esvoaçar

Ninguém na janela a acenar

Nem novo nem velho

Na tasca da esquina bebe

O sino da igreja emudece

Nada acontece de plausível…



Apenas o lento e monótono girar do universo

Que é tudo e é nada

No quieto e mudo Beco das Flores

Que me transforma em moura encantada.








quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Convento de Santos-o-Novo, em Lisboa



Em Lisboa há sempre mais coisas para descobrir, hoje foi o Convento de Santos-o-Novo, bem colocado em frente ao Tejo (hoje cinzento), para ser bem visto desde a banda de lá, e com um plano megalómano que não se chegou a realizar. 


O seu estado está bastante degradado, principalmente nos muros exteriores, com um aspecto de abandonado durante muitos anos, o que não abona em seu favor, nem da Câmara de Lisboa, a quem pertencia.
O mesmo não acontece no seu interior, onde existem vários espaços de acolhimento, entre eles uma residência para estudantes (sortudos).
Tão bonito e tão forte que nem o Terramoto o destruiu.


Agora precisa de obras urgentes (a Câmara cedeu-o à Santa Casa da Misericórdia que já começou os restauros, o custo das visitas(4 euros) está a ser usado para isso e as peças vão sendo expostas). 

Contem vários tesouros: o seu enorme claustro, os azulejos, a igreja, os ossos dos três santos de Lisboa, encontrados por acaso dentro de um caixote, muitos documentos …
Vale a pena visitá-lo.