segunda-feira, 1 de abril de 2019

«A Invenção do Amor» de Daniel Filipe





A Primavera começou há poucos dias, o sol tem brilhado intensamente e as pessoas sentem-se renovadas com esta dádiva do tempo, despindo as pesadas roupas de inverno, aproveitando a vida com a alegria das crianças quando se apanham à solta nos jardins ou nas praias.
A seca só perturba os agricultores, todos concordam que a chuva faz falta mas...ela virá em Abril, como diz o ditado popular.


Tempo de lembrar este maravilhoso poema de Daniel Filipe (Daniel Damásio Ascensão Filipe) que nasceu na ilha da Boavista, Cabo Verde, morrendo novo em 1964.

Estreou-se em livro no ano de 1949 com Missiva. A sua obra mais conhecida é porventura A invenção do Amor e Outros Poemas, publicada em 1961, após a edição de uma novela, O manuscrito na garrafa. 
Ganhou o Prémio Camilo Pessanha, pelo livro a Ilha e a solidão (escrito sob o pseudónimo de Raymundo Soares), no ano de 1956. Trabalhou na extinta Agência-Geral do Ultramar e na área jornalística. 
Grande parte da poesia de Daniel Filipe destaca-se pelo combate ideológico e pelo comprometimento social, o que lhe valeu o estigma de poeta neo-realista. 
Morreu novo, em 1964, mas deixou uma obra consistente marcada pelos sentimentos de solidão e exílio. 
Aqui podemos ouvir «A Invenção do Amor» dito pelo próprio poeta.




https://www.youtube.com/watch?v=neOuJbHaCnw

segunda-feira, 25 de março de 2019

Papoilas bravas


Papoilas bravas


A primavera renasce
Em todos os seres
Em todas as vidas
Todos os dias
Até nas papoilas gotas de sangue
Que nascem da pedra



Isabel d.T.Gomes

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

A flor branca de LU Yuan (1022-?)




A Flor Branca

No fim da longa noite
para além 
do horizonte, 
colheremos 
ao pé duma falésia
no meio dos arbustos 
a flor branca.

Da cor da aurora
raiada de sangue. 

                                        LU Yuan (1022-?)


sábado, 16 de fevereiro de 2019

Winnie The Pooh







Ontem, num dos canais tele-cine passaram um filme muito interessante (já não me lembro do nome), cujo tema era a infância e crescimento no tempo da 2ª Guerra Mundial, de um menino, Christopher Robin, filho do escritor inglês Alan Alexander Milne.
Christopher Robin tinha como brinquedo preferido um urso de pelúcia, Winnie, que o acompanhava para todo o lado, na vasta propriedade onde vivia com os pais e uma ama. 


O escritor chamou a personagem de Winnie-the-Pooh por causa de um ursinho de pelúcia que era do seu próprio filho,  que foi a base para o personagem da criança do seu livro . Os seus brinquedos também emprestaram os seus nomes para a maioria dos personagens, exceto Corujão e Coelho, assim como o personagem Buster, que foi adicionado à versão da Disney.
Os brinquedos de pelúcia de Christopher Robin estão agora expostos na Secção Principal da Biblioteca Pública de Nova Iorque.
Os direitos sobre as suas histórias pertencem à Disney, que fez vários filmes que o tornaram famoso.








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terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Sonho




Nos telejornais de hoje falou-se das crianças-soldado, que existem ao milhares por esse mundo. O processo é simples: vão-nas buscar à escola e  põem-lhes uma arma nas mãos. E elas lá vão, sem sequer saber para onde.
Aparece um desses meninos-soldado a explicar como foi recrutado.
O que lhes acontece, algum deles sobrevive a tão terrível e desnaturado destino?
Isso ninguém pode saber. É a crueldade do mundo em que vivemos, em que até para se nascer tem de se ter sorte.






Sonho

                  



Sonho…
uma criança que brinca
uma bola no ar
um papagaio a voar
um barco à vela no horizonte
uma concha na areia


Sonho…
um oceano profundo
onde nada uma sereia
até um palácio encantado
no fundo do mar.


Sonho sonho sonho…
e de tanto sonhar
o espírito ergue - se da terra
e transforma-se 
na mais bela ave - do - paraíso.

domingo, 10 de fevereiro de 2019




Venezuela
Terra bela
Terra rica
Não podemos deixar morrer
Os nossos irmãos.
Maduro tem as mãos
Sujas de sangue inocente
O mundo tem de ajudar
Toda essa gente
Que morre de fome
Que chora pela Venezuela.


                                Isabel del Toro Gomes

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019


Lisboa à noite


Gostava de ser capaz

De contar a minha vida.

Mas ao ver naquela rua

Uma pobre velha sentada

No banco frio, à noite, curvada,

Com a sua vida guardada

Dentro de uns tantos sacos

Resolvi encerrar a minha também

Nas linhas deste poema.

Digo apenas que tanto não sofri

Mas como aquela velha detestei

O mundo em que vivi

Ao percorrer as ruas, à noite,

Desta  Lisboa antiga e abandonada.

                                               18 Dez/95