quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

«Pescador da barca bela» de Almeida Garrett

 


Pescador da barca bela


Pescador da barca bela,
Onde vais pescar com ela.
Que é tão bela,
Oh pescador?

Não vês que a última estrela
No céu nublado se vela?
Colhe a vela,
Oh pescador!

Deita o lanço com cautela,
Que a sereia canta bela…
Mas cautela,
Oh pescador!

Não se enrede a rede nela,
Que perdido é remo e vela
Só de vê-la,
Oh pescador.

Pescador da barca bela,
Inda é tempo, foge dela
Foge dela
Oh pescador!

 Almeida Garrett, Folhas caídas 




terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Tempos de Praia de Santa Cruz

 






Nos tempos de Santa Cruz, onde, depois do pequeno almoço íamos sempre ver o mar, tomar o café com leitura e andar.



Foi a Idade do Ouro.
Depois veio a doença, tudo mudou, mas tentei reinventar-me e viver da maneira possível.



Bertrand Russel dizia:
Não ter algumas das coisas que queremos é uma parte indispensável da felicidade.



Queria para sempre ficar

 




Queria para sempre ficar

Sentado em frente ao mar

Esquecer tudo, ficar a olhar

Não estou farto da vida

Só não sei como viver

Como esquecer tanto mal

Que me fazem a mim e ao mundo

Tudo nesta vida é, no fundo,

Temporal, frio e ventania.

Não, não queria morrer

Só não sei como viver

Falta-me amor, calor e harmonia...

Queria para sempre ficar

Mergulhando o azul nos meus olhos

Escondido atrás da vidraça

Só a ouvir o vento soprar

Só a ver a chuva a cair

E tudo não passava de fantasia...

E eu sentado, aqui, em frente ao mar....


                   Maria Isabel 1/4/96





sábado, 4 de janeiro de 2025

Poema para Susana

 


Poema para Susana


Menina doce de algodão

Carinha de lua cheia

Tua doçura procura incansável

Abrigo em nosso coração.

 

Menina, vives em tanta alegria

Que tudo te entristece neste mundo

Menina força e teimosia

Com tanto amor bem lá no fundo!

 

Menina zangada de vez em quando

Menina o corpo todo em fúria

Ninguém pode ver tuas lágrimas

E de novo já a vida vai brotando.

 

Menina, quando longe de nós

Que saudades do riso, da fantasia...

Mas todos os dias chega a tua voz

Sempre o teu sol nos alumia.

 

                          Maria Isabel                  26/7/96

 


 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Azul e Verde

 



Azul e verde


Gostava de poder deixar

Os meus olhos aqui

Quando partisse para outro lado

Ficavam assim como estou agora

A olhar os campos, o céu e o mar

Espantados de tanto ver

Ofuscados de tanto ser

Ficariam aqui fixos no céu alto

Perdidos no mar que brilha

De tons verdes em ritmo de azul...

E para onde quer que eu fosse

Caminharia às cegas pelas ruas

E só veria as coisas belas

Em fundo azul e verde.


Maria Isabel

15/6/96                                                                     

 


quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

«Sonhos»

 


Travessia

 

Toda a gente podia

Ouvir os pássaros a cantar

Nos campos ou até nas cidades...

Mas só alguns os ouvem.

Toda a gente podia

Observar a forma das nuvens

Admirar uma flor

Seguir as borboletas a voar

Refrescar-se à sombra duma árvore

Correr na areia da praia

Sentir o sol, passear à chuva...

Todos nós podíamos versejar

Sobre as coisas simples da vida

Transformar as tristezas num poema

E as alegrias em sonetos

Ou serei eu apenas a sonhar?

                                                                     

Maria Isabel, Maio 1996

 




terça-feira, 31 de dezembro de 2024


É preciso

Relembrar a infância, sonhar com a magia dos contos

Com a simplicidade da vida ainda despreocupada



Polegarzinha , minúscula menina

Flautista, com a tua flauta mágica

Povoem de novo a minha fantasia

E ponham-me mais uma vez a sonhar

Com as terras da minha infância

Com os tempos do meu parque

Onde os pássaros eram pássaros

Os cisnes nadavam nos lagos

E  eu era apenas  uma criança